Prosimetron

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sábado, 29 de novembro de 2008

A Voz de Lisboa

Porque esta noite dá um concerto no Pavilhão Atlântico lotado (11.200 pessoas), comemorativo dos seus 45 anos de carreira e porque é a voz de Lisboa, sendo uma das mais bonitas vozes do Fado que ouvi, esta homenagem com "Lisboa Menina e Moça", que é também uma homenagem à cidade onde nasci - a única onde quereria ter nascido - e ao saudoso Ary dos Santos que tanta falta faz como letrista porque era um excelente poeta.


Puccini : Madame Butterfly

Puccini é um dos meus grandes compositores. Costumo dizer que com ele acabou a ópera como um todo. Encontrei este vídeo, magnifico, que ao som da mais famosa ária da ópera Madame Butterfly nos apresenta uma visão animada da mesma.

Colocado por mihmoh

Un bel dì, vedremo
levarsi un fil di fumo
sull'estremo confin del mare.
E poi la nave appare.
Poi la nave bianca
entra nel porto,
romba il suo saluto.
Vedi? È venuto!
Io non gli scendo incontro. Io no.
Mi metto là sul ciglio del colle e aspetto,
e aspetto gran tempo
e non mi pesa,
la lunga attesa.

E uscito dalla folla cittadina,
un uomo, un picciol punto
s'avvia per la collina.
Chi sarà? chi sarà?
E come sarà giunto
che dirà? che dirà?
Chiamerà Butterfly dalla lontana.
Io senza dar risposta
me ne starò nascosta
un po' per celia
e un po' per non morire
al primo incontro;
ed egli alquanto in pena
chiamerà, chiamerà:
"Piccina mogliettina,
olezzo di verbena"
i nomi che mi dava al suo venire.
(a Suzuki)
Tutto questo avverrà,
te lo prometto.
Tienti la tua paura,
io con sicura fede l'aspetto.

Ensaio sobre a cegueira


Isabela Boscov fala sobre o filme de Fernando Meirelles, adaptado do romance de José Saramago. Com Julianne Moore, Mark Ruffalo, Danny Glover, Gael Garcia Bernal e Alice Braga

Luís Piçarra

Para M., JJ. e não só

Os meus poemas - 4

O PALÁCIO DA VENTURA

Sonho que sou um cavaleiro andante,
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da ventura.

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante,
Na sua pompa e aérea formosura.

Com grandes golpes bata à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos portas d'ouro, ante meus ais !

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais !

Antero de Quental
(1842 -1890)

Novembro com J. C. Pachelbel

Nuremberga foi um dos principais centros musicais da Europa durante o século XVII: destacava-se pelo seu elevado nível de composições, pela tradição secular no fabrico de instrumentos e pela primazia de um instrumento em particular: o órgão.
Johann Christoph Pachelbel (cujo apelido os próprios alemães pronunciam com alguma dificuldade…) nasceu nesta bela cidade em 1653, onde iniciou os seus estudos musicais.

Ocupou o cargo de organista em várias localidades da Alemanha: em Eisenach e Erfurt, estabeleceu contactos e amizades com membros da família Bach, entre eles, Ambrósio Bach, pai de Johann Sebastian. Na catedral de Santo Estêvão (Stephansdom) de Viena, estudou junto do célebre mestre Johann Kaspar Kerll, e foi precisamente na capital austríaca que Pachelbel conheceu o mundo da música italiana, predominante na casa dos Habsburgo.
No auge da sua carreira, voltou para a sua cidade natal e aceitou o convite para a função de organista principal da igreja de St. Sebald, o mais conceituado cargo da época em Nuremberga.

Imagem extraída de webloglearner.com

A par da sua actividade como intérprete, dedicou-se à composição de peças para órgão, cravo, conjuntos instrumentais e vocais. A importância de Pachelbel no universo musical concentra-se na arte da fuga, das variações e dos prelúdios corais, que influenciaram a obra de compositores barrocos posteriores, entre eles, Johann Sebastian Bach.

Hoje em dia, o nome de Pachelbel é associado quase automaticamente ao famosíssimo cânone e giga em ré maior para três violinos e violoncelo: uma melodia simples, desenvolvida em forma de cânone a partir de três vozes, é elaborada em 28 variações, aumentando gradualmente de densidade. O domínio do contraponto musical mistura-se com a habilidade de variação técnica.

A popularidade deste cânone tomou proporções por vezes absurdas: existem variações escocesas, adaptações especiais para casamentos, para pirotecnias, etc., etc…
Todavia, na sua versão original, este cânone representa uma das mais belas composições de toda a história da música clássica. Como sugestão para ouvir e descontrair, segue este registo (não foi possível identificar o conjunto musical; o retrato de Mozart, logo no início, deverá ser meramente decorativo).



Mortes nos saldos dos EUA

Não é brincadeira de 1º de Abril: na abertura dos saldos pós-Thanksgiving nos EUA na noite passada, morreram pessoas.

Um empregado dos supermercados Wal-Mart foi esmagado e morto pela multidão que arrombou as portas do estabelecimento às 5 da manhã; dois clientes numa loja de brinquedos Toys 'R' Us sacaram de armas de fogo e mataram-se mutuamente após discussão entre as mulheres que os acompanhavam.

O Taj de Bombaim


A polícia indiana acabou de anunciar que terminou o terrível ataque a Bombaim. O Hotel Taj, o último alvo a ser dominado pelas autoridades, era um dos elementos centrais do romance de John Irving, "A Son of the Circus", que li quando visitei Bombaim, em 1997.
O livro entrecruza vários personagens, num tom reminiscente de Bollywood: um pediatra emigrante no Canadá que secretamente é argumentista, um actor indiano de uma série policial de grande sucesso, um anão do circo, um jesuita, um rapaz elefante que sonha ser trapezista, irmãos gémeos separados à nascença, um assassino que retalha um elefante a piscar o olho no torso das vítimas... As almas perdidas vão-se tornando progressivamente mais entranhadas no leitor, e os locais (em particular o Taj) ganham uma mística própria.
Espero que o futuro não mantenha o Taj associado aos horrores dos últimos dias, mas sim à mística para a qual John Irving contribuiu tão habilmente.

