Prosimetron

Prosimetron

sexta-feira, 3 de julho de 2009

60 anos de uma nação: 1988

(I’ve had) the time of my life, o tema principal da banda sonora do filme Dirty Dancing, é galardoado com um Óscar. A película fascina nove milhões de espectadores na RFA, e é posteriormente exibida nos cinemas da Alemanha Oriental. A narrativa romântica à volta de Johnny Castle e Frances “Baby” Houseman, interpretados por Patrick Swayze e Jennifer Grey, encanta menos pelo argumento e mais pelos ritmos musicais: o Mambo, pouco conhecido e praticado até à época, parece contagiar multidões em escolas de dança e discotecas. Shows musicais baseados no filme continuam em digressão pela Alemanha, passados quase vinte anos após a estreia do filme em 1988.

Os deputados do Bundestag em Bona comemoram os acontecimentos da Reichspogromnacht de 9 de Novembro de 1938, em que 1300 judeus foram assassinados, 30.000 judeus detidos e centenas de sinagogas incendiadas. Discursa o Presidente do Bundestag, Philipp Jenninger. Inesperadamente, tenta dar uma explicação para os factos históricos ocorridos nessa noite sangrenta. O discurso torna-se desastroso: Jenninger falha ao referir-se às capacidades de liderança de Hitler, ao “fascínio” da ascensão rápida do regime em 1933 e de ressentimentos anti semitas “justificáveis” da população alemã. Falha por não se distanciar claramente do acontecido. Vários deputados de Os Verdes e do partido social-democrata abandonam o Bundestag durante a cerimónia em sinal de protesto. A opinião pública reage com consternação e incompreensão pelas palavras escolhidas de um dos mais altos políticos. A comunidade judaica mostra-se chocada. Jenninger cede à pressão, demite-se do cargo no dia seguinte e defende-se, novamente de forma ambígua, ao declarar à imprensa que “é proibido chamar as coisas pelo nome na Alemanha”. Pouco tempo depois, viria a ser Embaixador da RFA em Viena.

- CONTINUAÇÃO NA PRÓXIMA SEGUNDA-FEIRA -

Imagens: Dirty Dancing; Philipp Jenninger

2 comentários:

LUIS BARATA disse...

Desconhecia por completo essa "febre" pelo Mambo que assolou a Alemanha! Por cá, já há uns anos, houve uma onda semelhante mas com a Salsa, lembram-se? Discotecas de Salsa, aulas e discos por todo o lado.

Anónimo disse...

Também desconhecia essa "febre".
É sempre difícil falar no genocídio e encontrar justificações "justificáveis". É óbvio que era necessário um discurso mas o distanciamento nem sempre é fácil e tinha de ter havido muito tacto... bem lembrado este acontecimento.
Até 2ª feira!
A.R.