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quinta-feira, 25 de junho de 2020

Leituras no Metro - 1055

Paris: Robert Laffont, imp. 2009

Já li este livro há uns tempos e estava à espera que o filme baseado no livro estreasse para falar de Je vous promets de revenir. Não foi o primeiro livro de Dominique Missika que li. 
Começando pelo princípio. Léon Blum é um homem que admiro. Há muitos, muitos anos, li a biografia que Jean Lacouture escreveu sobre ele e tenho lido o que me aparece sobre a Frente Popular francesa. Muito do que a França (e a Europa) ainda é hoje em termos sociais foram medidas do governo da Frente Popular, como a fixação do horário de trabalho, instituição da escolaridade obrigatória até aos 14 anos, as férias pagas e direito a tempos livres, bem como foi o governo  francês com mulheres. Entretanto, há dois anos (talvez) li outro «retrato» sobre Blum, de Pierre Birnbaum.
Léon Blum, um alto funcionário do Estado, dandy, jornalista e crítico literário, foi o primeiro judeu e o primeiro socialista a ocupar o cargo de primeiro-ministro em França, o que lhe valeu ser amado e odiado quase em partes iguais. 
Opôs-se a alianças com os fascistas e nazis, e foi um dos parlamentares que votou contra a atribuição de plenos poderes ao Marechal Pétain. Recusou-se a emigrar e permaneceu em França durante a Ocupação, refugiando-se em Colomiers. Foi preso a 15 de setembro de 1940 e internado no castelo de Chazeron, e depois em Bourassol. A segunda mulher de Blum, Thérèse Pereyra (conhecida como «cidadã Blum») tinha falecido em 1938, o filho de Blum estava na guerra, a nora e a neta na Suíça.
É nesta altura que Jeanne Levylier, apaixonada por Léon Blum desde jovem, deixa o marido Henri Reichenbach, e vai acompanhá-lo na deportação, em 1943, numa casa junto ao campo de Buchenwald. Antes haviam casado para que ela o pudesse visitar e fosse um elo com o mundo exterior.. A 3 de abril de 1945, Léon e Jeanne Blum foram metidos num comboio de prisioneiros tendo ido parar a um hotel do Tirol italiano, onde a 4 de maio avistaram os primeiros soldados americanos.
René Blum, irmão de Léon, grande amigo de Marcel Proust e fundador do Ballet da Ópera de Monte-Carlo morre em Auschwitz. 
É esta a história que este livro conta, bem como a defesa que ao longo desse tempo Léon Blum prepara uma defesa brilhante contra as acusações do governo de Vichy que o acusava, a ele e outros dirigentes da Frente Popular, de terem descurado a defesa do país. 
Espero que o filme Je ne rêve que de vous ainda apareça por cá.



4 comentários:

Maria disse...

A canção tema é belíssima.
Esperemos que apareça...
Bom dia!
🌻

MR disse...

Também espero, mas pelo andar da carruagem...
Bom dia!

Rui Luís Lima disse...

O filme deve ser bem interessante e além disso gosto bastante do actor que dá vida a Léon Blum. Quanto ao político, que conheço mal, nunca percebi a posição do governo francês chefiado por ele durante a Guerra de Espanha, que impediu o auxilio aos Republicanos Espanhóis, impedindo o desembarque de armamento enviado por Moscovo para auxiliar o governo legitimo de Espanha. Um filme que iremos tentar ver!
Muito boa tarde!

MR disse...

Pois foi horrível essa parte.
Depois da I Guerra Mundial, o movimento pacifista era muito forte em França, de modo que a Frente Popular decidiu-se pela não intervenção em Espanha. Quando mais tarde Léon Blum lutou para que a França apoiasse os republicanos não conseguiu apoios e ficou sempre com esse 'peso na consciência'.
Boa tarde!