Prosimetron

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sábado, 4 de julho de 2009

Parabéns!

Para o Nuno C. Branco, que hoje faz anos. Parabéns!

Lá fora - 42 : Um museu presidencial

Continuamos em França neste roteiro de exposições, que obedece acima de tudo a um critério pessoal: apresento aquelas que eu gostaria de ver, bem como outras que sei serem do agrado dos colegas aqui do blogue e de alguns leitores que conheço pessoalmente. Mas, para não ser sempre Paris, hoje vamos a Sarran, no dep. de Corréze. É em Sarran que está sediado um museu que me interessa sobretudo pelo exemplo que poderá ser seguido por outros homens públicos.
Falo do museu criado pelo ex-presidente francês Jacques Chirac, que alberga uma colecção de 5.000 objectos, dos quais 2.000 livros, objectos que lhe foram oferecidos durante o exercício das suas funções. São também quadros, esculturas, miniaturas e trajes. Desta colecção foram escolhidos 15o objectos mais representativos para formarem a exposição permanente.



Além da exposição permanente, o museu Chirac organiza exposições temporárias, estando patente, o que não surpreende dadas as predilecções de Chirac por Arte Chinesa, uma exposição de cerâmica antiga chinesa. Trata-se de 65 cerâmicas provenientes da mais importante colecção privada de arte chinesa do mundo, pertencente a dois irmãos suiços que se escondem sob o pseudónimo Meiyintang.

Além das exposições, o museu Chirac conta com uma biblioteca de 10.000 volumes, que compreende alguns milhares pertencente à colecção presidencial, outros adquiridos e outros depositados por bibliotecas municipais da região; bem como outros equipamentos ( loja, auditório, etc) .


- Trésors de la collection Meiyintang, Musée du Présidente Jacques Chirac, até 11 de Novembro.

Cinenovidades - 46 : Moon

Duncan Jones, 38 anos, formou-se em Filosofia, mas a sua verdadeira paixão é o cinema. E a sua primeira longa-metragem, Moon, bem acolhida em vários festivais norte-americanos, já está a ser exibida em alguns países europeus. Seguir-se-á Mute, que está em preparação e é um thriller futurista que pretende prestar tributo ao rei dos thrillers futuristas: Blade Runner, de Ridley Scott.
Escolhi este novo realizador a pensar na nossa Ana. Será que ela já percebeu, dadas as semelhanças físicas? É que Duncan Jones é o filho mais velho de David Bowie.

Primeira Feira da Achada - 11 de Julho 2009

primeira

FEIRA DA ACHADA

11 JUL 09

Largo da Achada – Lisboa

Realiza-se no sábado dia 11 de Julho, das 11h às 18h, a primeira Feira da Achada, no Largo da Achada, um largo lisboeta que nem todos conhecem e que merece ser visitado. Fica atrás da Igreja de S. Cristóvão, a uns passos da Rua da Madalena e do ex-mercado do Chão do Loureiro, na encosta do Castelo (aqui).

É uma feira de obras de arte, edições difíceis de encontrar e velharias.

O produto das vendas destina-se à Casa da Achada - Centro Mário Dionísio, em fase de instalação, que aí se situa e que organiza esta primeira Feira da Achada.

As obras de arte – serigrafias, desenhos e pinturas – foram quase todas oferecidas pelos seus autores à Casa da Achada - Centro Mário Dionísio para angariação de fundos. Estarão à venda neste dia obras de Ângelo de Sousa, Armando Alves, Carlos Calvet, Emerenciano, Eurico Gonçalves, Henrique Ruivo, João Vieira, Júlio Resende, Nikias Skapinakis, Raul Perez, Teresa Magalhães, entre outros. Os preços vão de 200€ a 3600€. Mais informação em http://leilaodartecmd.blogspot.com/

Também estarão à venda gravuras de Manuel Ribeiro de Pavia.

As edições e as velharias são igualmente ofertas de fundadores, colaboradores e amigos do Centro Mário Dionísio.

Durante a Feira, haverá música ao vivo, jogos (do burro ao dominó), fabricos (da fotogafia aos pins), iniciação ao vídeo para os mais pequenos, comes e bebes.

História em Poema do Carteiro de Pablo Neruda!

22

Vês, diz o Poeta
acabaste de fazer
uma metáfora;
olhando a água
que os pés vem molhar
eis dois bons amigos
um a aprender
outro a sonhar...

Maria José Taborda Oliveira, História em Poema do Carteiro de Pablo Neruda, São Paulo: Paulus, 1998, p. 22

Nota: Este poema foi inspirado no filme O Carteiro de Pablo Neruda, extraído do livro de António Skármeta com o mesmo título

Passei o Tejo à noitinha


TERCEIRA CANTIGA

Passei no Tejo à noitinha
E vi o Tejo calado.
Trago um barco de papel
Para o deitar no mar salgado.
Quando o barco se romper,
Deito no Tejo uma estrela.
E a estrela branca lá fica
E nunca mais torno a vê-la...
Que nas águas deste rio
Parte gente pró degredo...
O povo vive e não morre,
Mesmo cercado de medo!

