Prosimetron

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sexta-feira, 19 de março de 2021

«Um pai», por João de Barros

 


Excelente texto do pedagogo João de Barros, apoiante do movimento da Escola Nova.

Publ. A Lucta, Lisboa, 15 ago. 1906
Rep. in A visagem do cronista, vol. 1, p. 403-405

Professores e educadores, ponham os olhos neste texto. Se ensinassem os miúdos a entender o que leem e o que lhes estão a explicar, talvez estivéssemos melhor e também a escola fosse mais atrativa. O problema é que, hoje, muita gente não entende o que lê ou que ouve (vide perguntas repetidas em conferências de imprensa) e tem poucos conhecimentos.
Eu tive um ensino de 'encornanço'. Era demais! A escola era muito autoritária e nada interessante, salvo o convívio com colegas.

6 comentários:

Margarida Elias disse...

O texto é muito interessante. Eu ando a ouvir as aulas da minha filha e fico um bocado chocada quando oiço alguns professores a dizerem que por ser ensino à distância têm de fazer aulas mais atractivas, ficando eu a supor que quando são presenciais podem fazer aulas somente expositivas. Julgo que as aulas deveriam ser feitas de maneira a interessar os alunos, sobretudo os que têm mais dificuldades, sendo que há professores muito bons nisso e outros que não têm jeito nenhum. Eu era péssima, quando dei aulas ao 2.º ciclo, durante 4 anos. Só conseguia dar aulas aos bons alunos e sentia-me envergonhada com isso (e por isso desisti de dar aulas). Dito isto, concordo com João de Barros, claro. Bom dia!

Maria disse...

No nosso tempo era terrível todo aquele empinanço, o que me valeu foi ter boa memória. Todavia, talvez por ter começado a ler livros muito cedo, sempre tive curiosidade em saber o porquê das coisas.
Lembro-me que odiei dividir orações nos Lusíadas e só consegui reconciliar-se com o Luís Vaz já bem adulta.
Este texto é fantástico, considerando a data em que foi escrito. E, como todos os grandes textos, mantém-se perfeitamente actual.

Bom dia!
(muito vento hoje)
🌻

MR disse...

Margarida,
Acho que eu não era nada dotada para dar aulas e jurei que nunca me poria a mim nem aos alunos na situação por que tinha passado no liceu. Professores a despejarem matéria...
Acho a situação que descreve extraordinária...

Maria,
Em Português até tive uma prof. que expunha bem, mas a relação com as alunas (éramos ó meninas...) era desastrosa. Nem desgostei de ler Os Lusíadas. Até acho que era útil a divisão de orações no princípio do livro para entendermos a construção, agora esse massacrasse de que éramos vítimas - nós e o livro - ao longo do livro todo (exceto o canto IX) levou muita gente a não abrir mais Os Lusíadas.

Há uns quantos textos que qualquer professor que vai dar aulas devia ler e este e um deles. Mas tb é preciso ter preparação (ferramentas, como hoje se diz) para por em prática o que João de Barros aqui preconiza.

Bom dia para as duas.


ana disse...

MR,
O texto é muito interessante.
Estou a aprender latim, por isso, nada posso dizer neste momento.
Quanto à Escola é um desafio permanente (o que é ótimo) mas a entrega culmina em alguma desilusão.
Não há uma política ajustada.
Bom dia!:))

Isabel disse...

Li o texto com atenção e defendo e tento aplicar o meio-termo (no 1ºciclo). Tem que haver alguma exposição de matéria, tem que haver compreensão por parte dos alunos e também não faz mal nenhum treinar a memória decorando alguma coisa, sem o medo de ser castigado se não se conseguir decorar.

Pela minha parte passava já a pasta a outro. Ser professor não é fácil.

Bom fim-de-semana:))

MR disse...

Ana,
Latim, não. 😥😥😥 Só o necessário para entendermos a nossa língua.
Mas eu gostava bastante de Grego.
A Escola deve ser mesmo um desafio permanente, para todos.

Isabel,
Acho que faz bem treinar a memória, mas com utilidades que nos fiquem para a vida. Aquilo era um massacre. E eu até tinha uma memória muito boa.

Boa noite para as duas.