Les Parapluies de Cherbourg

Em tempo real (estou a ver o filme), deixo-vos um extracto do filme de Jacques Démy, na música de Michel Legrand, com as vozes de Catherine Deneuve e Nino Castelnuovo (1964). As cores do filme são magníficas. Magníficas.

Será que existe um elixir da juventude?

E se for verdade?

Ler artigo no jornal "O público" de hoje

http://ultimahora.publico.clix.pt/noticia.aspx?id=1351592&idCanal=13

Aqui, transcreve-se só o começo:
"Pôr uma colher do líquido “mágico” na boca e engolir. Este é um ritual diário para o cientista russo Mikhail Shchepinov que, todos os dias, sorve aquela que considera poder a ser a solução para prolongar a vida humana, uma colher de água pesada – D2O, em que o “D” da fórmula química representa o deutério, um isótopo do hidrogénio de massa atómica 2, em vez de 1. O sabor é ligeiramente adocicado e se um cubo deste líquido fosse colocado num copo, afundar-se-ia em água normal.

Já lá vão 18 meses desde que o bioquímico russo anunciou pela primeira vez que tinha descoberto o elixir da juventude, uma maneira de beber (ou comer) para conseguir ter uma vida mais longa. Segundo noticia a revista “New Scientist”, Shchepinov começou a interessar-se por esta área há dois anos através da leitura de artigos científicos sobre as causas do envelhecimento.

A teoria mais bem aceite pela comunidade científica é a dos radicais livres, que defende que o corpo humano vai envelhecendo devido a danos irreversíveis provocados às biomoléculas. Os responsáveis por esta destruição são os radicais de oxigénio livres, compostos químicos agressivos que são um produto inevitável resultante do metabolismo das células.

Os “estragos” vão sendo acumulados ao longo da vida até que chega o ponto em que os processos bioquímicos básicos do corpo deixam de funcionar. Estes processos estão associados a doenças ligadas à velhice, incluindo Parkinson, Alzheimer, cancro, falhas renais crónicas e diabetes.

O corpo humano produz antioxidantes que eliminam os radicais livres antes que estes possam causar danos. À medida que a idade avança, estes sistemas defensivos acabam também por ser destruídos e o corpo entra num declínio inevitável.
"
Inês Subtil

Os meus franceses - 28

Catherine Ribeiro - «De la main gauche» (1997)

Letra de Danielle Messia, música de Danielle Messia e Jean Fredenucci

Catherine Ribeiro é filha de emigrantes portugueses e nasceu em Lyon, em 1941. Ouvia-a quando veio cantar a Lisboa, pela primeira vez, há talvez 30 anos.
http://www.catherine-ribeiro.com/

sexta-feira, 28 de novembro de 2008

Claude Lévi-Strauss

Claude Lévi-Strauss, um dos grandes intelectuais franceses do século XX, completou cem anos, hoje, sexta-feira, dia 28 de Novembro de 2008, tornando-se o primeiro membro centenário da Academia Francesa, para onde entrou em 1973.

Nem de propósito...


Agora que o Noddy faz 60 anos, Sophie Smallwood, neta de Enid Blyton, anunciou que vai escrever um novo livro com a sexagenária personagem.
Eu comprarei.

O humor e o BPN

" (...) Segundo o Correio da Manhã, em Março deste ano, Oliveira e Costa divorciou-se da mulher com quem era casado havia 42 anos, e passou os bens para o nome da senhora. Muito embora o divórcio se tenha realizado por mútuo consentimento, não deixa de ser admirável que um homem premeie a mulher de forma tão generosa na hora da separação. Trata-se do rigoroso oposto do «golpe do baú» : o objectivo não é casar para ficar rico, é divorciar-se para enriquecer o cônjuge. Que um homem tão desprendido dos bens materiais seja acusado daqueles crimes é simplesmente revoltante. (...) "

- Ricardo Araújo Pereira, in VISÃO, 27/11/2008

Coisas do Direito - 5

Já foi decidida a providência cautelar interposta por alguns familiares de Amália contra a produção e exibição de Amália, o Filme. Argumentavam os familiares que a obra evidencia a obsessão de Amália com a morte, e aborda a sua tentativa de suicídio.
O Tribunal viu o filme, e baseando-se na muita bibliografia, nas próprias entrevistas de Amália e no musical de La Féria, decidiu pela improcedência dos argumentos, entendendo que se tratam de " factos assumidos publicamente por Amália e do conhecimento público", não sendo ofensivos para a memória da fadista.
Assim, como previsto, o filme estreará no próximo dia 4 de Dezembro.
Não era uma decisão difícil. Difícil de compreender é a posição destes familiares.

Boa viagem, A.R.

Maurice Jarre - Prelúdio de «Passagem para a Índia»

Da banda sonora do filme de David Lean (1984).

Anoushka Shankar - Concert for George

18 Nov.2003

BES ART

A colecção de fotografia do Banco Espírito Santo está em exposição até 25 de Janeiro no Museu Colecção Berardo.

Todos os dias. Entrada gratuita.

A última vez ?

Como já devem saber, Alfred Brendel toca em Lisboa, no próximo domingo na Fundação Gulbenkian. É um concerto integrado na sua última digressão (será? começo a ficar céptico com este tipo de anúncios) que terminará em Dezembro em Viena.

Enid Blyton

Enid Blyton, a afamada autora dos Cinco e dos Sete, a criadora de Noddy, colecções e personagens que se destacam de entre os mais de 700 livros que escreveu, morreu em Londres a 28 de Novembro de 1968, com 71 anos, vítima da doença de Alzheimer.


Os famosíssimos Cinco.


Lisboa: Notícias, 1963


Lisboa: Notícias, 1961


Lisboa: Emp. Nac. de Publicidade, 1969


Lisboa: Verbo, 2001


Capa do catálogo da exposição que as
Bibliotecas da CML dedicaram a
Enid Blyton nos 100 anos do seu nascimento.

