
Le Brelan de la vie humaine
Anónimo, França, final do século XVII
Óleo sobre tela
Um museu que não visitámos por falta de tempo: Musée Français de la Carte à Jouer, em Issy-les-Moulineaux. Podem dar uma vista de olhos em: http://www.issy.com/musee/
" Todos devem respeitar a liberdade de expressão"
- Davood Emdadian, Portrait de mon fils, 1986, óleo sobre tela, 100x100cm, col.part.
- Constant Le Breton ( 1895-1985 ), - L' enfant aux soldats de plomb, 1938, óleo sobre tela, 81x65cm, col.part.
- Palácio do Rei de Roma, Rambouillet.




Ah, Sun-flower! weary of time,
Who countest the steps of the Sun,
Seeking after that sweet golden clime
Where the traveller's journey is done:
Where the Youth pined away with desire
And the pale Virgin shrouded in snow
Arise from their graves, and aspire
Where my Sun-flower wishes to go.
William Blake, Songs of Innocence and Experience, in Songs of Experience, no. 14, published 1794
Óleo sobre tela 38.1 × 46 cm, The National Gallery, Londres

Não me interessa o debate conversa pública/conversa privada, nem os limites do direito à privacidade dos governantes, sendo certo que um político experimentado como José Sócrates não pode desconhecer que falar alto num restaurante não garante a privacidade de tal conversa nem aqui nem na Coreia do Norte.
Wu Hou foi a única mulher a ser reconhecida oficialmente como imperatriz da China, durante a dinastia Tang. Oriunda de uma linhagem real, Wu iniciou a sua trajectória ingressando aos 13 anos no harém do imperador Taizong, e depois no harém do imperador seguinte, Gaozong. Mestra na manipulação, Wu convenceu o imperador a reconhecê-la apenas uma posição abaixo da imperatriz consorte. Mais tarde casa-se com Gaozong governando a seu lado entre os anos 670 a 683, e sozinha até 705, quando morreu. Protagonista de uma brutal ascenção ao poder nem tudo foi mau durante o reinado de Wu, que criou uma polícia secreta para espiar os seus opositores, aprisionando e assassinando quem se colocasse no seu caminho. Entre as medidas tomadas, a imperatriz reduziu o tamanho do exército permanente e substituiu os aristocratas do governo por intelectuais. Foi justa com os agricultores, diminuindo os impostos, estimulando a produção agrícola e fortalecendo os serviços públicos. Wu também lutou para elevar a condição da mulher na sociedade de então, fazendo com que os intelectuais escrevessem biografias de figuras femininas famosas. Morreu aos 80 anos quando foi incapaz de deter um golpe de estado.Aqui há dias falava-se em comemorações. Estas, para além do que ensinam através da reflexão que motivam, são também um acto de justiça.
Não se trata de socialmente registar o desaparecimento de Alguém que, mercê de representações políticas extintas mas socialmente presentes, ocupou esta ou aquela posição. Atrevo-me a homenagear aqui uma Pessoa que, nos cinquenta anos de casamento, partilhou activamente uma vida de um verdadeiro Príncipe. Na verdade, soube ontem que tinha morrido a Arquiduquesa Regina, na quarta-feira de manhã.
Não apostando no estafado cliché que aponta para alguém que está por detrás de um grande Homem (sendo certo que, quer esta, quer a consideração inversa são muito falíveis), o Arquiduque Otão de Habsburgo e a Arquiduquesa Regina viveram uma história insólita (no bom sentido) no plano das famílias anteriormente reinantes.
Numa assunção notável das responsabilidades familiares, sem esquecer os povos que compuseram a monarquia austro-húngara (e tão precisados estavam, em especial os que ficaram do lado errado do muro), a Família Imperial, com o seu Chefe à cabeça, incorporou-se no século XX, lutando contra as suas injustiças com as armas que a sociedade democrática proporciona, com a pena e não com a antiga espada, para usar outro cliché.

Adversário do Anschluss e do nazismo, corre o rumor de que o Arquiduque Otão tinha sido um dos beneficiários da acção de Aristides de Sousa Mendes, o que todavia nunca confirmei se era verdade. Mas a ser, era bonito, para quem, simultaneamente, é descendente de D. Pedro IV e de D. Miguel I.
Por voto dos seus novos compatriotas alemães, o Doutor Otão de Hasburgo ocupou durante vinte anos um lugar no Parlamento Europeu, tornando-se uma das suas figuras tutelares. Concorde-se ou não com as suas ideias, pelo menos não há que negar a sua qualidade de grande Europeu e a coerência da sua visão sobre o futuro do nosso continente, assente, como defende na tradição de Coudenhove-Kalergi, nos três montes fundadores, o Gólgota, a Acrópole e o Capitólio.
Filha de um príncipe alemão que morreu prisioneiro de guerra na então União Soviética, a Arquiduquesa Regina partilhou a segunda metade dos 97 anos com que conta hoje o seu Marido, usando um espanholismo, numa vida "exitosa" e nada mundana. Obrigado também por isso.
***
Numa nota pessoal, impressionou-me saber ontem à noite da notícia, quando, nessa mesma manhã, tinha escolhido o opus 76 de Haydn para ouvir no rame-rame do trânsito, lembrando-me especialmente da Família de Habsburgo no segundo andamento do segundo quarteto, o qual, como sabem, é um conjunto de variações sobre o antigo hino imperial, hoje hino da Alemanha.
Foi lançado no passado dia 28 na Fundação e já deve estar à venda nas livrarias este 100 Obras da Colecção do CAM, que pretende mostrar uma selecção das 100 melhores obras que integram o acervo do Centro de Arte Moderna da Gulbenkian. A escolha foi da responsabilidade de um júri alargado, e os textos sobre as obras são da autoria de 25 colaboradores. A escolha é cronologicamente ampla, embora balizada até aos artistas revelados na década de 80: começa com Os Galgos do A. de Souza-Cardoso e termina com a escultura Durante o sono (2002) do Rui Chafes.
A escolha de Jad:
Xavier Valls - Portrait de Manuel
Óleo sobre tela, 1976
Col. Luisangela Valls
(a minha escolha foi pela técnica de pintura, não pela temática, nem pelo modelo).
A escolha de Luís Barata:
Tamara de Lempicka - Kizette en rose
Óleo sobre tela, ca 1927
Nantes, Musée des Beaux-Arts
A escolha de MR:
Henri d'Estienne - Portrait de fillette ou Mademoiselle S.
Óleo sobre tela, ca 1913
Paris, Musée d'Orsay
(Não conhecia este quadro, que foi uma agradável surpresa. A expressão marota e doce da filha do retratista...)

Foto: Bruno Monginoux, Photo Paisage.com

Todos nós conhecemos, uns mais outros menos, os doze trabalhos de Hércules. Para os que não se recordam aqui fica um link.



Claudio CANATO (n.1965, São Paulo, Brasil)
" (...) Portugal não tem um problema económico insolúvel. O País não tem escassez de diagnósticos nem de remédios. Portugal não tem, sequer, falta de quem os possa aplicar com eficácia e coragem. Mas Portugal tem, isso sim, um problema político sério. Portugal tem um sistema político doente, fechado sobre si mesmo e à sociedade, autista. Portugal tem uma democracia débil e refém de máquinas partidárias que sacrificam qualquer tentativa de regeneração ou de mudança do status quo à desesperada ânsia de autopreservação da sua imensa mediocridade.

