Prosimetron

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sábado, 16 de outubro de 2010

Solidão

A nossa vinheta contempla a "Solidão", do pintor americano Thomas Alexander Harrison (1853-1930). Procurei-o depois de ver a Melancolia de Edward Munch colocado pelo Luís.


Thomas Alexander Harrison, Solidão, c. 1893

Óleo sobre tela, Museu D' Orsay, Paris.
5
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"Passion for Things. He who directs his passion to things (the sciences, the national good, cultural interests, the arts) takes much of the fire out of his passion for people (even when they represent those things, as statesmen, philosophers, and artists represent their criations)".
x
Friedrich Nietzsche, Man Alone With Himself, London: Penguin Books, 2008, p.1,2

Sintra

Frase da semana ( que passou )

A alma é uma ilusão cerebral.

- António Damásio, em entrevista ao El Mundo.

Por cá, estranhamente digo eu ( talvez pela crise... ), esta frase não criou polémica.

Um quadro por dia - 98

Joachim Beuckelaer (1535-74), Cena de mercado, 1562, óleo sobre madeira, 73x108cm, col.part ( vendido pela Christie's de Nova Iorque em 2009 ).

Neste Dia Mundial da Alimentação espero que esta tela vos abra o apetite.

Alfredo Luz: parto de um objecto



Já há muitos anos que não entrava na Galeria São Francisco (Lisboa). Voltei no princípio deste mês para ver a exposição de Alfredo Luz - parto de um objecto. Gosto da pintura de Alfredo Luz e também já há uns anos que não via nenhuma exposição dos seus quadros.
Na primeira pintura ele parte de um pendente; na segunda, de soldadinhos.
Até 27 de Outubro
Rua Ivens, 40
Lisboa

Bom dia!

Para os que já viram o filme, mas sobretudo para os que ainda não viram, esta Una Notte a Napoli dos Pink Martini, da banda-sonora de Mine Vaganti/Uma Família Moderna.
Buon giorno Prosimetron!

In Memoriam - Oscar Wilde

Oscar Wilde nasceu a 16 de Outubro de 1854 em Dublin. A minha homenagem.

Toulouse-Lautrec, Oscar Wilde



THE HARLOT'S HOUSE

E caught the tread of dancing feet,
We loitered down the moonlit street,
And stopped beneath the harlot's house.

Inside, above the din and fray,
We heard the loud musicians play
The "Treues Liebes Herz" of Strauss.

Like strange mechanical grotesques,
Making fantastic arabesques,
The shadows raced across the blind.

We watched the ghostly dancers spin
To sound of horn and violin,
Like black leaves wheeling in the wind.

Like wire-pulled automatons,
Slim silhouetted skeletons
Went sidling through the slow quadrille.

The took each other by the hand,
And danced a stately saraband;
Their laughter echoed thin and shrill.

Sometimes a clockwork puppet pressed
A phantom lover to her breast,
Sometimes they seemed to try to sing.

Sometimes a horrible marionette
Came out, and smoked its cigarette
Upon the steps like a live thing.

Then, turning to my love, I said,
"The dead are dancing with the dead,
The dust is whirling with the dust."

But she-she heard the violin,
And left my side, and entered in:
Love passed into the house of lust.

Then suddenly the tune went false,
The dancers wearied of the waltz,
The shadows ceased to wheel and whirl.

And down the long and silent street,
The dawn, with silver-sandalled feet,
Crept like a frightened girl.

Oscar Wilde"The Harlot's House' was originally published in The Dramatic Review (April, 1885).

Colecção de cromos: James Mac Arthur


Em 1965, a revista “Artistas de Cinema” escrevia o seguinte sobre James Mac Arthur:

"Filho da grande actriz Helen Hayes (que filmou “Anastásia”), James Mac Arthur entrou para o cinema numa altura em que o mito James Dean atingia, com a sua morte, o auge do delírio. Quiseram transformar James Mac Arthur noutro James Dean, mas o público reagiu desfavoravelmente, como sempre reage quando pretendem fazê-lo aceitar imitações: “Este é o nosso filho” falhou, precisamente por ser uma cópia de “Fúria de viver”. Resultado: James teve de começar tudo pelo princípio, ignorando este seu fracasso.
Os seus últimos filmes foram “Os 9 irmãos”, “A família Robinson” e “O terceiro homem na montanha”.
É casado. Nasceu em Dezembro de 1937."

