Prosimetron

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quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Arte de Amar, Ovídio


(…) Cantava eu estas coisas e apareceu-me, de repente, Apolo,
a dedilhar com o polegar as cordas da sua lira doirada;
nas mãos trazia o louro, a cabeleira sagrada cingida
de louro, assim se aproximou, para ser olhado como profeta;
e disse-me: “mestre dos prazeres do amor,
vamos!, guia os teus discípulos para os meus templos,
onde está uma inscrição que a fama celebrizou pelas várias partes
do mundo e que cada um ordena a si mesmo se conheça.
Quem a si mesmo se conhecer, só esse há-de amar com sabedoria
E saberá tirar o máximo rendimento das suas capacidades.
(…)

Públio Ovídio Nasão nasceu em Sulmona, no ano de 43 a.C. Estudou em Roma Retórica e Gramática para seguir uma carreira na administração pública. Viajou até à Grécia para aperfeiçoar os seus conhecimentos. Foi expulso de Roma por Augusto, em 8 d.C. As causas da condenação permanecem, ainda hoje, obscuras, pensa-se que foi por fazer um constante apelo à dissolução dos costumes que resultaria da Arte de Amar.

OVÍDIO, Públio Nasão – Arte de Amar, Lisboa: Edições Cotovia, p. 69-70.
(Tradução de Carlos Ascenso André)

1 comentário:

Anónimo disse...

Dissolução dos costumes com a "arte de amar"?! Entre orgias e bacanais, bons velhos tempos, só mesmo o Ovídeo para estragar o sexo metendo no meio da confusão um conceito como o amor... foi bem feito ser corrido!