Antunes da Silva publica, 25 anos mais tarde, o mesmo (?) poema modificado e acrescentado, com novo título (Lisboa: Livros Horizonte, 1982):

PASSEI O TEJO À NOITINHA
Passei o Tejo à noitinha
e vi o Tejo calado,
trago um barco de papel
p'ró deitar no mar salgado.
Quando o barco se romper
deito no Tejo uma estrela
e a estrela branca lá fica
e nunca mais torno a vê-la...
Dizem os homens e mulheres
que nas águas deste Tejo
barra fora lá seguiram
camponeses do Alentejo
que nesse tempo sentiram
o que era a triste vida
feita de nada de nada
e por demais permitida...
Falam os homens mais velhos
que neste rio -ó desgraça! -
partiu barco e partiu povo
rumo a Timor e Mombaça
passando pelo mar alto
p'ró Bié e Tarrafal,
gente de boa presença
que nunca a ninguém fez mal!
Diziam os homens mais velhos
com espanto e em segredo,
que nas águas do rio Tejo
partiu gente p'ro degredo:
Timor, Bié, Tarrafal,
no tempo do Salazar
as barcas seguiam cheias
a navegar, a navegar,
com homens em cativeiro,
Timor, Bié, Tarrafal,
e regressavam com ferro,
coco, amendoim e sisal...
Passo o Tejo à noitinha
e já ninguém me faz mal!

Antunes da Silva
(poeta, nasceu e morreu em Évora)

Purple Rain, Prince!

Cantares - 7

Geme de noite o açude
Batido pela levada;
Ninguém escuta ou presume
Que sofra, uma alma penada…
Vê tu o que é o costume!

Marcelino Mesquita

Ler com prazer 2.

Já tinha colocado um excerto deste livro mas agora enquadrei-o nesta rubrica porque adorei esta prosa em forma de pequenos poemas. A deixa é embriagai-vos. E de quê?

XXXIII
Embriagai-vos
É preciso estar sempre bêbado. Tudo reside nisso: eis a questão. Para não sentirdes o horrível fardo do Tempo que esmaga os vossos ombros e vos inclina para terra, precisais embriagar-vos sem tréguas.
Mas de quê? De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa vontade. Mas embriagai-vos.
E se às vezes, nos degraus de um palácio, na erva verde de uma vala, na morna solidão do vosso quarto, acordardes, a bebedeira leve ou curada, perguntai ao vento, à vaga, à estrela, ao pássaro, ao relógio, a tudo o que foge, a tudo o que geme, a tudo o que gira, a tudo o que canta, a tudo o que fala, perguntai que horas são; e o vento, a vaga, a estrela, o pássaro, o relógio, responderão: «São horas de embriagar-se! Para não serdes os escravos martirizados do Tempo, embriagai-vos; embriagai-vos sem parar! De vinho, de poesia ou de virtude, à vossa vontade.»

Charles Baudelaire, O Spleen de Paris (Pequenos Poemas em Prosa), Lisboa: Relógio D’Água, 2007, p. 97 (tradução de Jorge Fazenda Loureiro)

Les Coeurs Tendres! Brel

Y en a qui ont le cœur si large
Qu'on y entre sans frapper
Y en a qui ont le cœur si large
Qu'on en voit que la moitié

Y en a qui ont le cœur si frêle
Qu'on le briserait du doigt
Y en qui ont le cœur trop frêle
Pour vivre comme toi et moi

Z'ont pleins de fleurs dans les yeux
Les yeux à fleur de peur
De peur de manquer l'heure
Qui conduit à Paris

Y en a qui ont le cœur si tendre
Qu'y reposent les mésanges
Y en qui ont le cœur trop tendre
Moitié hommes et moitié anges

Y en a qui ont le cœur si vaste
Qu'ils sont toujours en voyage
Y en a qui ont le cœur trop vaste
Pour se priver de mirages

Z'ont pleins de fleurs dans les yeux
Les yeux à fleur de peur
De peur de manquer l'heure
Qui conduit à Paris

Y en a qui ont le cœur dehors
Et ne peuvent que l'offrir
Le cœur tellement dehors
Qu'ils sont tous à s'en servir

Celui-là a le cœur dehors
Et si frèle et si tendre
Que maudit soient les arbres morts
Qui ne pourraient point l'entendre

A pleines fleurs dans les yeux
Les yeux à fleur de peur
De peur de manquer l'heure
Qui conduit à Paris

Jacques Brel

sexta-feira, 3 de julho de 2009

De POEMAS DA NEGRA

III

Você é tão suave,
Vossos lábios suaves
Vagam no meu rosto,
Fecham meu olhar.

Sol-posto.

É a escureza suave
Que vem de você,
Que se dissolve em mim.

Que sono…

Eu imaginava
Duros vossos lábios,
Mas você me ensina
A volta ao bem.


De POEMAS DA AMIGA

VII

É uma pena, doce amiga,
Tudo o que pensas em mim.
Eu sei, porque acho uma pena
Também o que penso em ti.

Mesmo quando conversamos,
É uma pena, outras conversas
De olhos e de pensamentos,
Andam na sala, dispersas.

Mário de Andrade

Um poeta paulista do agrado de Miss Tolstoi. E do meu.