Há numerosos sites sobre esta autora:
http://www.enidblyton.net/
http://www.enidblyton.co.uk/
http://www.enidblytonsociety.co.uk/
http://www.fantasticfiction.co.uk/b/enid-blyton/

Os meus franceses - 27

Catherine - «Frère Jacques»

Foi, seguramente, a primeira canção francesa que aprendi.

quinta-feira, 27 de novembro de 2008

Um David em todo o seu esplendor

Após 18 meses de restauro, o David, de Donatello, volta à sala do Museu Bargello, em Florença, onde se encontrava. Para a limpeza da obra, em bronze, considerada inovadora na forma de retratar o nú masculino, foram utilizadas técnicas de vanguarda, a partir de raios laser, que eliminaram as impurezas para fazer realçar as partes douradas mais frágeis da estátua. Todo o processo de restauro foi captado pelas câmaras e projectado de modo a que o público que visitava a galeria pudesse assistir à intervenção.
David, de Donatello, foi uma realização ainda mais revolucionária da escultura do proto-renascimento e foi a primeira obra de nú, de tamanho natural, desde a Antiguidade, dotada de verdadeira autonomia. Esta estátua estaria relacionada com um movimento cívico e patriótico, que identifica David fraco mas protegido por Deus, com Florença, e Golias com Milão, duas cidades em conflito na época.
Donatello escolheu um modelo jovem para David para que os habitantes de Florença se identificassem como ele.

Cinenovidades - 2

A lendária banda desenhada The Spirit, criação do genial Will Eisner, foi adaptada ao cinema sob a direcção de Frank Miller, outro genial criador dos comics norte-americanos, tendo este já visto várias das suas criações transportadas para o cinema: Sin City, e mais recentemente 300.
O filme conta a participação de Rosario Dawson, Samuel L. Jackson e Scarlett Johanssen.
Aqui fica o trailer.

Curiosidade do dia

Foi recuperado um marcador de livros em ouro que Eva Braun ofereceu a Hitler em 1943 como presente de consolação pela derrota dos alemães frente ao Exército Vermelho na Batalha de Estalinegrado (15 Dez. 1942). A peça que tinha desaparecido de uma casa leiloeira de Madrid, em 2002, foi agora encontrada em Whashington em poder de um indivíduo que tentava vendê-la clandestinamente. Na gravação inscrita pode ler-se o seguinte: "Meu Adolfo, fica tranquilo, porque este indigno sucesso foi apenas um inconveniente, que não pode quebrar a tua certeza na vitória. Como será eterno o nosso Reich. Sempre tua. Eva 3-2-43".

Jardins italianos

Os jardins italianos caracterizam-se pela utilização de plantas frutíferas, flores, estátuas e fontes num contexto clássico e funcional. Muito semelhante ao modelo francês, o estilo italiano incorporou o calor dos países mediterrânicos, quebrando a linha formal e excessiva. O elemento água é fundamental no desenho dos jardins italianos, seja em forma de fonte, chafariz ou espelho de água, normalmente o ponto central de contemplação do jardim. As plantas escolhidas devem ser de origem mediterrânica ou temperada, capazes de aguentar o frio e a seca. Buxinho, murta, lavanda, alecrim, sálvia, laranjeira, limoeiro, macieira, pereira, romeira, oliveira, roseira, azálea e plantas medicinais e hortícolas são algumas espécies utilizadas na concepção destes jardins. Depois vem a decoração que se consegue através da utilização de outros elementos como vasos cerâmicos, esculturas, treliças, arcos, pontes ou bancos, contribuindo para um ambiente de harmonia e romantismo.
No Renascimento, os jardins italianos copiaram o modelo da Roma Antiga onde abundavam muitas estátuas e fontes monumentais. Nessa época cultivavam-se jardins nas colinas e encostas por razões panorâmicas e climáticas. Nesse sentido aproveitava-se o terreno irregular sobre o qual muitos jardins assentavam, enriquecendo-os com escadarias e terraços. Os jardins eram tidos como centros de retiro intelectual onde sábios e artistas podiam trabalhar e discutir em locais frescos e aprazíveis. A vegetação era secundária e as espécies mais utilizadas iam do louro ao cipreste, passando pelo azinheiro ou o pinheiro. O buxo também eram muito utilizado em formas recortadas. Nesses jardins a paisagem era desenhada com régua e compasso, caracterizando a simetria das linhas geométricas onde o contraste entre as formas naturais e as criadas pelo homem era bem conseguido.

Os meus poemas -3

SONETO

Eu cantarei de amor tão docemente,
Por uns termos em si tão concertados,
Que dois mil acidentes namorados
Faça sentir ao peito que não sente.

Farei que amor a todos avivente,
Pintando mil segredos delicados,
Brandas iras, suspiros magoados,
Temerosa ousadia e pena ausente.

Também, Senhora, do desprezo honesto
De vossa vista branda e rigorosa,
Contentar-me-ei dizendo a menor parte.

Porém, para cantar de vosso gesto
A composição alta e milagrosa
Aqui falta saber, engenho e arte.

Luís Vaz de Camões
(1524? -1580)

Crisântemos


Em teus dedos pus
um anel de crisântemos

Albano Martins
In: Vocação do silêncio.
Lisboa: Imp. Nac.-Casa da Moeda, 1990, p. 246

Os meus franceses - 26

Catherine Sauvage - «La Maffia»

Letra e música de Léo Ferré.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

LIÇÃO DE UM GATO SIAMÊS


Bina (n. Setembro de 2001)

LIÇÃO DE UM GATO SIAMÊS

Só agora sei
que existe a eternidade:
é a duração
finita
da minha precaridade

O tempo fora
de mim
é relativo
mas não o tempo vivo:
esse é eterno
porque afectivo
- dura eternamente
enquanto vivo

E como não vivo
além do que vivo
não é
tempo relativo:
dura em si mesmo
eterno (e transitivo)

FERREIRA GULLAR
In: Obra poética. [Vila Nova de Famalicão]: Quasi, 2003

Paulo Valentim cantado por Katia Guerreiro

Segunda-feira, 24 de Novembro de 2008, em Lisboa, no Tivoli, foi apresentado o novo disco de Katia Guerreiro, que dá pelo título de Fado. Paulo Valentim, o guitarra que tem acompanhado Katia, é também autor da letra e da música do fado que teve a maior ovação da noite: Pranto de amor ausente. Aqui fica o testemunho, pedindo desculpa pela qualidade da imagem e do som, que foi gravado com recurso ao telemóvel. Parabéns Paulo, Parabéns Katia, não esquecendo o João Veiga e o Rodrigo Serrão.

