Prosimetron

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segunda-feira, 7 de dezembro de 2020

7 de Dezembro de 1970

Há precisamente 50 anos, Willy Brandt, chanceler da República Federal da Alemanha, visitava a Polónia por ocasião da assinatura do Tratado de Varsóvia. O documento determinava a inviolabilidade da linha geográfica dos rios Oder e Neisse como “fronteira ocidental da República Popular da Polónia”. A Alemanha Ocidental e a Polónia renunciavam a exigências territoriais antigas – um passo decisivo na normalização de um relacionamento entre ambos os estados, marcado pela agressão alemã durante a Segunda Guerra Mundial em território polaco.

Todavia, este acordo, já em si de importância histórica, viria a tornar-se emblemático por um acontecimento inesperado: diante do monumento em honra às vítimas do Ghetto de Varsóvia, Willy Brandt ajoelhou-se espontaneamente durante alguns segundos. A atitude comovente foi captada numa imagem que entrou na História.

Mais tarde, Brandt declarou ao semanário Der Spiegel: “Em nome do nosso povo, quis expiar um crime que atingiu milhões, cometido em nome alemão que, por sua vez, foi abusivamente utilizado para este fim. Há que actuar assim, se quisermos começar de novo e excluir uma repetição dos horrores do passado.”

Nem todos os alemães estavam de acordo: 48 % dos alemães, inquiridos numa sondagem, consideravam este gesto exagerado.
A comunidade internacional viria a reconhecer a atitude de Willy Brandt um ano mais tarde, através da atribuição do prémio Nobel da Paz.
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6 comentários:

bea disse...

Um homem extraordinário, isso é que ele foi.

LUIS BARATA disse...

Excelente evocação, ainda mais quando por cá algumas declarações de José Rodrigues dos Santos provocaram sururu ..
O que é de salientar também são os 48 % - quase metade dos alemáes inquiridos ...

Filipe Vieira Nicolau disse...

Nem sabia dessas declarações...ainda bem

MR disse...

Willy Brandt é uma inspiração.
Mas os polacos parece que não aprenderam nada. Muitos dos povos ocupados vieram para a rua saudar entusiasticamente os ocupantes, enquanto apedrejavam os judeus.~
Bom dia!

MR disse...

Logo vou ver se vejo a entrevista de JRS.

MR disse...

Estive a ver a entrevista do JRS e acho que as pessoas deviam vê-la/ouvi-la antes de falarem:
https://www.rtp.pt/play/p6646/e507120/grande-entrevista?fbclid=IwAR1ytANgSDYh0vvkc0Pi6x6sOwU2Pp9_WuTnL6JpKH7QYerL04O6zr3rcHY
JRS refere-se ao que Hannah Arendt chamou «a banalização do mal».
Boa tarde!