Marcador, com dourados que não se veem na digitalização, feito a partir de uma ilustração de Mucha. Com um agradecimento à Margarida e votos de boas saídas e melhores entradas no Novo Ano. para todos.
Prosimetron
quinta-feira, 31 de dezembro de 2020
Passagem do ano
O último dia do ano
não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.
Beijarás bocas, rasgarás papéis,
farás viagens e tantas celebrações
de aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia e coral,
que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
os irreparáveis uivos
do lobo, na solidão.
O último dia do tempo
não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
uma mulher e seu pé,
um corpo e sua memória,
um olho e seu brilho,
uma voz e seu eco,
e quem sabe até se Deus...
Recebe com simplicidade este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu, teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa já expirou, outras espreitam a morte,
mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo,
e de copo na mão
esperas amanhecer.
O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
o recurso da bola colorida,
o recurso de Kant e da poesia,
todos eles... e nenhum resolve.
Surge a manhã de um novo ano.
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.
Carlos Drummond de Andrade
não é o último dia do tempo.
Outros dias virão
e novas coxas e ventres te comunicarão o calor da vida.
Beijarás bocas, rasgarás papéis,
farás viagens e tantas celebrações
de aniversário, formatura, promoção, glória, doce morte com sinfonia e coral,
que o tempo ficará repleto e não ouvirás o clamor,
os irreparáveis uivos
do lobo, na solidão.
O último dia do tempo
não é o último dia de tudo.
Fica sempre uma franja de vida
onde se sentam dois homens.
Um homem e seu contrário,
uma mulher e seu pé,
um corpo e sua memória,
um olho e seu brilho,
uma voz e seu eco,
e quem sabe até se Deus...
Recebe com simplicidade este presente do acaso.
Mereceste viver mais um ano.
Desejarias viver sempre e esgotar a borra dos séculos.
Teu pai morreu, teu avô também.
Em ti mesmo muita coisa já expirou, outras espreitam a morte,
mas estás vivo. Ainda uma vez estás vivo,
e de copo na mão
esperas amanhecer.
O recurso de se embriagar.
O recurso da dança e do grito,
o recurso da bola colorida,
o recurso de Kant e da poesia,
todos eles... e nenhum resolve.
Surge a manhã de um novo ano.
As coisas estão limpas, ordenadas.
O corpo gasto renova-se em espuma.
Todos os sentidos alerta funcionam.
A boca está comendo vida.
A boca está entupida de vida.
A vida escorre da boca,
lambuza as mãos, a calçada.
A vida é gorda, oleosa, mortal, sub-reptícia.
Carlos Drummond de Andrade
A última do ano
O que não impede de desejar a todos um Ano Novo a correr o melhor possível !
Centenário de Amália - 12
Finalmente reeditada a biografia de Vítor Pavão dos Santos! Li-a quando foi publicada pela Contexto e já a reli. Agora comprei-a para oferecer.
quarta-feira, 30 de dezembro de 2020
Leituras na pandemia - 42
S.l.: Prime Books, 2020
Comecei a ler o livro por um prefácio que pensei que era da autora e já estava com vontade de ir trocar o livro.
Ora leiam: «Durante centenas de milhões de anos o nosso planeta Terra rodou à volta do Sol abrigando variadíssimas espécies animais [...] ».Já não roda, João Paulo Oliveira e Costa? É este professor da Nova que assina este prefácio que felizmente só tem três páginas porque só tem asneiras. Alguém havia de me explicar porque é que uma pessoa apresenta um livro sobre uma matéria de que não percebe nada - 'gralha' da rotação da Terra à parte.
Se fizerem uma 2.ª edição do livro talvez seja melhor por o verbo rodar no presente porque em relação aos disparates o melhor mesmo seria retirar o prefácio.
Um dia destes voltarei a este livro, prefácio à parte.
Bergamo: 19 de março
Esta imagem de uma situação que nunca pensei ver. é a imagem que escolho de 2020. E os meus caros amigos prosimetronistas e visitantes do blogue querem também escolher uma?
terça-feira, 29 de dezembro de 2020
Marcadores de livros - 1793
Destas três receitas hei de fazer o crumble de pêssego para o ano, no tempo dos pêssegos.