DN : "A lenta e difícil assimilação da Modernidade em Portugal"

O Diário de Notícias de hoje, 3 de Julho, nas páginas centrais, faz uma boa reportagem sobre a Exposição inaugurada ontem no Museu Nacional de Arte Contemporânea dedicada à "Arte Moderna em Portugal, de Amadeo a Paula Rego". Na chamada de atenção para algumas das obras expostas salienta: Gadanheiro, Pomar; Cabeça, Amadeo; Self-portrait in red, Paula Rego; L'Oranger, Vieira da Silva; Colagem, Jorge Vieira; e A Sesta, Almada Negreiros. Até aqui, tudo bem... mas dizer que a o carvão de Almada é uma obra póstuma, feita por um espírito (psicopintura (?), não sei se o termo existe), parece mais difícil. Mas como, pergunta o leitor, se A Sesta se a obra é de 1939? pois... Mas Maria João Caetano informa que Almada Negreiros morreu em 1930.
Mas também não acertou a data de nascimento... portanto deve ser um outro pintor... É que o José Sobral de Almada Negreiros, que conhecemos, nasceu em 1893 e morreu em 1970.
Assim vai a cultura neste país.

Uma sugestão para o almoço...

E que tal almoçar hoje no Restaurante Floresta, em Campolide, passe a publicidade...

A "assistência técnica "


Perfeitamente ajustado à realidade lusa...

Mais vale tarde...

- Piazza Campo de Fiore, Roma, e no centro a estátua de Giordano Bruno.
O cientista Nicola Cabibbo, Presidente da Academia Pontifícia para as Ciências, instituição ligada à Santa Sé, tem diligenciado junto da Cúria Romana no sentido de se proceder à reabilitação formal de Giordano Bruno, filósofo e frade dominicano que foi discípulo de Copérnico, e queimado em 1600 por heresia na praça onde hoje está a sua estátua em Roma.
Por enquanto, o Vaticano não se pronuncia quanto ao requerimento do prof.Cabibbo.
Sendo este o Ano Internacional da Astronomia, penso que seria um gesto bonito da parte do Vaticano. Espero que não seja preciso fazer mais uma petição...

Lá fora - 41 : Uma bíblia do Surrealismo


Foi inaugurada em Paris no passado dia 30 uma exposição sobre um livro/objecto de arte que é considerado como uma das bíblias do Surrealismo: Une semaine de bonté ou les Sept Pechés capitaux, o romance feito com colagens por Max Ernst em 1934.
- Les collages de Max Ernst- Une semaine de bonté, Musée d' Orsay, até 13 de Setembro.


60 anos de uma nação: 1988

(I’ve had) the time of my life, o tema principal da banda sonora do filme Dirty Dancing, é galardoado com um Óscar. A película fascina nove milhões de espectadores na RFA, e é posteriormente exibida nos cinemas da Alemanha Oriental. A narrativa romântica à volta de Johnny Castle e Frances “Baby” Houseman, interpretados por Patrick Swayze e Jennifer Grey, encanta menos pelo argumento e mais pelos ritmos musicais: o Mambo, pouco conhecido e praticado até à época, parece contagiar multidões em escolas de dança e discotecas. Shows musicais baseados no filme continuam em digressão pela Alemanha, passados quase vinte anos após a estreia do filme em 1988.

Os deputados do Bundestag em Bona comemoram os acontecimentos da Reichspogromnacht de 9 de Novembro de 1938, em que 1300 judeus foram assassinados, 30.000 judeus detidos e centenas de sinagogas incendiadas. Discursa o Presidente do Bundestag, Philipp Jenninger. Inesperadamente, tenta dar uma explicação para os factos históricos ocorridos nessa noite sangrenta. O discurso torna-se desastroso: Jenninger falha ao referir-se às capacidades de liderança de Hitler, ao “fascínio” da ascensão rápida do regime em 1933 e de ressentimentos anti semitas “justificáveis” da população alemã. Falha por não se distanciar claramente do acontecido. Vários deputados de Os Verdes e do partido social-democrata abandonam o Bundestag durante a cerimónia em sinal de protesto. A opinião pública reage com consternação e incompreensão pelas palavras escolhidas de um dos mais altos políticos. A comunidade judaica mostra-se chocada. Jenninger cede à pressão, demite-se do cargo no dia seguinte e defende-se, novamente de forma ambígua, ao declarar à imprensa que “é proibido chamar as coisas pelo nome na Alemanha”. Pouco tempo depois, viria a ser Embaixador da RFA em Viena.

- CONTINUAÇÃO NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA -

Imagens: Dirty Dancing; Philipp Jenninger

Crónicas de Clarice - 11

DECLARAÇÃO DE AMOR ( 11 de Maio de 1968 )

Esta é uma confissão de amor: amo a língua portuguesa. Ela não é fácil. Não é maleável. E, como não foi profundamente trabalhada pelo pensamento, a sua tendência é de não ter sutilezas e de reagir às vezes com um verdadeiro pontapé contra os que temerariamente ousam transformá-la numa linguagem de sentimento e de alerteza. E de amor. A língua portuguesa é um verdadeiro desafio para quem escreve. Sobretudo para quem escreve tirando das coisas e das pessoas a primeira capa de superficialismo.

