Prosimetron

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domingo, 20 de maio de 2012

"Cheguei à Janela"


Claude Monet, O Retrato de Madame Monet com lenço vermelho,1868-78, daqui
CHEGUEI À JANELA

Cheguei à janela,
 Porque ouvi cantar.
 É um cego e a guitarra
 Que estão a chorar.

 Ambos fazem pena,
 São uma coisa só
 Que anda pelo mundo
 A fazer ter dó.

Eu também sou um cego
 Cantando na estrada,
 A estrada é maior
 E ninguém dá nada.

26 - 2 - 1931 


Fernando Pessoa, In Poesia 1931-1935 e não datada , Assírio & Alvim, ed. Manuela Parreira da Silva, Ana Maria Freitas, Madalena Dine, 2006,  (Casa Fernando Pessoa)

5 comentários:

Cláudia Ribeiro disse...

Cega é a gente que passa!!... Dela é que é de ter dó...
Não concorda?
Beijinhos

ana disse...

Cláudia,
Tem razão...Passar sem ver e sem dar.
Dar é uma dádiva.
Beijinho e boa noite!:)

Cláudia Ribeiro disse...

Por acaso não era bem isso a que me referia...
Depois explico-lhe.
Beijinhos

MR disse...

Não me lembro deste quadro de Monet que é muito giro.

ana disse...

:)