Prosimetron

Prosimetron

sábado, 18 de fevereiro de 2012

Boa noite!

Jardim de S. Pedro de Alcântara

«Tinham entrado em S. Pedro de Alcântara; um ar doce circulava entre as árvores mais verdes; o chão compacto, sem pó, tinha ainda uma ligeira humidade; e apesar do sol vivo, o céu azul parecia leve e muito remoto».
Eça de Queirós - O Primo Basílio, 1878

«Convidou-a mesmo a dar uma volta em baixo no jardim. [...] Cobardemente, por inércia, enervada pela voz pomposa do conselheiro, Luísa foi descendo, contrariada, as escadinhas para o jardim.»
Eça de Queirós - O Primo Basílio, 1878

Para mim, é um dos locais mais lindos de Lisboa.

Festival Gastronómico do Grelo, em Macedo de Cavaleiros


Fui esta tarde alertada por um amigo para este festival gastronómico, que decorre de hoje até terça-feira. Se tivéssemos sabido com antecedência, quem sabe se não iríamos hoje jantar a Macedo de Cavaleiros grelos com salpicão assado, um dos pratos mais típicos do Entrudo transmontano. :)
Ou uma alheira - quando boas, são um dos meus pitéus preferidos, com grelos e uma batata cozida.

Tem grelinhos, tem grelinhos,
tem grelinhos no quintal.
Já não quero mais grelinhos
que me podem fazer mal.
(Do Livro do Bebé)

Bom Jantar!

A nossa vinheta contempla o desejo de um Bom Jantar!


Columbano Bordalo Pinheiro, Natureza morta


Legado em 1945 por Emília Bordalo Pinheiro, viúva do artista. Museu do Chiado,

Museu Nacional de Arte Contemporânea, Lisboa.

A Cidade Eterna


Roma é severa, mas acolhedora. Respira, uma grandeza áspera; todavia, mal entramos nela, sentimo-nos como em nossa casa. Esconde-nos a sua mais íntima expressão com uma altanaria inacessível; mas uma parte desconhecida da nossa alma desabrocha ali.

Jaime Cortesão (obras completas de) , Itália Azul, Lisboa: Portugália, 1965, p.71



Capa de António Carneiro






O anterior possuidor era uma pessoa metódica pois
enumerou-o. Era o livro nº 966 da sua biblioteca.


Veio da Livraria Lumière








Boa tarde!

Leituras no Metro - 82


Duas hipóteses de leitura de Fernando Pessoa dos autores de que ele fala.

Costa Pinheiro - Fernando Pessoa ele-mesmo com a minha chávena de café, um pincel e um lápis meus e a sua caneta, 1980

«Um dos poucos divertimentos que ainda restam ao que ainda resta de intelectual na humanidade é a leitura de romances policiais. Entre o número áureo e reduzido das oras felizes que a Vida deixa que eu passe, conto por do melhor ano aquelas em que a leitura de Conan Doyle ou de Arthur Morrison me pega na consciência ao colo.
«Um volume de um destes autores, um cigarro e 45 ao pacote, a ideia de uma chávena de café - trindade cujo ser-uma é o conjugar a felicidade para mim - resume-se nisto a minha felicidade. Será pouco para tanto, é verdade. É que não pode aspirar a muito mais uma criatura com sentimentos intelectuais e estéticos o meio europeu actual.»
Fernando Pessoa
In: Escritos autobiográficos, automáticos e de reflexão pessoal. Lisboa: Assírio & Alvim, 2003, p. 150-151

A Livraria Portugal era assim em 1964

Diário de Lisboa, 21 maio 1964

Num tempo em que eu, semanalmente, aos sábados, lá ia com o meu pai.

Hoje, na Biblioteca Nacional

Mini livros - 9

Porto: Campo das Letras, s.d.

Um livrinho (16 p.) de citações. Tem 7,5 cm de altura.

