E hoje é mesmo fora, do outro lado do mundo, na National Gallery of Australia, em Camberra, onde se realiza esta exposição inédita de 130 preciosidades de Versalhes ( tapeçarias, esculturas, mobiliário e pequenos objectos ) que pela primeira vez saem de França : da harpa de Maria Antonieta à estátua da deusa Latona , de 130 toneladas , de uma fontes dos jardins .
«[...] eu já levava 20 anos como repórter, sobretudo de guerra, e começava a duvidar da minha profissão. Esse momento simbólico [em que deixei o jornalismo pela escrita de romances], pode-se dizer, aconteceu em Sarajevo. Passei três anos nos Balcãs... E vislumbrei o jornalismo que vinha aí, o mundo que vinha aí, os espectadores que vinham aí...
«E ainda nem havia internet...
«Pois não... Mas não gostei do que vi. De Madrid pediam-me para entrar em direto de Sarajevo e eu dizia "mas assim mão posso ir para a frente, fazer reportagem, quando vou trabalhar?" Respondiam "não te preocupes com isso, tens que fazer cinco diretos para os noticiários, pode ser do hotel". No outro dia diziam-me: "Hoje não é preciso mandares nada porque é dia de futebol" e eu respondia "mas houve dez mortos num mercado!". Comecei a desprezar o meu trabalho, os meus espectadores... os meus chefes. E aí pensei "tenho que deixar isto". Já não acreditava no que fazia. Mortos e mais mortos para nada, não ia mudar nada... Não queria morrer também eu por algo em que já não acreditava. Escrevi o Território Comanche, uma espécie de livro de despedida, e abandonei o jornalismo. Se tivesse continuado, hoje seria um velho repórter bêbado, em bordéis de Hong Kong ou do México, cínico, descrente, a contar a minha vida a repórteres mais jovens... Conheci muitos velhos jornalistas desses. Não queria ser mais um como eles. A literatura salvou-me.»
Arturo Pérez-Reverte, numa entrevista à Visão, 16 set. 2016
Este volume da coleção Ephemera - dedicado à LUAR - é, quanto a mim, o que tem o texto mais consistente e que retrata melhor o movimento (neste caso) ou partido político (noutros), bem como as diferenças da LUAR em relação a partidos políticos ou a outros movimentos de ação direta, como as BR e a ARA.
O autor, Fernando Pereira Marques, foi um operacional da LUAR. Na introdução, exemplar, ele aborda a imparcialidade do historiador, informando-nos que se ateve apenas às fontes e que deixará as suas opiniões para umas eventuais memórias que venha a publicar.
Organizada por Michel Al-Maqdissi , antigo director-adjunto no Museu Arqueológico de Damasco e refugiado em França desde 2012 , esta exposição patente no Grand Palais mostra os sítios e monumentos ameaçados e/ou destruídos pelo Estado Islâmico : Khorsabad, Palmira, a mesquita dos Omíadas em Damasco, o Krak dos Cavaleiros, etc , graças à projecção de imagens em 360º e a reconstruções digitais , contando ainda com peças provenientes das galerias do Louvre .
Sites éternels - De Bamiyan á Palmyre, voyage au coeur des sites du patrimoine universal, Grand Palais, até 9 de Janeiro, entrada gratuita . grandpalais.fr
Agradeço o meu presente virtual e retribuo com este que penso irá gostar : " en plus de trois cents chefs-d'oeuvre, allant de l'Antiquité à nos jours, l' évolution de l'image de la table et des mets, le passage du repas sacré aux plaisirs profanes " Boas Festas !
L' Art et la Table , Patrick Rambourg , Citadelles&Mazenod, 384p.
Tinha esperança que recuperasse do ataque cardíaco de há dias, mas assim não foi e Carrie Fisher ( 1956-2016 ) deixou-nos aos 60 anos . Recordada para sempre como a Princesa Leia da Guerra das Estrelas , mas foi muito mais do que isso, tanto no cinema como na escrita . R.I.P.
«Lembro-me de estar na Eritreia, em 1977, com uns 25 anos, numa das piores campanhas que fiz, e à noite, com uma vela lia Plutarco. Isso acalmava-me, apesar do medo, da disenteria, de estar mal... Eu fui em direção ao mundo porque tinha lido. Queria ver com os meus olhos se havia uma Milady, um D'Artagnan, um Settembrini...»
Arturo Pérez-Reverte, numa entrevista à Visão, 14 set. 2016
«[...] o que me mantém lúcido e vivo é continuar a ser um leitor. Há um perigo enorme para os escritores: aquele momento em que deixam de ser leitores para passarem a ser só escritores, em que já só leem em função do que escrevem, à procura de si próprios. Isso fecha-lhes o mundo. É necessário ter uma curiosidade saudável de leitor que continua a descobrir mundos... Ler livros novos, e reler livros com o olhar diferente que a vida nos deu, alimenta, enriquece, mantém-nos vivos e criativos. Há muitos escritores consagrados que só leem o que se refere à sua própria obra... Há autores que a partir de um certo momento já nos deram tudo - Balzac, Stendhal, Fitzgerald, Mann, Hemingway, que li com verdadeira paixão mas a certa altura esgotaram o que tinham para me dar... Mas há autores que podes continuar a ler e te dão sempre coisas novas. Acontece-me cada vez com menos, mas um deles, seguramente é Conrad. Leio-o continuamente e dá-me ainda, vontade de ser escritor. Motiva-me.»
Arturo Pérez-Reverte, numa entrevista à Visão, 14 set. 2016
Li com imenso gosto estas memórias de Suze Rotolo dos anos 60 em Greenwich Village e da sua vivência com Bob Dylan. Não sabia nada de Suze Rotolo para além de que tinha namorado Bob Dylan e ser a pessoa que se encontra na capa do LP The Freewheelin' Bob Dylan.
Filha de comunistas americanos, dá conta neste livro de como viveu o pós-macartismo e as marcas que a caça às bruxas deixou na roda de amigos de seus pais.
O namoro com Bob Dylan acabou porque ela não queria ser vista como a nana do cantor ou transformar-se na sua madame, como eram então conhecidas as namoradas ou mulheres dos cantores e poetas. Toda a poesia (ou letras de canções, como queiram) de Bob Dylan é profundamente autobiográfica ou baseada em pequenos factos ou notícias de que ele tinha conhecimento.
Presente (por enquanto) virtual: o catálogo da exposição de que o Luís já aqui falou e que está na Opéra Garnier (Paris) e no Nouveau musée national Monaco. Nijinsky, Diaghilev e os Ballets Russos vão ficar contentes por ter esta nova companhia na estante.
Paris: Albin Michel, 2016
A obra de Léon Bakst revolucionou a sua época, no teatro, dança e moda. Foi o principal colaborador de Diaghilev para os Ballets russos, quando se apresentaram em Paris, Londres e Monte Carlo. Este livro pretende dar um retrato exaustivo do artista que soube formar Chagall e que foi amigo de Picasso, Matisse ou Modigliani. As suas criações, concebidas em diálogo com Debussy, Ravel, e também Nijinsky, foram muito elogiadas.
O catálogo contém uma iconografia riquíssima, muita da qual proveniente de coleções particulares.