Às vezes ela reage diante de um pensamento mais complicado. Às vezes se assusta com o imprevisível de uma frase. Eu gostava de manejá-la - como gostava de estar montada num cavalo e guiá-lo pelas rédeas, às vezes lentamente, às vezes a galope.

Eu queria que a língua portuguesa chegasse ao máximo nas minhas mãos. E este desejo todos os que escrevem têm. Um Camões e outros iguais não bastaram para nos dar para sempre uma herança de língua já feita. Todos nós que escrevemos estamos fazendo do túmulo do pensamento alguma coisa que lhe dê vida.

Essas dificuldades, nós as temos. Mas não falei do encantamento de lidar com uma língua que não foi aprofundada. O que recebi de herança não me chega.

Se eu fosse muda, e também não pudesse escrever, e me perguntassem a que língua eu queria pertencer, eu diria: inglês, que é preciso e belo. Mas como não nasci muda e pude escrever, tornou-se absolutamente claro para mim que eu queria mesmo era escrever em português. Eu até queria não ter aprendido outras línguas: só para que minha abordagem do português fosse virgem e límpida.

- Clarice Lispector, A DESCOBERTA DO MUNDO, Nova Fronteira, 1984.

Sobre o proverbial egoísmo dos escritores...

Escritor



Telefonava-lhe a meio da noite. Não importava a hora, precisava. Ela acordava sobressaltada. Ele dizia: "Sou eu." Ela dizia: "És tu?" fingindo espanto.

Ele dizia disparates. Ela ficava a ouvir.



Isto durou alguns meses. Até ele acabar o romance que estava a escrever. Depois deixou de telefonar. Ela primeiro ficou triste e depois procurou um namorado que não fosse escritor.



- Pedro Paixão, Do mal o menos ( oito livros reunidos ) , Cotovia , 2000.

II As Criaturas Novas

Ele falou comigo. Intimidou-me
com risadas. Pegou
na minha mão e revelou-me o
silêncio na sibilante frescura dos
Sinos.

Jim Morrison, Os Mestres e as Criaturas Novas, Lisboa: Assírio & Alvim, 1987, p.111

The Doors: Whiskey Bar / Alabama Song


Sophia de Mello Breyner e a literatura infantil !

No seguimento do post de João Mattos e Silva, lembrei-me dos contos de Sophia para crianças e da sua predilecção pelo Oriente. Assim deixo aqui um excerto da "Árvore".
x
Arpad Szenes, Sophia de Mello Breyner Andresen
"Era uma vez – em tempos muito antigos, no arquipélago do Japão – uma árvore enorme que crescia numa ilha muito pequenina. Os japoneses têm um grande amor e um grande respeito pela Natureza e tratam todas as árvores, flores, arbustos e musgos com o maior cuidado e com um constante carinho. Assim, o povo dessa ilha sentia-se feliz e orgulhoso por possuir uma árvore tão grande e tão bela: é que em nenhuma outra ilha do Japão, nem nas maiores, existia outra árvore igual."
Sophia de Mello Breyner Andresen, A Árvore, Porto, Liv. Figueirinhas, 1987.

A partir do conto: "A Floresta", Eurico Carrapatoso realizou uma ópera infantil que estreou no Teatro São Luiz em 2004. O libreto é de Ana Maria Magalhães e de Isabel Alçada.

Cantares - 6

É que ao avistar na terra
O nosso primeiro amor
A dor transforma-se em riso
E o riso torna-se dor.

Marcelino Mesquita

Uma milésima faceta de um rosto! V

Tibério Cláudio Duro segundo Suetónio


"Distribuiu frequentes vezes gratificações ao povo. Deu também muitos espectáculos magníficos, não se contentou com os jogos habituais em sítios costumados, mas imaginou outros e fez reviver jogos antigos, e onde nunca ninguém se lembrara de os realizar. Nos jogos para a consagração do teatro de Pompeu que fora devorado pelo fogo (no tempo de Tibério) e que ele mandara reconstruir, deu o sinal de uma tribuna colocada na orquestra, depois de oferecer um sacrifício nos templos que dominavam o teatro (Templo duplo de Vénus Vitoriosa e da Vitória) e de ter atravessado pelo meio de toda a assembleia sentada e silenciosa."

Suetónio, Os Doze Césares, Livro Quinto, Lisboa: Assírio e Alvim, 2007, p.280.

quinta-feira, 2 de julho de 2009

"Só hoje é que percebi"

A frase que é o título deste post foi ontem proferida por Manuel Dias Loureiro, à saída do interrogatório de ontem como arguido no DCIAP, a propósito claro está do caso BPN.
Não fiquei surpreendido com Dias Loureiro ter sido constituído arguido, o segundo depois de Oliveira e Costa, era expectável, mas fiquei estarrecido com as declarações que prestou aos jornalistas à saída do interrogatório, designadamente quando disse que só na inquirição é que percebeu alguns dos negócios em que está implicado. Dias Loureiro tem um descaramento e uma desfaçatez impressionantes.