Pranto de amor ausente

Jardins japoneses


Os modelos dos primeiros jardins japoneses vieram da China e representaram o divertimento dos aristocratas. Os do Período Heian (794-1185) tinham normalmente um lago com uma ilha e eram construídos para contemplar a Natureza através das mutações das estações do ano. Já nos séculos VI e VIII ostentavam elementos como largos artificiais, pontes e lanternas à semelhança dos jardins chineses e coreanos. O palácio imperial e as residências da nobraza do período Heian eram construídos sobre lagos artificiais com pavilhões de pesca num cenário de montanha. A água surge como elemento característico dos jardins e é apresentada sob as mais diversas formas. Em muitos casos, um simples regato pode sugerir a ravina de uma montanha, ao passo que uma ilha de pinheiros num lago artificial pode sugerir Matsushima ou outro belo local. Nos jardins Zen, as rochas sugerem um rio a correr e a água é sempre um elemento indispensável que provoca um som fresco e calmo ao cair sobre uma bacia de pedra.
Entre os designers de jardins mais famosos da história do Japão conta-se o monge Zen Muso Soseki (1275-1351). Até aos 50 anos, Muso viveu como um monge mendicante à procura da "luz". Ao longo das suas viagens fundou vários pequenos mosteiros nas montanhas, com jardins integrados no cenário natural. Mais tarde foi protegido pelos shoguns Ashikaga e pelo imperador Godaigo e nomeado abade dos mosteiros de Tenryji e de Rinsenji, em Kyoto, onde concebeu maravilhosos jardins. Já no fim da vida retirou-se para o pequeno templo de Saihoji, onde criou um jardim utilizando o musgo como elemento principal e incorporando o ideal chinês de "dez visões maravilhosas".

Porque nasceu neste dia em 1938

em Tennessee, USA, Tina Turner ( Anna Mae Bullock) é a minha heroína de hoje

Grandes Senhoras - 25 : Amália

E com Amália chega ao fim esta série de Grandes Senhoras. Outras também aqui teriam o seu lugar, mas como já as tinha incluído na série As minhas músicas achei por bem não repetir.
Sobre a grande Amália Rodrigues, penso que não será necessário falar. A escolha quando se trata dela nunca é para mim fácil, e infelizmente mesmo no Youtube a Valentim de Carvalho é muito ciosa dos seus direitos, pelo que há muita coisa boa que não está disponível. Gosto muito deste, e a actuação na RTP é de 1961.

Os meus poemas -2

CANTIGA "PARTINDO-SE"

Senhora, partem tão tristes
meus olhos por vós, meu bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

Tão tristes e tão saudosos,
tão doentes da partida,
tão cansados, tão chorosos
da morte mais desejosos
cem mil vezes que da vida.
Partem tão tristes os tristes,
tão fora d'esperar bem,
que nunca tão tristes vistes
outros nenhuns por ninguém.

João Roiz de Castelo- Branco
(séc. XV - XVI)

Sobre música

Cinco Conferências. Especulações críticas sobre a História da Música do século XX , publicado pelas Edições Culturgest, reúne como resulta do título as cinco conferências proferidas por António Pinho Vargas sobre a História da Música do século XX.
Estão disponíveis extractos no site da Culturgest.

Biografias, autobiografias e afins - 5

Na fantástica colecção que a editora Pygmalion tem dedicado às Rainhas de França, chegou agora a vez de Maria Teresa de Áustria, Infanta de Espanha, que aos 22 anos casa com o seu primo direito, o Rei-Sol, Luís XIV de França, sem conhecer uma palavra de francês e os usos da corte onde irá passar o resto da sua vida.
A biógrafa desta rainha pouco feliz é Joelle Chevé.

Cinenovidades - 1

Ennio Morricone, um dos maiores compositores para cinema de sempre, vai ser o autor da banda sonora do próximo filme de Quentin Tarantino, Inglorious Bastards, sobre um grupo de soldados americanos que na França Ocupada prepara uma missão contra os nazis.

Nicole Kidman vai interpretar o primeiro transsexual da História no filme The Danish girl , inspirado na história do casal de artistas dinamarqueses Einar e Greta Wegener. Nicole interpreta Einar, o homem que em 1931 se submeteu a uma cirurgia para se tornar mulher, tornando-se o primeiro transsexual da História. Charlize Theron interpretará Greta.

Hoje na Fnac do Chiado

Às 18h30 inicia-se o ciclo de conversas denominado Meios de divulgação e formas de consumo da Arquitectura.

" A Fnac associa-se à Fábrica do Braço de Prata e à Ordem dos Arquitectos como espaço de acolhimento de um ciclo de conversas programado pelo Arq. Carlos Gomes, criador e director artístico do projecto Gente da Casa e por Nuno Nabais, doutorando em Filosofia Contemporânea.
Esta conversa focar-se-á sobre a relação entre os modos de consumo da arquitectura no mundo de hoje e os efeitos desse tipo de consumo.(...) " - info. da Fnac

Curiosidade do dia

O Vaticano pondera vir a editar as actas referentes ao processo de condenação de Galileo Galilei depois do cientista ter defendido a teoria de Copérnico, que afirmava ser o Sol e não a Terra o centro do Universo. Com a decisão de trazer à luz do dia aqueles documentos, o Vaticano pretende demonstrar que o Papa Urbano VIII nunca subscreveu tal condenação e, em 1992, João Paulo II viria a condenar os teólogos que na época foram coniventes com essa decisão por parte do tribunal da Inquisição.
O Vaticano vai participar no Ano de Galileo, que se celebrará em 2009 por ocasião do 400º aniversário da construção do primeiro telescópio uma invenção de Galileo.