«A leitura é para a inteligência o que o exercício é para o corpo
R. Steele

Humor pela manhã... - 106



O engenho humorístico português...

Bom dia !



Especialmente para o nosso Filipe, que nos tem lembrado a riqueza da canção italiana.

Canzonissima - Bobby Solo

Bobby Solo venceu a edição do Festival de Sanremo de 1965 com Se piangi, se ridi. O cantor iniciara a sua carreira com Una lacrima sul viso um ano antes, de forma um pouco escandalosa, ao interpretar essa canção em play-back em Sanremo. O incidente caiu rapidamente em esquecimento, e os anos 60 italianos teriam sido impensáveis sem Bobby.
Buona giornata!

Onde foi que nos perdemos...

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Boa noite!

Citações - 216


(...) Depois do episódio da República, que mesmo assim não afectou-ou afectou pouco- o interior do país, desde meados do século XIX nunca o país deixou de viver num Estado poderoso e vigilante, que o trazia vigiado por um Exército disperso pela província e reforçado em Lisboa e no Porto. Salazar, de resto, organizou, alargou e consolidou a repressão. Com alguns brevíssimos sobressaltos pelo meio, a herança que a ditadura legou foi uma herança de conformismo e obediência, que permanece viva, e frequentemente dominante, no Portugal de hoje, com a sua complacência e a sua democracia. Verdade que o PREC não se recomenda. Mas não durou muito e a velha ordem depressa voltou com a sua dignidade postiça e as mediocridades do costume. A troika escusa de se preocupar. Cá na terra nós fazemos sempre, ou quase sempre, o que nos mandam. E não gostamos nada de aventuras.

- Vasco Pulido Valente, no PÚBLICO de hoje.

Em português - 143 : The Gift



Adoro esta Primavera do novo álbum da banda de Alcobaça.

Declaração de amor

Leiria, 1 fev. 2012

Minha flor minha flor minha flor.
Minha prímula meu pelargónio meu gladíolo meu botão-de-ouro.
Minha peónia.
Minha cinerária minha calêndula minha boca-de-leão.
Minha gérbera.
Minha clívia.
Meu cimbídio.
Flor flor flor.
Floramarílis. floranêmona. florazálea. clematite minha.
Catléia delfínio estrelítzia.
Minha hortensegerânea.
Ah, meu nenúfar. rododendro e crisântemo e junquilho meus. meu ciclâmen. macieira-minha-do-japão.
Calceolária minha.
Daliabegónia minha. forsitiaíris tuliparrosa minhas.
Violeta... amor-mais-que-perfeito.
Minha urze. meu cravo-pessoal-de-defunto.
Minha corola sem cor e nome no chão de minha morte.

Carlos Drummond de Andrade

Os contos das mil e uma noites: outras edições - 2

Esta edição de 2004 dos Contos das mil e uma noites, contados por Antoine Galland e traduzidos por Martim Velho Sotto Mayor, é o n.º 7 da Biblioteca os grandes génios da literatura universal,  e saiu com o jornal Diário de Notícias. A ficha técnica do livro é uma lástima. E não só. Também não tem um índice.  Há histórias contadas ao longo de 236 noites e... mais umas quantas. 
Quando comprei o livro, li-o à razão de uma história por dia, o que me levou quase um ano.

Antoine Galland faleceu a 17 de fevereiro.

Donde vens tu, Johnny?


Diário de Lisboa, 14 maio 1964
Este filme, que devo ter visto mas de que me não lembro, estava em exibição em Lisboa, em maio de 1964.

Novidades - 218


Chega amanhã às livrarias este novo ensaio filosófico de Miguel Real, que não é mera locubração abstracta mas antes recorre também a casos concretos da própria realidade lusa. E não poupa nas palavras: " Hoje, sempre que vos apareça no ecrã de televisão um economista com funções governamentais-não duvideis: eis a face explícita do mal, aquele que levou a Europa à decadência e se prepara para, alegremente, destruir o planeta. ". É uma edição da D.Quixote.

