Prosimetron

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quinta-feira, 30 de julho de 2009

70 anos do “Annus Mirabilis” de Hollywood


No meio cinéfilo (e porventura cinematográfico), 1939 é conhecido não como o ano que marcou o início da Segunda Guerra Mundial, mas como o “Annus Mirabilis” do cinema: os filmes desse ano ficaram na história e granjearam um prestígio para a indústria que não se repetiu até hoje.

Em Nova Iorque, a Academia (Academy of Motion Picture Arts and Sciences) tem em exibição “Hollywood’s Greatest Year: The Best Picture Nominees of 1939”. Nesse ano, como aliás vai voltar a acontecer em 2010, houve 10 nomeados para o Óscar de Melhor Filme.

O objectivo é recordar alguns desses grandes filmes, uns nomeados para prémios outros não, umas duas dúzias, como se de ovos se tratasse:
1. “E Tudo o Vento Levou”, de David O. Selznick (se houve filme de produtor e não de realizador, foi este), baseado no romance épico de Margaret Mitchell;
2. “Mulheres” / “The Women”, de George Cukor, o realizador de mulheres – por definição e excelência neste filme;
3. “O Feiticeiro de Oz”, a primeira extravagância Technicolor da MGM, com Judy Garland;
4. “Cavalgada Heróica” / “Stagecoach”, de John Ford, com John Wayne;
5. “Vitória Negra” / “Dark Victory”, com Bette Davis num dos seus maiores sucessos de bilheteira;
6. “Ninotchka” – “Garbo laughs!
7. “O Patinho Feio”, de Walt Disney, Óscar de Melhor Filme de Animação;
8. “O Monte dos Vendavais” / “Wuthering Heights”, de William Wyler (outra obra de produtor, desta feita Samuel Goldwyn);
9. “O Bailado da Saudade” / “The Story of Vernon and Irene Castle”, a última aparição de Fred Astaire e Ginger Rogers em “glorious black & white”;
10. “Peço a Palavra” / “Mr. Smith Goes to Washington”, com Jimmy Stewart sob a batuta de Frank Capra;
11. “A Pousada da Jamaica”, de Alfred Hitchcock, baseado no romance de Daphne du Maurier;
12. “Intermezzo”, o primeiro filme de Ingrid Bergman na América;
13. “Gunga Din”, com Cary Grant;
14. “Adeus Mr. Chips” / “Goodbye Mr. Chips”, com Robert Donat (que venceu o Óscar de Melhor Actor);
15. “Paixão Mais Forte” / “Golden Boy”, que introduziu William Holden, ao lado de Barbara Stanwyck;
16. “Vida Nova” / “Dodge City”, o western com Errol Flynn e Olivia de Havilland;
17. “A Cidade Turbulenta” / “Destry Rides Again”, com Marlene Dietrich e James Stewart;
18. “Beau Geste”, Gary Cooper
19. “De Braço Dado” / “Babes in Arms”, de Busby Berkeley e com Mickey Rooney e Judy Garland;
20. “A Ama Velha” / “The Old Maid”, com as rivais Bette Davis e Miriam Hopkins;
21. “Paraíso Infernal” / “Only Angels Have Wings”, de Howard Hawks;
22. “Heróis Esquecidos” / “The Roaring Twenties”, com James Cagney e Humphrey Bogart;
23. “Sons of Liberty”, um short com Claude Rains e Gale Sondergaard, que venceria o Óscar para Melhor Curta-Metragem (duas bobines);
24. “União de Aço” / “Union Pacific”, de Cecil B. De Mille.

Excessivo? Para quem pensou “bem, esta lista deve incluir todos os filmes feitos em Hollywood neste ano”, ficam a faltar vários filmes de grande êxito neste ano: “Jesse James”, com Tyrone Power e Henry Fonda, novamente Fonda em “A Grande Esperança”, de John Ford, fazendo de Abraham Lincoln, “The Rains Came”, com Charles Laughton e Myrna Loy, “Juarez”, com Paul Muni e Bette Davis, “Isabel de Inglaterra”/“The Private Lives of Elizabeth and Essex”, novamente Davis, desta vez com Errol Flynn, “Tarzan Finds a Son”, com Johnny Weissmuller, “Another Thin Man”, nova deliciosa comédia de Nick & Nora, com William Powell e Myrna Loy, “Old Glory”, da Warner, dois dos nomeados para Melhor Filme (“Of Mice and Men” e “Love Affair”)… enfim, “a dream factory” esteve em plena utilização!

Além disso, esta lista restringe-se apenas a Hollywood ; se incluísse os filmes do resto do mundo, haveria que acrescentar os filmes de “O Santo” com George Sanders, “A História dos Crisântemos Tardios”, de Mizoguchi, “A Regra do Jogo”, de Jean Renoir, “O Espia Negro”, de Michael Powell com Conrad Veidt, …

2 comentários:

Anónimo disse...

Como sempre fantástica a sua súmula cinéfila de época.
A.R.

LUIS BARATA disse...

Foi um ano como nenhum outro, até à década de 70, onde tenho ideia que também houve um ano de "boa colheita", mas ainda assim nada como esta abundância de 1939.