O Navio de Espelhos

Poema de Mário Cesariny, dito pelo próprio

Música de Rodrigo Leão e Gabriel Gomes, do álbum «Os poetas».

Mário Cesariny morreu faz hoje dois anos.

Para o Mário Cesariny

John Cage - «Dream» (1948)

Em memória de Anna Blume...


...que não era siamesa.

MANHÃ DE NOVEMBRO

Meu gato siamês
(de veludo
e garras,
cheio de sons)

Deita-se
ao sol
(da morte,
sabemos nós)

displicente
e eterno

Ferreira Gullar
In: Obra poética. [Vila Nova de Famalicão]: Quasi, 2003, p. 495

Litografia de Mário Cesariny.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

D. Francisco Manuel de Melo

no traço de João Abel Manta
e no seguimento do post do Jad


Auto-retrato robot de D. Francisco Manuel de Melo para A Cartilha do Marialva, de José Cardoso Pires, 1960


Ilustração para Carta de guia de casados, de D.Francisco Manuel de Melo, 1955

«Dizia um nosso grande cortesão, havia três castas de casamento no mundo: casamento de Deus, casamento do Diabo, casamento da Morte; de Deus, o do mancebo com a moça; do Diabo, o da velha com o mancebo; da Morte, o da moça com o velho. Ele certo tinha razão, porque os casados moços podem viver com alegria; as velhas casadas com moços vivem em perpétua discórdia; os velhos casados com as moças apressam a morte, ora pelas desconfianças, ora pelas demasias. […]
«Provemos a ver se será possível dar alguma regra ao amor. Ao amor, que sói ser a principal causa de fazer os casados mal casados, umas vezes porque falta e outras porque sobeja. Armemos-lhe, se quer, as redes; caia ele se quiser; e o mais será que avoe e fuja delas, porque quiçá por isso o pintaram com asas. Ame-se a mulher, mas de tal sorte que se não perca por ela seu marido. Aquele amor cego fique para as damas e para as mulheres o amor com vista. Ou cure os olhos que tem, ou os peça emprestados ao entendimento de esses que lhe sobejam. Digo, perder pela mulher, perder por ela seu marido a dignidade de homem a troco de lhe não contradizer sua vontade quando é justo que lha contradiga. Saiba-se e tema-se, que também há narcisos do amor alheio como de seu próprio.»
(Carta de guia de casados. Porto: Campo das Letras, 2003, p. 60-62)

Estas ilustrações podem ser vistas na exposição de que já aqui falei e que se encontra no Museu Rafael Bordalo Pinheiro.
E já agora vejam a capa do magnífico livro que serve de catálogo:


Lisboa: Assírio & Alvim, 2008

Os meus poemas -1

CANTIGA DE AMIGO

-Ay, fremosinha, se ben aiades,
longi de uila quen asperades?
-Uin atender meu amigo.

Ai, fremosinha, se gradoedes*,
longi de uila quen atendedes?
-uin atender meu amigo.

Longi de uila quen atendedes?
-Direy-uo -l' eu, poy' lo nõ sabedes:
uin atender meu amigo.

Bernardo de Bonaval
(primeira metade do século XIII)

* que sejais feliz

Para o MLV, WHAT FRIENDS ARE FOR

pelas lindíssimas vozes de Dionne Warwick, Stevie Wonder, Luther Vandross e Whitney Houston,num dia especial que desejo se repita por muitos e muitos dias especiais

Muito, muito obrigado!


Obrigado a todos pela simpatia!! E também gostei muito dos Vossos presentes. Só mais uma coisa, MR aceito com muito prazer o caviar. Já agora provem do bolo. Pelo aspecto, promete...

Crónicas de Clarice - 8

O QUE É ANGÚSTIA ( 25 de Novembro de 1972 )

Um rapaz fez-me essa pergunta difícil de ser respondida. Pois depende do angustiado. Para alguns incautos, inclusive, é palavra de que se orgulham de pronunciar como se com ela subissem de categoria- o que também é uma forma de angústia.
Angústia pode ser não ter esperança na esperança. Ou conformar-se sem se resignar. Ou não se confessar nem a si próprio. Ou não ser o que realmente se é, e nunca se é. Angústia pode ser o desamparo de estar vivo. Pode ser também não ter coragem de ter angústia- e a fuga é outra angústia. Mas angústia faz parte : o que é vivo, por ser vivo, se contrai.
Esse mesmo rapaz perguntou-me : você não acha que há um vazio sinistro em tudo ? Há sim. Enquanto se espera que o coração entenda.

- Clarice Lispector, A DESCOBERTA DO MUNDO, Editora Nova Fronteira, 1982.

Amanhã na Gulbenkian

Ainda no ciclo de conferências associado à exposição Weltliteratur, é amanhã o dia da conferência de Vasco Graça Moura.

Auditório 3, 18h.

Congresso Fernando Pessoa

Começa hoje o Congresso Internacional Fernando Pessoa, que decorrerá até dia 28.
As sessões decorrem no Auditório da Associação de Turismo de Lisboa e as inscrições são feitas através da Casa Fernando Pessoa- 213913270.

Para saber mais : casafernandopessoa.cm-lisboa.pt

25 de Novembro - Dia de MLV


Associando-me aos demais autores deste blogue, desejo um Feliz Aniversário ao nosso MLV, que me honra com a sua amizade há já uns largos anos. Espero que tenhas um dia em cheio.

Tal como o fizeram os demais, também aqui deixo um presente virtual adequado a quem nos tem brindado com as coisas boas da vida. Um dos melhores exemplos do discreto chic britânico, com pouca publicidade mas com imensa qualidade. E dão sempre jeito.

Uma nova Imortal

A ex-ministra e ex-presidente do Parlamento Europeu Simone Veil foi eleita na semana passada para a Academia Francesa, com 22 votos favoráveis num universo de 29.
A nova Imortal nasceu em 1927 em Nice, foi deportada para Auschwitz em 1944 e começou a carreira política em 1974 como ministra da Saúde de Jacques Chirac, tendo legalizado o aborto em França. Entre 1979 e 1982, presidiu ao Parlamento Europeu.

Parabéns, MLV!