Humor pela manhã... - 105


Fartos de esperar pelo P.R., os alunos da António Arroio vão a Belém ...

Bom dia !

Canzonissima - Patty Pravo

Luís Barata já nos proporcionou La Bambola de Patty Pravo. Como referiu e bem, a canção data do "tempo em que a canção italiana fazia suspirar o resto da Europa. E a sensualidade não precisava de silicones, botox e afins." Ouçamos Patty novamente.
Buona giornata!

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012

Shall we dance?


Depois de ontem ter visto A Dama de Ferro.
Boa noite!

Orquídeas várias...



Pedro Jóia e Ricardo Ribeiro, amanhã no Conservatório Nacional

O espectáculo Pedro Jóia convida Ricardo Ribeiro tem lugar amanhã, às 21h30, no Conservatório Nacional. A receita de entrada, sob a forma de donativo (a produção sugere um valor de €10,00) reverte a favor dos Artistas e da Associação de Amigos da Escola de Música do Conservatório Nacional.

novamesa

Há dias fui almoçar a este restaurante que fica na esquina da Rua Marcos Portugal com a Praça das Flores. Ao fim-de-semana (pelo menos, ao almoço) tem um menu de cerca de €15,00, que inclui entrada, prato e sobremesa; bebidas à parte. Todos escolhemos como entrada Dim-sum que estavam deliciosos. Os pratos variaram entre caril de tofu (bom), bacalhau com uma cebolada de tomate (bom, mas levemente salgado) e um hambúrguer (médio). Havia múltiplas sobremesas, mas a escolha, mais uma vez, recaiu numa única: Muffin de chocolate com gelado de baunilha (ambos, muito bons) para todos. Com as bebidas: €20,00 por "bico".
Ambiente muito simpático, assim como o serviço.

Humor pela manhã... - 104


(...) E a Vítor Gaspar, era capaz de lhe comprar um carro?
Não.
Porquê?
Porque quando ele acabasse de me explicar as características do carro já teria saído um modelo novo. A menos que ele me quisesse vender o carro no estrangeiro, que ele lá fora fala mais depressa.

- Ricardo Araújo Pereira, entrevistado pela Visão.

[Quando eu morrer...]


Quando eu morrer
não me dêem rosas
mas ventos.
Quero as ânsias do mar
quero beber a espuma branca
duma onda a quebrar
e vogar.

Ah, a rosa dos ventos
a correrem na ponta dos meus dedos
a correrem, a correrem sem parar.
Onda sobre onda infinita como o mar
como o mar inquieto
num jeito
de nunca mais parar.

Alexandre Dáskalos (1924-1961)

Mini livros - 8

Lisboa: Estampa, 2009 

Este livrinho de 63 mm vem dentro duma caixa. Das 194 citações que contém, escolhi duas:

«O que é um amigo? Uma única alma que habita em dois seres.»
Aristóteles (384-322 a.C.)

«Nem todos podem ser teus amigos. Tem de ser alguém tão íntimo como a tua pele, que transmita cor, drama e sentido à tua vida.»
Henry Miller (1891-1980)

Obrigada à visitante que mo ofereceu.

Canzonissima - Fausto Leali

Voltemos aos anos 60. A voz expressiva de Fausto Leali em A chi continua a impressionar e comover. Segue um registo da RAI de 1969.
Buona giornata!

Dick Annegarn

No Mezzo uma viagem ao passado.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

«Coração independente», como mote

Joana Vasconcelos

«Eu gosto tanto de ti que tenho vergonha de mim. Há todas as razões boas para eu não gostar de ti, menos a de eu não gostar, porque gosto. É fantástico a gente sentir o que não quer e ter um coração independente.»
Fernando Pessoa
(Apontamento escrito na dobra de um envelope, em data incerta.)

