A rosa
A rosa,
a imarcescível rosa que não canto,
a que é peso e fragrância,
a do negro jardim na alta noite,
a de qualquer jardim e qualquer tarde,
a rosa que ressurge da mais ténue
cinza pela arte da alquimia,
a rosa de Ariosto ou a dos Persas,
a que está sempre só,
aquela que é sempre a rosa das rosas,
a jovem flor platónica,
a ardente e cega rosa que não canto,
a rosa inatingível.
Jorge Luís Borges, Fervor de Buenos Aires (1923) in Obras Completas I, 1923-1949, Lisboa: Editorial Teorema, p. 23.
1 comentário:
Lindo poema. Conheço muito mal a poesia de Jorge Luís Borges.
M.
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