Prosimetron

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segunda-feira, 28 de agosto de 2023

O que estamos a ler? - 24

Em casa, este livro que estava no monte há mais de um ano.

Barcelona: Debate, 2019
Na capa, da esq. para a dir.: García Márquez, Jorge Edwards, Vargas Llosa, Carmen Balcells, José Donoso e Ricardo Muñoz Suay.

Ainda só li cerca de 100 p. das mais de 500 que este livro tem. Mas estou entusiasmadíssima. Boom refere-se ao enorme número de escritores latino-americanos que aterraram em Barcelona no final dos anos 1960. Por razões económicas, segundo Vargas Llosa. Eram altamente roubados pelos seus editores sul-americanos. E, em Barcelona, estavam a um passo de Paris e de Londres.
O grupo era constituído por Gabriel Garcia Márquez, Mario Vargas Llosa (dois dos escritores que mais aprecio), José Donoso, Jorge Edwards, Alfredo Bryce Echenique, Rafael Humberto Moreno-Durán, Nélida Piñon, Óscar Collazos, Mauricio Wacquez, Cristina Peri Rossi e Ricardo Cano Gaviria. E os visitantes habituais: Julio Cortázar (que vinha de furgoneta de Paris), Carlos Fuentes, Octavio Paz, Plinio Apuleyo Mendoza (que vinha de Maiorca), Jorge Luis Borges (que achava a cidade muito fria) , Pablo Neruda (que chegou incógnito por causa do regime franquista) e Álvaro Mutis. Há aqui escritores que desconheço e outros que nunca li.
Gabo já havia vivido em Barcelona de 1949 a 1951. 
Fiquei também a saber que este mentia e se contradizia nas entrevistas que dava, de modo que é melhor não dar muito crédito às suas afirmações.
Cem anos de solidão, escrito no México, vendeu em Espanha, entre 1967 e 1974 quase um milhão de exemplares.
Carmen Balcells, agente literária de GGG, foi em 1975 verificar as contas da editora Sudamericana e verificou muitas vigarices nas vendas dos livros do seu agenciado e também nas vendas dos livros de Sartre e Simone de Beauvoir, mas como estes não eram representados por ela só registou o facto. Conseguiu que a editora pagasse 15% ao seu autor sobre o PVP. 
Um dia um tipo encontrou García Márquez e disse-lhe que não sabia se ele era Vargas Llosa ou Cortázar, ao que ele lhe respondeu: «Sou os dois.» E outros equívocos destes aconteciam.
García Márquez e Vargas Llosa viviam em Sarrià, um arrabalde integrado em Barcelona em 1921. Também é neste bairro que se vão instalar, nesses anos, as editoras Lumen, Tusquets, Anagrama e Grijalbo, todas ainda hoje nossas conhecidas. 
Uma palavrinha para Seix Barral, uma editora criada nos anos 50, que floresce nas décadas seguintes com a publicação de autores latino-americanos.


6 comentários:

Maria disse...

Não conheço o livro nem muitos dos escritores que refere, mas tb estão aí outros de quem sou grande fã.
Deve ser interessante.
Bom dia/Boas leituras 📚

APS disse...

Pelas vivências e época deve ser um livro bem interessante.
Boa semana!

MR disse...

Estou a gostar muito.
Boa semana para os dois.

Mª Luisa disse...

No conocía el libro y parece muy interesante.
También hay autores que no conozco. Habrá que leerlo.
Boas leituras!

ptcorvo disse...

Encantado por no me haber equivocado que le interessaría!
Creio que esta é a versão comercial do estudo de tese de Xavier Ayén, que era ainda bem mais extenso.
Uma curiosidade: há anos, numa livraria de Lisboa que estava em liquidação, comprei um exemplar do livro de Robert Darnton, The Forbidden best-sellers of pre-revolutionary France. Qual não foi o meu espanto quando constatei que tinha o carimbo da agência literária de Carmen Belcells.
Beijinho.

MR disse...

ptcorvo: 🤣🤣🤣
The Forbidden best-sellers of pre-revolutionary France: é pena eu ler tão mal inglês.
Bj.

Boa noite para os dois.