No rescaldo do dia de ontem e da visita à expo sobre Pessoa, que me deu uma vontade danada de o reler. Parece-me ser mesmo esta a maior virtualidade desta mostra: pôr pessoas que nunca o leram, ou o conhecem mal (quem o conhece bem?) a lê-lo.

Não me parece que Pessoa fosse muito dado ao Fado. Apesar disso, aqui fica a Amália


Estranha forma de vida

Foi por vontade de Deus
que eu vivo nesta ansiedade.
Que todos os ais são meus,
Que é toda a minha saudade.
Foi por vontade de Deus.

Que estranha forma de vida
tem este meu coração:
vive de forma perdida;
Quem lhe daria o condão?
Que estranha forma de vida.

Coração independente,
coração que não comando:
vive perdido entre a gente,
teimosamente sangrando,
coração independente.

Eu não te acompanho mais:
pára, deixa de bater.
Se não sabes aonde vais,
porque teimas em correr,
eu não te acompanho mais.

Boa noite!

Ao final da tarde... - 33 : Paul McCartney



Podia ter sido ontem, mas hoje também é dia. My Valentine, escrita por Sir Paul e do novo álbum Kisses On The Bottom, à venda desde o passado dia 6.

Números - 83

                          - Uma fonte gelada, à porta do Palácio de Buckingham, Londres.
                   - Um jovem snowboarder perto da praça da catedral de Caen, França.
 - A congelada fonte Bartholdi na Praça Terraux, em Lyon, França.
. Numa praça gelada de Praga, há quem patine.


600

O número de mortos na Europa desde o início de Janeiro, vítimas da onda de frio polar mais inclemente dos últimos anos. Primeiro os sem-abrigo, depois os mais isolados, os mais frágeis ( idosos e crianças ), mostrando bem a fragilidade daquele que é ainda, apesar de tudo, o continente mais abastado do planeta.

Novidades - 217

Como diz o subtítulo, são variações literárias e culturais, de 27 autores, sobre política, artes, literatura, e ciência no período histórico que vai do Ultimato até ao Estado Novo. É uma edição da Esfera do Caos, com coordenação de Annabela Rita e Dionísio Vila Maior.

O Cantinho do Avillez

No local onde "nasceu" em 1995 o primeiro cibercafé de Lisboa - o Cyber.bica - instalou-se no final do ano passado O Cantinho do Avillez. O Cyber.bica, para além de ser local de encontro das comunidades virtuais, servia bitoques, omeletas, saladas e combinados. Fui lá umas duas vezes.


Por alturas do Natal, fui com umas amigas experimentar O Cantinho do Avillez e ficámos fãs. O hambúrguer de carne barrosã é delicioso. Comi um gelado de limão com manjericão e regado com vodka (parece-me), igualmente delicioso.
Há tempos quis lá ir almoçar com um prosimetronista, mas não havia lugar. Tem de se marcar com antecedência.
http://cantinhodoavillez.pt/
Rua Duques de Bragança, 7
Lisboa

Amanhã na Biblioteca Nacional de Portugal

Para o ano viajante em Jacarta

Fadil - Lightening striking near Merdeka Square, Jacarta

No, Woman!

No, woman! What lives in me
still easily evades your fevered and dark embrace,
intent on finding the greenness of another sea,
to be again on the ship where we first met,
surrendering the rudder to the wind,
our eyes fixed on waiting stars.
Something flapping its wings, again conveys
Tai Po and the secret of the Ambonese Sea.
Such is woman! A single vague line
is all I can write
in my flight towards her enigmatic smile.

1945
Chairil Anwar (1922-1949)

Arte poética


Olha a vida, primeiro longamente,
enternecidamente,
como quem a quer adivinhar...

Olha a vida, rindo ou chorando, frente a frente.

Deixa, depois, o coração falar.

Ronald de Carvalho (1893-1935)

Ronald de Carvalho, poeta simbolista brasileiro, um dos fundadores da revista Orpheu, faleceu no Rio de Janeiro no dia 15 de fevereiro.