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sexta-feira, 5 de janeiro de 2024

Leituras no Metro - 1172


«Antes de acabar os seus estudos na escola de arte em julho de 1960, Charlie fez como trabalho da escola ("como prática para trabalhar em design gráfico", explicou mais tarde) um livrinho breve, mas significativo em homenagem a Charlie Parker, intitulado Ode to a High-Flying Bird [Ode a um pássaro de altos voos], que escreveu e ilustrou ele mesmo. Ilustrou-o com muito  carinho em casa, com tinta e pincel. "As tintas misturavam-se e, como nunca limpava bem o pincel, ficaram umas cores muito estranhas", explicava, com a sua atenção característica pelo detalhe.

«Em janeiro de 1965, depois do sucesso dos Stones, a discográfica Bear publications publicou o livro em edição de bolso, por um preço de sete xelins. Charlie contava com ironia: "O tipo que publicava The Rolling Stones Monthly viu o meu livro e disse: 'Homem consigo ganhar alguns trocos com isto!'"  Dave Green, que seguira a sua própria carreira no jazz, afastada da órbita de Charlie, contou-me, a rir-se, que viu o livro no quiosque da estação de Kingsbury, mas que não o comprara "porque não podia pagá-lo."

«Ode a um pássaro de altos voos, de trinta e seis páginas e treze centímetros por dezoito, era o típico livrinho fino, mas, a julgar pela beleza e pela simplicidade da sua caligrafia e dos seus desenhos, poderia ter sido um álbum infantil, tão elegante e fresco como a música de que falava. vale a pena pararmos nele por ser o primeiro exemplo (e talvez o mais definitório) da conjugação das duas grandes paixões de Charlie: o jazz e as artes plásticas. [...]

«O livro reeditou-se [foi reeditado] em 1991, acompanhado por um bonito mini LP intitulado From One Charlie em que Watts dirigia modestamente um quinteto escolhido, com Dave no contrabaixo.»

Paul Sexton - Charlie's Good Tonight. Madrid: Harper Collins, 2023, p. 44-45.


5 comentários:

Maria disse...

Encantador!
Desconhecia esta faceta do quiet Stone...
Bom dia! 🌞⛄️

Margarida Elias disse...

Que interessante. Bom dia!

MR disse...

Fora três ou quatro canções, não sou fã dos Stones, mas gosto de Keith Richards (que escreveu umas memórias interessantíssimas) e de Charlie Watts.
Bom dia para as duas.

bea disse...

Que bonito haver assim uma pessoa que toca Jazz e faz desenhos infantis que não são bem infantis. Só por terem um blue bird eu já os comprava:).

MR disse...

Boa noite!