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quinta-feira, 8 de abril de 2021

Diário de Lisboa: 100 anos


«Há precisamente 100 anos, a 7 de abril de 1921, foi lançado o primeiro número do Diário de Lisboa.
«Jornal republicano, com a redação inicial situada no n.º 90 da Rua do Carmo, composto na Rua do Mundo (atual Rua da Misericórdia), tinha apenas oito páginas, custava 10 centavos e era dirigido por Joaquim Manso, que o liderou até à sua morte, em 1956. Num momento de crise da República, este novo jornal trazia, entre outras, a novidade de ser vespertino, saindo ao final da tarde. Era igualmente moderno no seu grafismo e pioneiro no formato tabloide. 
«O Diário de Lisboa afirmou-se rapidamente como um jornal de referência. Com o andar do tempo mudou o local da redação, aumentou o número de páginas, transformou-se, refletindo o percurso histórico do País, acompanhando as diversas dinâmicas políticas e sociais. 
«Ao longo dos 70 anos em que esteve nas bancas nacionais, publicaram textos nas suas páginas, grandes figuras da cultura nacional, como Almada Negreiros, Stuart Carvalhais, Aquilino Ribeiro, Fernando Pessoa, Jaime Cortesão, José Régio, António Sérgio, Alexandre O’Neill e tantos outros. Era, como tantos afirmam, o “jornal dos intelectuais”, das animadas tertúlias. Entre as múltiplas iniciativas do periódico, ficou célebre o suplemento semanal “A Mosca”, dirigido por Luís Sttau Monteiro.
«Passaram pela sua redação alguns dos mais notáveis jornalistas portugueses, desde Norberto Lopes, Artur Portela e Félix Correia, que integraram o projeto desde o início, até Mário Neves, Artur Santos Jorge, Joaquim Letria, Urbano Tavares Rodrigues, Raul Rêgo, Carlos Veiga Pereira, José Carlos Vasconcelos, Vítor Direito, Fernando Assis Pacheco, Silva Costa, Antónia de Sousa, Manuel Beça Múrias, Mário Zambujal, Fernando Dacosta, Diana Andringa, entre muitos outros. Foram diretores do Diário de Lisboa Norberto Lopes (1956-1967), Ruella Ramos (1967-1989; 1990) e Mário Mesquita (1989-1990). 
«Jornal marcante no panorama jornalístico nacional, com tantas características particulares, foi um resistente, fazendo a “oposição possível” ao Estado Novo, em tempos de apertada censura prévia. Não deixou, porém, de viver profundas crises internas, que o marcaram e transformaram, levando inclusivamente a mudanças expressivas no seu corpo redatorial. Após o 25 de Abril de 1974, viveu os conturbados meses da Revolução e as lutas políticas de então de forma empenhada e percorreu o caminho da institucionalização da Democracia, procurando adaptar-se e reinventar-se, mas não resistiu aos graves problemas económicos que teve de enfrentar e publicou o seu último número a 30 de novembro de 1990. Chegava ao fim um jornal que “faz parte do património nacional”, como logo nesse dia assinalou Raul Rêgo, e “um dos grandes mitos do jornalismo”, como se lhe referiu Baptista-Bastos.» (Retirado daqui.)

Para assinalar o centenário da criação do Diário de Lisboa, que foi o meu jornal durante muitos anos, a Fundação Mário Soares e Maria Barroso organiza um programa comemorativo que tem início com um colóquio no próximo dia 30 de abril. Na Fundação encontram-se todas as edições do Diário de Lisboa digitalizadas e disponíveis online, que pode consultar aqui, de um modo muito fácil.

5 comentários:

bea disse...

Bonita e merecida homenagem. Apesar de desaparecido foi um meio de divulgação importante para leitores e gente da escrita a quem reconheceu dando-lhes trabalho.

APS disse...

O Jornal de que me senti mais próximo, que mais intimamente conheci e onde colaborei, embora de forma muito breve e quase toda "juvenil"..:-)

MR disse...

Foi o meu jornal durante muitos anos. No tempo em que se compravam vários jornais diários.
Boa tarde para os dois.

PNLima disse...

Este era um dos vários que entrava lá por casa, já que o meu pai era consumidor ávido de jornais e revistas.
Com este e outros criei hábitos, como o de começar sempre pela última página, onde estavam as tiras de BD :)
Embora me incomode a tinta dos jornais nos dedos (porque sou uma niquenta), continuo a gostar de os ler fisicamente - online cansa-me
Boa tarde

MR disse...

Mas hoje os jornais já não sujam. Acho eu. Na época do DL, República, etc., é que ficávamos com as mãos enfarruscadas e a roupa também. O offset é muito mais limpo.
Pois eu tb gosto mais do papel, tanto nos jornais como nos livros.
Boa noite!