Happy birthday, muitos parabéns, MLV! Obrigado pelas muitas provas de bom gosto a que temos vindo a assistir no blogue. Um pequena oferta - simbólica - de terras italianas...

Hoje na FNAC do Chiado

Pelas 18h na FNAC do Chiado é lançado OS SENHORES DA MÁ LÍNGUA, da Bertrand Editora. Dez anos depois do fim da Noite da Má Língua, um programa que foi um grande êxito da SIC, Manuel Serrão, Miguel Esteves Cardoso, e Rui Zink encontram-se novamente, desta vez em forma de livro, para uma grande sessão de maledicência.

Dia 25 de Novembro : dia de MLV (parabéns)

Os filmes fizeram-se para serem vistos... não para serem imaginados, nem contados!



Michel Polnareff

O Filipe emprestou-me um CD de Polnareff que me acompanhou desde ontem e que me recordou esta canção que eu adorava. E de que ainda gosto:

«Ballade pour toi (Ce que je cherche est en toi)» (1966)

De A. Kopelman e Michel Polnareff.

E também esta:
«L'amour avec toi»

Letra e música de Michel Polnareff.
Imaginem o escândalo que esta canção causou há 42 anos!!!

Para MLV


Virtualmente podemos sempre fazer uma oferta destas. Assim goste de caviar. Também se não gostar, não há crise... troca-se, é só dizer o que prefere: champagne (do legítimo), chocolates, etc.

Os meus franceses - 25

Antoine et Les Problèmes - «Les élucubrations» (1966)

Elegâncias - 6


Mais uns sapatos - não pensem que eu tenho
algum fétiche por calçado -, desta vez
encontrados na Rua da Vitória, em Lisboa.
E, certamente, bastante mais económicos
que os anteriormente apresentados.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Francis Bacon, o pintor do sofrimento

Autodidacta, Francis Bacon foi acima de tudo um pintor “experimentalista” no sentido em que, formalmente, nunca pertenceu a nenhum movimento artístico. No entanto, os seus primeiros trabalhos denotam a influência de Picasso. Foi depois de assistir a uma exposição do pintor andaluz, que Bacon decidiu começar a pintar, situando-se desde logo no campo figurativo representando de forma obsessiva o corpo humano. Os quadros de Bacon têm ainda a marca de Munch, ao nível do traço; de Vang Gogh, foi buscar as cores, e a angústia e solidão que exaustivamente retratou na tela não deixam lugar a dúvidas: são de Goya. Basta observar a forma humana desfigurada e aterradora que nunca abandonou nos seus quadros, confinando os seus modelos quase sempre a espaços escuros e fechados. Em 1933 a sua “Crucificação” ilustrava o livro de Herbert Read Art Now. Pintou muitos trabalhos em série, a partir de fotografias rasgadas e amarrotadas, de animais selvagens, de combates de boxe, de futebolistas. O retrato de Inocêncio X, de Velásquez, viria a tornar-se uma obsessão na sua obra. Na década de 50 pintou uma série de telas inspiradas nas máscaras de William Blake e na pintura de Vang Gogh. As figuras são solitárias, anómalas, vorazes… Bacon produzia um trabalho violento, um modo de confrontar a vida e a morte. Só assim reencontrava a sensação.
Francis Bacon era demasiado temperamental. Dele se disse que pintava a vida na morte e que através do masoquismo, sadismo e de praticamente todos os vícios se sentia mais humano. Foi, definitivamente, um dos pintores do visceral, alucinante, brilhante, chocante e visionário. Rasgou sempre o véu das aparências e tem na obra “Three Studies for Figures at the Base of a Crucifixion” (1944) um dos quadros mais originais do século XX. Em 1949 iniciou uma série inspirada no retrato do Papa Inocêncio X, de Velásquez (o MOMA tem um quadro) de que até hoje chegaram mais de 40 quadros.
Nascido em Dublin, em 1909, morreu em Madrid, a 28 de Abril de 1992.

A Voz do Operário

Em Outubro de 1879, nascia um novo jornal- a Voz do Operário, para denunciar as terríveis condições de vida dos manipuladores de tabaco. Quatro anos depois, a 13 de Fevereiro de 1883, nascia a Sociedade de Instrução e Beneficência A Voz do Operário, para garantir a viabilidade do jornal e para proporcionar instrução e cultura para os filhos dos mais desfavorecidos.
Hoje, nas escolas da instituição ( na Graça e na Ajuda ) estão cerca de 500 alunos, existe um centro de dia que apoia 23 idosos, um posto médico e um balneário.
São proporcionadas aos sócios ( cerca de 5000 ) , ginástica, dança e artes marciais, bem como actividades culturais.

Carlos do Carmo, sócio honorário da instituição, vai doar a receita do seu concerto ( que comemora os seus 45 anos de carreira e os 125 da Voz do Operário) de dia 29, no Pavilhão Atlântico à Voz do Operário.

Para saber mais : www.vozoperario.pt

A morte da Byblos ?

Tal como foi noticiado nos últimos dias, está em risco de falência a maior livraria do país, a Livraria Byblos, em Lisboa. Na quinta-feira passada, foi apresentado o pedido de insolvência ao tribunal que, sendo aceite, implicará a nomeação de um gestor escolhido pelo tribunal.

A Byblos, que empregava cerca de 30 trabalhadores, foi a primeira livraria "inteligente" do país, com inovações tecnológicas por cá nunca vistas, com um investimento de cerca de 4 milhões de euros de Américo Areal, que aplicou na livraria o dinheiro que obteve da ASA.

Só lá fui duas ou três vezes, e não fiquei muito convencido. E pelos vistos, não fui só eu pois que, pelo que tenho lido, a livraria estava muitas vezes às moscas.

Seria bom que os 3300 m2 da livraria continuassem a ter um destino cultural.

