Prosimetron

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domingo, 23 de novembro de 2008

A arte do retrato: O Papa Inocêncio X

Giovanni Battista Pamphilj (1574 - 1655) foi eleito Papa a 16 de Dezembro de 1644. Como Inocêncio X foi retratado por Diego Rodriguez de Silva y Velázquez em 1650. Curiosamente, a obra é uma das mais apreciadas e admiradas do século XVII - curiosamente, na medida em que o nosso protagonista não terá cumprido de todo os "requisitos" de beleza e estética que, em muitos casos, serão ingredientes bem-vindos para um retrato "apetecível". De facto, Giacinto Gigli, historiador e cronista do Diário Romano, deixou, para a posteridade, um conjunto de atributos pouco recomendáveis quanto a Inocêncio X, desde a postura exterior ao carácter presumivelmente irascível do sucessor de São Pedro. Afirmações de Gigli, como "o rosto era o mais deformado que alguma vez nasceu entre seres humanos", poucas dúvidas deixam a esse respeito...
Inocêncio X, provavelmente conformado com a sua condição incontornável, exclamou "È tropo vero!", ao ver o quadro concluído.

No entanto, e conforme já referido, vemos neste retrato uma obra-prima célebre, fonte de inspiração para muitas adaptações posteriores, entre elas, a transformação ousada de Francis Bacon dos anos cinquenta do século passado.

O retrato destaca-se pela primazia do encarnado: quer o vestuário, quer a cadeira, quer o fundo, são fortes na sua cor. As luvas, apesar de brancas, não são incolores, e Velázquez seguiu assim o exemplo do veneziano Veronese que, um século antes, dominava a tremenda dificuldade de pintar em branco. Em suma, o retrato expressa o poder e o vigor de Inocêncio X. Na carta que o Sumo Pontífice segura na mão esquerda, lemos: Alla Sant.ta di Nro Sig.re/Innocencio Xº/Per/Diego de Silva Velázquez dela Ca-/mera di S.M.ta Catt.ca/.

Por volta de 1650, Velázquez retratou outras individualidades ligadas ao Vaticano e/ou à conceituada família Pamphilj: Donna Olimpia Maidalchini Pamphilj, Monsignor Abate Ippolito ou o Cardeal Camillo Astalli são apenas algumas referências.

Inocêncio X da autoria do grande pintor espanhol é pertença da colecção particular dos Pamphilj e encontra-se num espaço próprio na Galleria Doria Pamphilj em Roma.

Francis Bacon (1953) vs Diego Velázquez (1650)

4 comentários:

Anónimo disse...

Intrigante, a visão de Bacon sobre Inocêncio X. Gosto da ousadia do pintor.

Anónimo disse...

Voltei para me identificar.

Anónimo disse...

Fantástico o retrato!
A luz, o olhar, a fisionomia a personalidade que Velázquez atribuíu a Inocêncio X são únicas.

Quanto ao retrato executado por Francis Bacon, de quem gosto muito, concordo com o comentador anterior é ousado! Intrigante...talvez não seja, é crítico.
A.R.

LUIS BARATA disse...

Vi este retrato ao vivo pela primeira vez no passado mês de Setembro precisamente no Palácio Doria-Pamphili em Roma, onde está exposto em lugar de destaque como merece.
É um retrato fascinante.