O primeiro e o segundo marcadores são dos seguintes livros. O terceiro já não me lembro.
Aubrey Beardsley no Musée d'Orsay
Aubrey Beardsley faleceu com 25 anos, em plena difusão da sua obra, o que fez dele um ator incortornável da Londres dos anos de 1890.
É a primeira vez que uma exposição desta dimensão é mostrada fora de Londres. E está encerrada devido ao Covid, não estando prevista uma data para a sua reabertura. Gostava de ver esta exposição.
Viagem dos Magos
Paris, BnF, Manuscritos, latin 8846, Psalterium Cantuariense [Psautier de Canterbury], 18 (pormenor).
O imaginário do presépio nem sempre foi igual ao de hoje. Nesta imagem do século XIII os magos já estavam reduzidos a três, mas ainda não viajavam em camelos (ou dromedários) e eram menos "globais", dado todos serem caucasianos.
segunda-feira, 28 de dezembro de 2020
domingo, 27 de dezembro de 2020
Ateliers dos Coruchéus
Na pequena sala de exposições da Biblioteca dos Coruchéus está patente uma mostra alusiva aos 50 anos do complexo dos ateliers e galeria dos Coruchéus.
Fernando Peres Guimarães foi o arquiteto do complexo dos Coruchéus.
Ateliers dos Coruchéus,. Maqueta, 1971
Atelier de escultura. Maqueta, 2020
Já aqui tinha postado os marcadores alusivos a esta efeméride.
sábado, 26 de dezembro de 2020
Alguns livros de outros natais
No outro dia falei deste livro de Jorge Semprún que recebi no Natal. Ei-lo:
Esta lembrança, recordou-me alguns outros livros recebidos noutros natais, todos oferecidos pela mesma pessoa:
Paris: Albin Michel, 1967
1972
Lisboa: Livros do Brasil, 1975
Lisboa: Bertrand, 1982
De Malraux já tinha lido A condição humana e de Semprún A longa viagem. Por acaso eram amigos.
Com a leitura de Jean-Christophe e de A paixão de Maria do Céu fiquei fã de Romain Rolland e de Carlos Malheiro Dias, embora não os coloque no mesmo patamar como escritores.
A biografia de Lenine teve a ver com o meu gosto por biografias, paixão que o ofertante partilhava, ou me passou.
Quis o acaso que nos últimos tempos tivesse falado ou tivesse consultado estes livros.
Boas leituras!
Donuts da Coffee Library
Um donuts só com uma cobertura de chocolate preto e um enfeite alusivo à quadra.
Este tinha um recheio com gengibre. Diz quem comeu que era bom.
Quem quiser experimentar estes ou outros é aqui.
sexta-feira, 25 de dezembro de 2020
O que deixou o Pai Natal na árvore para os nossos visitantes?
Para APS, a correspondência entre Camus e Char:
Paris: Folio, 2017
Para a Bea, dois sabonetes Castelbel:
Para a Cláudia, uns chocolates:
Para HMJ, um lenço:
Para a Isabel, um ornamento para sua árvore:
Para a Justa, um lote com 30 marcadores, com mapas:
Para a Luisa, uns marcadores em madeira feitos à mão:
Para a Margarida, um livro com aguarelas de Sargent:
Boston: Museum of Fine Arts. 2013
Para a Maria, um copo do Boss:
Para a Maria Franco, uma biografia de Manuel Teixeira Gomes:
Lisboa: IN-CM, 2016
Para Miss Tolstoi, um calendário, com pinturas de Gustave Caillebotte:
Tushita Verlag, 2020
Para Mister Vertigo, na esperança de que não tenha este Sollers (apesar de ser só virtual):
Paris: Folio, 2020
Para a Paula, contos policiais de Natal:
O que deixou o Pai Natal na árvore para os prosimetronistas?
Para o Luís, um candeeiro inspirado numa das ilustrações de Le Fuji bleu, de Katsushika Hokusai:
Para a Ana, este alfinete Árvore da vida, inspirado numa pintura que se encontra na pedra tumular de Khnum-Hotep III:
Para o Filipe, um bolo Valrhona Chocolate Truffle para o lanche:
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