Leilão a favor da Casa da Achada

Leilão que se destina ao arranque do Centro Mário Dionísio
29 Nov. 2008
18h00

com obras de: Alberto Péssimo – Ângelo de Sousa – Bárbara Assis Pacheco – Carlos Calvet – Carlos Ferreiro – Eduardo Batarda – Emerenciano – Eurico Gonçalves – Frederico Mira – Germano Santo – Henrique Ruivo – João Abel Manta – João Cutileiro – João Vieira – Jorge Martins – José Paiva – José Rodrigues – Júlio Pomar – Manuel Botelho – Manuela Bacelar – Maria Keil – Maria Luísa Tavares – Nikias Skapinakis – Pedro Avelar – Pedro Chorão – Raul Perez – Renato Roque – Rocha de Sousa – Sérgio Pombo – Sofia Areal – Teresa Magalhães – Tereza Arriaga – Zulmiro de Carvalho – e outros...

que estão em
EXPOSIÇÃO
28 Nov. 2008, 15h00-20h00; 29 Nov. 2008, a partir das 15h00

Rua da Achada, 11B
Lisboa

http://leilaodartecmd.blogspot.com/

Nós por cá

" (...) Uma educação em colapso(...), uma saúde em estado comatoso e uma assistência social sufocada na pressão incessante de um envelhecimento populacional galopante. Tudo num país sem elites.
Basta pensar na simples incapacidade de recrutamento de 2000 trabalhadores, com o mínimo do nono ano de escolaridade, pelas empresas de energias renováveis de Viana do Castelo, apesar do elevado desemprego a norte, para avaliar como estamos amarrados de pés e mãos às causas da nossa própria pobreza.
Mas a esta falta de qualificação somam-se fenómenos de pobreza endémica, com 35% da população pobre a trabalhar sem conseguir sair dessa condição, e 11% da população total trabalhadora a enfrentar um risco grave de pobreza.
(...) continuam pobres 26% dos idosos, 41% das famílias monoparentais e 23% das nossas crianças. (...) "

- Graça Franco, in PÚBLICO de 21/11/2008

Hoje na FNAC do Chiado

É lançado hoje, pelas 18h30, na FNAC do Chiado, o livro CINEMA UMA EXPERIÊNCIA MODERNA de Maria Teresa Mendes. A apresentação do livro será feita por João Mário Grilo.

Grandes Senhoras - 24 : Sara Montiel

Nascida em 1o de Março de 1928, como María Antonia Alejandra Vicenta Elpídia Isidora Abad Fernández, Sara Montiel é a maior estrela espanhola de todos os tempos. Começou pelo cinema aos 16 anos, depois de ter ganho um concurso de talentos na sua província natal de Ciudad Real. Mas só no seu segundo filme é que adoptou o nome de Sara Montiel, em homenagem à sua avó Sara e aos campos de Montiel da sua região natal. O sucesso cinematográfico em Espanha levou-a ao México, onde fez 12 filmes em 5 anos, e depois a Hollywood, onde se estreou em 1954, no filme Vera Cruz contracenando com Gary Cooper e Burt Lancaster e dirigida por Robert Aldrich. Seguiram-se Serenade (1956) , com Mario Lanza e Joan Fontaine, dirigida por Anthony Mann com quem casou no ano seguinte, e Run of the arrow (1957) , de Samuel Fuller, em que contracenou com Rod Steiger e Charles Bronson.
Ainda em 1957, Sara Montiel voltou a Espanha para rodar o musical El Ultimo Cuplé de Juan de Orduña e o sucesso deste filme foi tão grande que decidiu voltar para Espanha e abandonar Hollywood. Seguiram-se mais 15 enormes sucessos em filme, os filmes de Montiel dos anos 60 que todos conhecemos: La violetera, Mi ultimo tango, La Mujer Perdida etc.
Durante as décadas de 50 e 60, gravou ainda trinta álbuns e actuou nos palcos e estúdios de televisão de todo o mundo.Só em 1974 é que deixou o cinema, mas continuou a gravar e a actuar ao vivo até à década de 90, já uma lenda viva. Em 2006 abandonou definitivamente o mundo do espectáculo.

Curiosidade do dia


Os meus franceses - 24

Barbara - «Ma plus belle histoire d'amour» (1966)

Barbara morreu em Neuilly-sur-Seine
a 24 de Novembro de 1997.

Anémonas



«Um ano o nosso jardim teve pela primeira vez anémonas. Lembro-me do jardineiro da Huerta del Cordero, que era quem tratava dele, a falar com a minha mãe e a dizer-lhe que nos trazia ali umas flores novas, as primeiras que se viam em Granada e que se chamavam anémonas. O nome fascinou-me e todos esperámos pela sua floração emocionados e impacientes, indo ver as plantas todos os dias, até que uma manhã o jardim se encheu de tons azuis, malva, arroxeados com essa delicadeza de seda que as anémonas têm. Federico nomeia-as várias vezes. Não sei porque se lhes deu uma conotação de morte. Eu sinto-as de outras maneira. Quando li, anos mais tarde, em Así que pasen cinco años:

Ay, cómo canta la noche, cómo canta!
Qué espessura de anémonas levanta!


Ai, como canta a noite, como canta!
Que espessura de anémonas levanta!

pensei nelas. Foram aquelas as primeiras anémonas da minha vida, agora para mim inseparáveis daqueles versos.»
Isabel García Lorca
In: As minhas recordações. Porto: Ambar, 2005, p. 30

domingo, 23 de novembro de 2008

Songs of prayer

Crying in the chapel, cantado por Elvis, the King, foi gravado em 1960, mas lançado no mercado discográfico apenas cinco anos depois. Inúmeras são as interpretações notáveis de outras estrelas, entre elas a de Mahalia Jackson.




Elvis Presley, Crying in the chapel, 1960

A arte do retrato: O Papa Inocêncio X

Giovanni Battista Pamphilj (1574 - 1655) foi eleito Papa a 16 de Dezembro de 1644. Como Inocêncio X foi retratado por Diego Rodriguez de Silva y Velázquez em 1650. Curiosamente, a obra é uma das mais apreciadas e admiradas do século XVII - curiosamente, na medida em que o nosso protagonista não terá cumprido de todo os "requisitos" de beleza e estética que, em muitos casos, serão ingredientes bem-vindos para um retrato "apetecível". De facto, Giacinto Gigli, historiador e cronista do Diário Romano, deixou, para a posteridade, um conjunto de atributos pouco recomendáveis quanto a Inocêncio X, desde a postura exterior ao carácter presumivelmente irascível do sucessor de São Pedro. Afirmações de Gigli, como "o rosto era o mais deformado que alguma vez nasceu entre seres humanos", poucas dúvidas deixam a esse respeito...
Inocêncio X, provavelmente conformado com a sua condição incontornável, exclamou "È tropo vero!", ao ver o quadro concluído.