IN MEMORIAM : Karl Malden

Morreu ontem o grande actor norte-americano de origem checa, Karl Malden ( 1912-2009 ) , que dos sucessos nos palcos da Broadway, designadamente em peças de Henry Miller e Tennessee Williams, se mudou para Hollywood onde trabalhou, entre outros, com John Ford e Elia Kazan, tendo recebido um Óscar por um filme realizado por este último: Um eléctrico chamado desejo.
Em 1972, passou para a televisão, designadamente na série Ruas de São Francisco, série policial onde tinha como colega de investigação um jovem chamado Michael Douglas, série que durou anos e também passou entre nós, ainda na década de 70 e mais tarde em reposição, quando a vi.

Paris: Musée des Arts Décoratifs



Estava à procura da exposição de Jules Chéret e encontrei esta que mostra 120 brinquedos musicais. Deve ser gira.

Elegâncias - 31





Desta vez trago umas carteiras (com pernas),
de Jerôme Dreyfuss, que tem loja em Paris,
perto da praça da minha predilecção.

A EXPOSIÇÃO IMPRESSIONISTA – 1

por Louis Leroy

Oh! Foi um dia difícil, aquele em que me abalancei a visitar a primeira exposição do boulevard des Capucines, na companhia do Sr. Joseph Vincent, paisagista, aluno de Bertin, medalhado e condecorado por diversos governos.
O imprudente tinha ido sem ideias preconcebidas, pensando ir ver pintura como se vê em qualquer parte, boa e má, mais má que boa, mas não atentatória dos bons costumes artísticos, do culto da forma e do respeito pelos mestres. Ai! A forma. Ai! Os mestres. Tudo isso deixou de ser preciso, meu pobre velho! Nós mudámos tudo isso.
Ao entrar na primeira sala, Joseph Vincent recebeu um primeiro golpe diante da bailarina do Sr. Degas.
- Que pena – disse-me – que o pintor, que tem um certo sentido da cor, não desenhe melhor! As pernas da bailarina são tão frouxas como a gaze do tutu.
- Acho que está a ser duro com ele – repliquei eu. – O desenho até é bastante rigoroso.
O aluno de Bertin, pensando que estava a ironizar, limitava-se a encolher os ombros, sem se dar ao trabalho de me responder.
Depois, com muita calma e com o meu ar mais inocente, levei-o até ao Campo Lavrado do Sr. Pissarro.
À vista daquela paisagem espantosa, o bom do homem pensou que tinha as lentes dos óculos sujas. Limpou-as com todo o cuidado e voltou a pôr os óculos em cima do nariz.
- Valha-nos Miguel Ângelo! – gritou. – O que vem a ser isto?
- É o que está a ver: geada sobre sulcos profundos de um campo lavrado.
- Você chama àquilo sulcos? Chama àquilo geada? Eu chamo-lhes arranhões de paleta feitos de maneira uniforme numa tela suja. Aquilo não tem pés nem cabeça, alto nem baixo, frente nem verso.
- Talvez. Mas a impressão está lá.
- Pois olhe, é uma impressão esquisita!... Ah!, e aquilo ali?
- Um pomar do Sr. Sisley. Recomendo-lhe a árvore pequena da direita, que é alegre, mas a impressão…
- Não me venha com essa da impressão… Isto não está feito nem por fazer. Mas temos aqui esta Vista de Melun do Sr. Rouart, onde há qualquer coisa nas águas. Por exemplo a sombra do primeiro plano é muito estranha.
- O que lhe está a fazer confusão é a vibração dos tons.
- Diga antes a distorção dos tons, para eu perceber melhor. Ah! Corot, Corot, quantos crimes se cometem em teu nome! Foste tu que lançaste a moda desta execução descuidada, destas aguadas, destas chapadas de tinta contra as quais o amante da arte se insurgiu durante trinta anos, acabando por aceitá-las obrigado e forçado pela tua tranquila obstinação. Mais uma vez a água mole venceu a pedra dura.
O pobre homem lá ia disparatando pacificamente e nada me levava a prever o acidente desagradável que iria resultar da sua visita àquela louvável exposição.
Suportou mesmo sem grande reacção a visão dos Barcos de pesca saindo do porto do Sr. Monet, talvez porque eu o arranquei a essa perigosa contemplação antes que as figurinhas deletérias do primeiro plano pudessem produzir efeito. Infelizmente, cometi a imprudência de o deixar muito tempo diante do Boulevard des Capucines, do mesmo pintor.
- Ah! Ah! – exclamou, sarcástico. – Este está bem feito! Se isto não é a impressão, não sei o que seja. Só não sei o que representa estas migalhas todas na base do quadro.
- Mas isso são as pessoas a passear – respondi eu.
- Quer você dizer que eu sou assim quando passeio pelo Boulevard des Capucines? Com mil diabos! Então você agora está a gozar comigo?
- Garanto-lhe, Sr. Vincent…
- Mas essas manchas foram feitas pelo método que se utiliza para clarear a pedra das fontes. Zás-trás, como sair saiu. É inaudito, espantoso. Acho que me vai dar uma coisa…

Continua amanhã


Claude Monet - Le Havre, bateaux de pêche sortant du port
Óleo sobre tela, 1874
Los Angeles County Museum of Art



Claude Monet - Boulevard des Capucines
Óleo sobre tela, 1873


Mais uma crítica, desta vez acerca de uma exposição que o grupo realizou em Paris, em 1874. Louis Leroy foi, inadvertidamente, o responsável pela designação de Impressionismo dada a esta corrente pictórica, através desta crítica, publicada em Le Charivari (Paris, 25 Abr. 1874)
Alguém conhece o pintor Joseph Vincent?

