Prosimetron

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sábado, 23 de setembro de 2023

Balança

Vermeer - Mulher a segurar uma balança, ca 1662-1664
Washington, National Gallery of Art

BALANÇA

Com pesos duvidosos me sujeito 
À balança até hoje recusada. 
É tempo de saber o que mais vale: 
Se julgar, assistir, ou ser julgado 
Ponho no prato raso quanto sou, 
Matérias, outras não, que me fizeram, 
O sonho fugidiço, o desespero 
De prender violento ou descuidar 
A sombra que me vai medindo os dias; 
Ponho a vida tão pouca, o ruim corpo, 
Traições naturais e relutâncias, 
Ponho o que há de amor, a sua urgência 
O gosto de passar entre as estrelas, 
A certeza de ser que só teria 
Se viesses pesar-me, poesia. 

José Saramago
In: Os poemas possíveis

7 comentários:

Maria disse...

Muitos desconhecem que Saramago também escreveu poesia.
Gosto muito de Vermeer!

O Equinócio foi às 06,50h!
Tenha um Outono muito feliz!
🍁🍂🍁🍂

MR disse...

Acho que foi livro único.
Eu tb gosto muito dos interiores de Vermeer. E da rapariga do brinquinho...
Resto de bom setembro e feliz outubro!

Maria disse...

Há um outro de Poesia: Provavelmente Alegria, que por acaso é o que eu tenho.
Já consegui a menina do brinquinho para casar com o livro e o filme 😉
O Outono trouxe-nos o tempo de Verão.
Bom dia!

MR disse...

Obrigada pela retificação. Já fiz este post há um tempo e pensei que tinha retirado o poema do Provavelmente alegria.
Bom sábado!

Maria disse...

A rectificação (se se pode chamar assim) foi só no sentido de dizer que JS escreveu dois livros de poesia. Eu só tenho o Provavelmente Alegria e nem fui ver se este poema lá está.
Tarde feliz!🌻

Margarida Elias disse...

Gosto muito da pintura e gostei do poema. Boa tarde!

MR disse...

Obrigada na mesma, Maria.

Boa tarde para as duas.