No entanto, e conforme já referido, vemos neste retrato uma obra-prima célebre, fonte de inspiração para muitas adaptações posteriores, entre elas, a transformação ousada de Francis Bacon dos anos cinquenta do século passado.

O retrato destaca-se pela primazia do encarnado: quer o vestuário, quer a cadeira, quer o fundo, são fortes na sua cor. As luvas, apesar de brancas, não são incolores, e Velázquez seguiu assim o exemplo do veneziano Veronese que, um século antes, dominava a tremenda dificuldade de pintar em branco. Em suma, o retrato expressa o poder e o vigor de Inocêncio X. Na carta que o Sumo Pontífice segura na mão esquerda, lemos: Alla Sant.ta di Nro Sig.re/Innocencio Xº/Per/Diego de Silva Velázquez dela Ca-/mera di S.M.ta Catt.ca/.

Por volta de 1650, Velázquez retratou outras individualidades ligadas ao Vaticano e/ou à conceituada família Pamphilj: Donna Olimpia Maidalchini Pamphilj, Monsignor Abate Ippolito ou o Cardeal Camillo Astalli são apenas algumas referências.

Inocêncio X da autoria do grande pintor espanhol é pertença da colecção particular dos Pamphilj e encontra-se num espaço próprio na Galleria Doria Pamphilj em Roma.

Francis Bacon (1953) vs Diego Velázquez (1650)

Dia 23 de Novembro...


Em 23 de Novembro de 1859, nascia Billy the kid, um dos mais famosos bandidos norte-americanos. Até hoje, três cidades lutam para confirmar o nascimento do bandido. Nova Yorque, Indiana e Missouri. Billy morreu com apenas 19 anos, mas a sua lenda começava a nascer.
Mais alguns factos que ocorreram neste dia: Por cá, em 1925, os negócios do falsário Alves dos Reis começam a despertar a atenção do jornal O Século; em 1944, Leopoldina Ferreira Paulo é a primeira mulher portuguesa a doutorar-se. Fê-lo em Ciências Biológicas, pela Universidade do Porto, com a tese Alguns caracteres morfológicos das mãos dos portugueses; em 2005, morre Isabel de Castro (uma das minhas actrizes preferidas). Hoje também é o Dia da Floresta Autóctone.

Nossa Senhora do Minho


Hoje, ao passar na famosa Casa das Velas do Loreto (em Lisboa) deparei com uma imagem, que se encontra à venda, representando Nossa Senhora do Minho.
Confesso a minha ignorância. Nada sei sobre este culto. Alguém pode ajudar.
Aqui fica a imagem, que representa a virgem em pretensos trajes minhotos.

1608, Novembro, 23

Nesse dia de 23 de Novembro de 1608, dia de S. Clemente, papa e mártir, nasceu em Lisboa, na Calçado do Combro, uma criança de sexo masculino. Colocaram-lhe, como nome Francisco. Eram seus pais D. Luís de Melo e D. Maria de Toledo Maçuellos.
Viveu e estudou em Lisboa, no colégio jesuítico de S. Antão (actual Hospital de S. José) onde, ao que parece, se distinguiu no estudo da matemática e da ciência militar. Com 18 anos parte, como militar, na armada de D. Manuel de Meneses para proteger a frota que devia chegar da Índia. Uma tempestade fez com que o navio se destroçasse em S. João da Luz (Espanha).
Nada fazia prever que um homem com este começo de vida viesse a ficar na História como escritor.
Trata-se de D. Francisco Manuel de Melo, sobre cujo nascimento ocorrem 400 anos. As comemorações deste aniversário ficaram ofuscadas pela passagem de outros tantos sobre o nascimento de António Vieira.
Poeta, escritor e narrador cronista, deixou-nos uma vasta obra, que, segundo os seus biografos, começou com apenas 20 anos, aquando do aparecimento de Doze sonetos por varias acciones : en la muerte de la Señora Dona Ines de Castro mujer del Principe Don Pedro de Portugal, (Lisboa, 1628).
Morreu, em Lisboa, a 24 de Agosto de 1666.

Os meus franceses - 23

Serge Gainsbourg - «La javanaise» (1963)

Letra e música de Serge Gainsbourg.

Tenho tido problemas com a colocação de algumas canções, como esta de Serge Gainsbourg.
O vídeo seguinte é melhor, embora seja só um aperitivo. Se lhe quiserem aceder tem de ser através de:
http://www.youtube.com/watch?v=g-w7SxLHGmI

Antero de Quental


Apresentação por Eduardo Lourenço e Ana Maria Almeida Martins
2.ª feira, 24 Nov., 18h30
Grémio Literário
Rua Ivens, 37
Lisboa

www.tintadachina.pt

Os Gestos dos Sabores

O seminário Os Gestos dos Sabores – das Memórias ao Futuro visa a apresentação e divulgação do documentário produzido em DVD pela Associação para o Estudo e Promoção das Artes Culinárias – As Idades dos Sabores.
É objectivo e expectativa que esse seja um momento de encontro com algumas das pessoas detentoras de saberes em risco de se perderem ou de se adulterarem, valorizando o seu trabalho e prestando-lhes uma justa homenagem.
A todos os presentes será oferecida uma cópia do filme, na esperança de que ele constitua um documento de informação, registo e divulgação de algumas das nossas tradições alimentares. Durante a sessão, os presentes terão a oportunidade de tomar um café e saborear o Pão-de-ló de Margaride, o Bolinhol de Vizela, os Bolos de Cabeça de Torres Novas e os Lagartos de Castelo de Vide.

24 Nov. 2008
15h00 - 18h45
Mercado de Santa Clara
Campo de Santa Clara
Lisboa