Um Cover numa de revivalismo... 2!

Marianne Faithfull "As Tears Go By" , música de Mick Jagger e Keith Richards (Hullabaloo London 1965). Marianne é apresentada por Paul Anka, então muito novinho...

Lá fora - 40 : Os russos no Lago de Como

- A bela Villa Olmo, obra do arquitecto Simone Cantoni no final do séc.XVIII.
- Vista aérea da Villa Olmo, à beira do Lago de Como.

Está patente na Villa Olmo, a deslumbrante galeria municipal de Como, uma exposição sobre a pintura russa dos anos 1900 a 1930, com cerca de 60 telas de Chagall, Kandinsky e Malevitch, a que acrescem 15 telas do visionário e apocalíptico Pavel Filanov.
Até 26 de Julho.

Lá fora - 39 : Jules Chéret

Jules Chéret, que penso já ter sido falado aqui no blogue pela M.R. , foi um notável pintor, litógrafo e decorador francês, mas é sobretudo conhecido como o inventor do moderno cartaz publicitário. E é esta faceta que é agora mostrada na exposição que lhe é dedicada no Musée des Arts Décoratifs de Paris, onde podem ser vistos muitos cartazes, maquetes, jornais e programas, provenientes do vasto fundo Jean Chéret do próprio museu.
E quem é que reconhece o cavalheiro de bengala que está com Chéret na foto acima?

- Jules Chéret- De l' affiche au décor, até 6 de Setembro.

É para ir


Os meus franceses - 73


Henri Garat - En parlant un peu de Paris (1932)

Um Cover numa de revivalismo... 1!

Gosto muito destes dois interpretes. Julgo que li num comentário que JP gostava do David Bowie. Se não estiver enganada esta música é para si JP. Penso que, para além de uns amigos meus, só somos dois neste blogue que o apreciamos. Estarei enganada?

I got you babe!David Bowie and Marianne Faithful

Paris: Saint Michel

Paris: Saint Michel... para um banho de civilização... humana; isto é, gente bem vestida.

60 anos de uma nação: 1987

Os projectos reformadores de Perestrojka e Glasnost de Gorbatschow são recebidos com muitas reservas por parte dos responsáveis políticos da RDA. São, por isso, excluídos da ordem de trabalhos da cimeira que reúne os chefes de Estado dos países pertencentes ao Pacto de Varsóvia em Berlim Oriental a 29 de Maio. Há todavia unanimidade quanto ao objectivo de um desarmamento contínuo. Parece assim realizável a hipótese de um desarmamento mútuo das duas super-potências. Na verdade, Reagan e Gorbatschow viriam a assinar o tratado em Dezembro deste ano que previa a destruição de todos os mísseis nucleares de médio alcance. Começa o fim da Guerra Fria.

A cidade de Berlim festeja o seu 750º aniversário. Apesar da aproximação entre os Estados Unidos e a União Soviética, celebram ambas as partes a efeméride separadamente. Berlim Oriental orgulha-se da reconstrução do bairro Nikolai à volta da igreja homónima, a mais antiga de Berlim. Um cortejo monumental a 4 de Julho mostra a história da cidade e dá provas do progresso que o socialismo alcançou no entender dos organizadores.


O sector ocidental contrapõe com a inauguração do Deutsches Historisches Museum. Ponto alto das festividades é um concerto ao ar livre diante do Reichstag em que participam os grandes nomes internacionais da música pop da época, entre eles, David Bowie, os Eurythmics e os Génesis. Um dos altifalantes, virado para leste, atrai jovens de Berlim Oriental que, separados do concerto pelo muro, assistem ao espectáculo à distância. A polícia da RDA, a Volkspolizei, reage com preocupação pelo entusiasmo dos jovens: registam-se confrontos entre os fãs e os agentes, 200 jovens são detidos. Poucos dias depois, viria Ronald Reagan a Berlim Ocidental e exigir de Gorbatschow: "Tear Down this Wall".

Schleswig-Holstein, o Estado da RFA junto à fronteira com a Dinamarca, é palco de um escândalo que rapidamente abala toda a república: o semanário Der Spiegel anuncia publicar, um dia após as eleições estaduais, um artigo sobre manipulações eleitorais da autoria de Uwe Barschel, o actual primeiro-ministro conservador deste Estado. Segundo a revista, Barschel terá dado instruções ao seu assessor de imprensa com vista a observar a vida particular de Björn Engholm, líder do partido da oposição social-democrata, e a sabotar a campanha eleitoral do adversário. Barschel nega as acusações. Numa conferência de imprensa, cinco dias após o escrutínio, dá mediática e pateticamente a sua “palavra de honra” que as alegações são simplesmente falsas. As investigações posteriores indiciam o envolvimento de Barschel neste escândalo que se demite do cargo a 2 de Outubro. A 11 de Outubro, é encontrado morto numa banheira do seu quarto de hotel em Genebra. As circunstâncias – homicídio ou suicídio – nunca viriam a ser esclarecidas.
Imagens: Gorbatschow; Berlim, igreja S. Nicolau (Nikolaikirche); Ronald Reagan em Berlim; Uwe Barschel

Sinais de Fogo esgotado !

Aqui fica este "desabafo" da nossa leitora Miss Tolstoi, com o qual me identifico por já ter vivenciado situações semelhantes com outros autores. Tanto marketing, tanto planeamento e afinal...







A RTP demorou imenso tempo para produzir um documentário sobre os Sinais de Fogo de Jorge de Sena. E quando foi para o ar o programa? Quando o livro está esgotado. Tenho corrido as livrarias todas de Lisboa, alfarrabistas incluídos, e nada. No último em que entrei, ouvi: "Ainda agora saiu daqui uma pessoa a perguntar pelo livro. Isso agora deve estar impossível de arranjar!"


Miss Tolstoi

P.S. - E antes que desponte mais uma teoria, declaro já solenemente que não sou eu quem se oculta sob o pseudónimo Miss Tolstoi !

Novidades - 57 : Ainda e sempre Dumas

- La duchesse de Berry, Sir Thomas Lawrence, Palácio de Versalhes.
Sempre senti admiração por esta irrequieta e corajosa Maria-Carolina de Bourbon-Duas Sicílias ( 1798-1870 ) mais conhecida como duquesa de Berry, mas não fazia ideia sequer que Alexandre Dumas tinha escrito sobre ela. Mas a verdade é que foi descoberto mais um inédito de Dumas pai, precisamente dedicado a esta intrépida nora de Carlos X, mãe do último Bourbon directo e que tanto lutou pelos direitos do seu filho contra tudo e todos até ao limite.
- La Vendée et Madame, Alexandre Dumas, texto inédito descoberto, fixado e anotado por Claude Ribbe, Alphée, 270p. , 18,90€.


Ler com prazer 1.

Filipe Nicolau falou num livro cujo título me agradou: Longe da Multidão. Os seus posts á volta deste tema foram belíssimos.
Não conhecia este livro. Comecei a ler com grande prazer… leio poucas páginas de cada vez para durar muito tempo. Tenho uma lista enorme de livros e, neste momento, muito trabalho.
Ler Thomas Hardy é estar à janela com os olhos pousados no horizonte a saborear a maresia ou a magnífica paisagem do Monte Isidor…

“Os elementos humanos menores mantinham-se fora da vista; a mesquinhez que tão frequentemente surge em toda a vida e actuação humana era ocultada pelo facto de o amante e a amada não se visitarem; e dificilmente ocorreria a Boldwood que as realidades da vida

caseira lhe podiam dizer respeito e que ela, como todas as outras mulheres, tinha momentos vulgares, em que ser menos vista era ser mais belamente recordada. Assim, uma espécie de apoteose ocorria na fantasia de Boldwood, enquanto ela ainda vivia e respirava dentro do seu próprio horizonte, do horizonte de uma criatura perturbada como ele era.(…) Por essa altura, já se tinha habituado a viver apaixonado, a paixão agora sobressaltava-o menos, apesar de o torturar mais, e sentia-se adaptado à situação”.
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Obrigada Filipe

Thomas Hardy, Longe da Multidão, Lisboa: Publicações Europa-América, 1999 (tradução de Mª Clarissa Tavares), p.113.

Pastor Amoroso III

Agora que sinto amor
Tenho interesse nos perfumes.
Nunca antes me interessou que uma flor tivesse cheiro.
Agora sinto o perfume das flores como se visse uma coisa nova.
Sei bem que elas cheiravam, como sei que existia.
São coisas que se sabem por fora.
Mas agora sei com a respiração da parte de trás da cabeça.
Hoje as flores sabem-me bem num paladar que se cheira.
Hoje às vezes acordo e cheiro antes de ver

Alberto Caeiro, in "O Pastor Amoroso III"

Arquitectos VIII: João P. Santa-Rita.

Berlim foi uma das cidades europeias que me fascinaram pela sua história e pela força daquele povo que a fez renascer das cinzas. A partir desta premissa procurei um nome português associado á sua reconstrução e encontrei o arquitecto João Santa-Rita que construiu o edifício da embaixada de Portugal em Berlim (1998).

O edifício da Embaixada de Portugal em Berlim foi construído no Tiergarten,
o local é um pequeno lote, que a proximidade do Tiegarten transformou na edificação de um jardim vertical – numa estrutura que pretende simultaneamente criar, uma referência na cidade e recolher-se e camuflar-se de modo a proporcionar privacidade e segurança aos que a habitam – no seu topo propõe-se um jardim e uma habitação sobre a construção e a cidade

A concepção arquitectónica define grandes espaços e um vasto átrio interno, numa área livre de aproximadamente 30 por 30 m. A equipa responsável pelo projecto teve de cumprir todos os requisitos estabelecidos nas Normas de Construção Alemãs. Estas diferem consideravelmente das Portuguesas, principalmente devido ao seu clima mais rigoroso. O telhado e as caleiras são aquecidos para evitar a acumulação de neve e congelamento das condutas de drenagem. A rede de abastecimento de água quente possui, nos percursos mais extensos da tubagem, um sistemasecundário de aquecimento, através de um sistema eléctrico".
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João Santa-Rita, projectos 1987-1998, Lisboa: Estar, Editora Ldª, 1998
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João P. Santa-Rita nasceu em Lisboa e licenciou-se em Arquitectura pela Escola Superior de Belas-Artes de Lisboa. Em 1982 frequentou o Curso de Verão da Universidade de Arquitectura de Darmstadt. Em 1990 criou o Atelier Santa-Rita Arquitectos com o pai José Santa-Rita, também arquitecto. Foi premiado em concursos nacionais e internacionais tendo obtido uma menção honrosa no Concurso Internacional para a Revitalização do ULUGH-BEG CENTER em Samarcanda - ex-URSS E o 1º Prémio no Concurso Internacional para o Plano de Urbanização de Almada Nascente com WS Atkins e Richard Rogers Partnership
É autor de várias obras, nomeadamente, do Museu do Fado (1995-96) e do Monumento ao Dr Azeredo Perdigão (1996) entre outras
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http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Santa-Rita

Cantares - 5

Encontrei ontem na estrada
O meu amor de algum dia:
Quando ele ria eu chorava
Quando ele chorava eu ria!

Marcelino Mesquita

Lá fora - 38 : O Barroco em Londres

Foi uma das grandes exposições londrinas da Primavera e é ainda visitável até meados deste mês, a sumptuosa Baroque ( 1620-1800 ) no Victoria&Albert Museum.
É o esplendor do Barroco nas suas várias manifestações artísticas, e nas mais variadas proveniências: de Roma a Antuérpia, de Versalhes ao México.
Será que o nosso Filipe Nicolau, que ainda está em Londres mais uns dias, já passou ou irá passar por lá?

- Baroque ( 1620-1800 ) - Style in the Age of Magnificience, Victoria&Albert Museum, até 19 de Julho. Para saber mais: http://www.vam.ac.uk

Uma milésima faceta de um rosto! IV

Caio Calígula segundo Suetónio
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“XX Deu espectáculos fora de Roma: na Sicília, em Siracusa, jogos urbanos, e na Gália, em Lugduno, jogos mistos; mas em Lugduno organizou outrossim, um concurso de eloquência grega e latina, no qual, segundo se diz, os vencidos eram obrigados a oferecer prémios aos vencedores e ainda por cima tinham de fazer-lhes os panegíricos; quanto aos piores concorrentes, era-lhes ordenado, ao que parece, que apagassem os seus escritos com uma esponja ou com a língua, a menos que preferissem receber palmatoadas ou ser precipitados no rio.”

Suetónio, Os Doze Césares, Livro Quarto, Lisboa: Assírio e Alvim, 2007, p.227.

quarta-feira, 1 de julho de 2009

Que fizeste hoje em prol da humanidade?


O ontem e o amanhã não existem quando queremos fazer! Vamos fazer, hoje, alguma coisa em prol da humanidade!

Parabéns!

E hoje, 1 de Julho, é também o dia do aniversário do meu querido amigo Pedro Franco. Como eu não sei cantar, aqui ficam os parabéns dados pela simpática Beyonce.

Numa de revivalismo quem não se lembra? "I got you babe!"

Sonny Bono & Cher, (Salvatore Phillip e Cherilyn Sarkisian LaPiere), 1965, para o entardecer desta quarta-feira.

Quer jantar no Titanic ?

Já que se falou aqui recentemente da exposição que está patente na Estação do Rossio, achei por bem dar conta da recriação que se faz este mês em Lisboa do último jantar servido a bordo do mítico transatlântico. Realiza-se no restaurante Le Café do Dom Pedro Palace, às Amoreiras, dos dias 7 a 11 de Julho, entre as 19h30 e as 22h30. É preciso reservar ( p. ex. para o nº 21 389 66 00 ) e o preço é de 65 euros por pessoa, sem bebidas, e quem jantar tem direito a um bilhete para a exposição.
A ementa não é rigorosamente a mesma, já que foi encurtada: em vez dos 11 pratos originais, são servidos no Le Café apenas 8, número que se entende suficiente para o apetite médio, sendo certo que vários pratos não têm acompanhamento.
Aqui fica então a descrição :

1- Ostras marinadas à russa, com vodka e rábano; 2- Creme de pérolas de cevada com natas ;

3- Lombo de salmão ao vapor com creme Mousseline e chips de pepino;

4- Peito de frango corado à Lyonnaise com creme de cenouras;

5- Rosbife em vinho tinto, tomilho e cogumelos silvestres;

6- Sorbet de rum, laranja e champanhe;

7- Salada de espargos com vinagrete de champanhe e açafrão;

8- Éclairs recheados com creme de baunilha francês.


Evidentemente, este foi o jantar servido na fatídica noite de 14 de Abril de 1912 no restaurante da primeira classe do navio, já que as ementas dos da segunda e terceira classes eram mais modestas...
A confecção deste jantar recriado está a cargo do chefe português Gil Martins.