Hoje ouvi um poema de Cummings...


E.E. Cummings - Auto-retrato, ca 1920

I carry your heart with me

I carry your heart with me (I carry it in
my heart) I am never without it (anywhere
I go you go, my dear; and whatever is done
by only me is your doing, my darling)

I fear

no fate (for you are my fate, my sweet) I want
no world (for beautiful you are my world, my true)
and it's you are whatever a moon has always meant
and whatever a sun will always sing is you

here is the deepest secret nobody knows
(here is the root of the root and the bud of the bud
and the sky of the sky of a tree called life; which grows
higher than the soul can hope or mind can hide)
and this is the wonder that's keeping the stars apart

I carry your heart (I carry it in my heart)

E. E. Cummings (1894-1962)

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Boa noite!


Há dias ofereceram-me um disco de Abdullah Ibrahim. Gostei e resolvi partilhar convosco este African Market.

Fado.

Hoje, em Trovas Antigas, Saudades Loucas (RTP-1), cantou-se este fado. Boa noite!

Quotidianos - 36

Príncipe Filipe, Duque de Edimburgo, Her Majesty The Queen at breakfast, Windsor Castle, 1957, óleo sobre tela, 40x50, col. do autor. (Não consegui melhor resolução do que esta)

Believe it or not, este quadro veio-me à memória depois de ter lido um post do Arpose onde aparece hieraticamente S.M. Isabel II. É um contraponto :)

Frutas - 31


Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875) - Natureza-morta, ca 1871-1872

Finalmente!

Parece que é desta que se vai mesmo fazer a requalificação do Campo Grande, graças a um protocolo assinado há dias entre a Câmara e a Reitoria da Universidade de Lisboa. O edifício Caleidoscópio, depois de restaurado, passa a ser usado para serviços e actividades universitárias, e os restantes equipamentos ( ringue de patinagem, campos de ténis e demais edifícios ) adstritos à população estudantil da Cidade Universitária. Tudo para estar pronto em 2012. Uma ideia tão simples, mas que foi preciso estar quase tudo em estado de degradação para ser concretizada.

Cinenovidades - 146 : Mistérios de Lisboa

Apesar de já ter recebido vários prémios em festivais internacionais, esta película do chileno Raul Ruiz só aparecerá nas nossas salas dia 23 deste mês. Trata-se, como os camilianos já adivinharam, da adaptação do romance homónimo de Camilo Castelo Branco.

Novidades - 151 : Os Klarsfeld


Sem tirar mérito a Simon Wiesenthal e aos seus colaboradores directos, o casal Serge e Beate Klarsfeld foi determinante na descoberta e captura de muitos criminosos de guerra nazis que escaparam aos julgamentos de Nuremberga. Este livro, acompanhado de um dvd, é o relato dessa missão de décadas, com os respectivos sucessos e reveses, estando estes útimos associados por vezes à pouca colaboração das autoridades da então RFA, da República Francesa e de outros estados.
Li numa entrevista feita ao casal Klarsfeld uma frase marcante: " Nalguns casos, se as autoridades não nos tivessem ajudado a conseguir a extradição, nós mesmos teriamos feito justiça..."
La Traque des Nazis, de 1945 à nos jours, Éd. Acropole, 200p, Outubro de 2010.

A arte do retrato - 6

Giovanni Boldini (1842-1931), Portrait de Madame de Florian, 1898, óleo sobre tela, col.part.

Este belo retrato da actriz francesa Marthe de Florian pintado pelo seu amigo Boldini, o maior retratista da época, esteve oculto do mundo durante os últimos 70 anos numa história real que dava um filme: a neta da retratada, ainda antes da Segunda Guerra Mundial, deixou o seu apartamento de Paris e foi viver para o sul de França onde ficou a residir até morrer já este ano, sempre pagando fielmente a renda do dito apartamento.
A fim de se fazer o inventário dos bens da falecida, foi necessário entrar no dito apartamento que estava literalmente parado no tempo: ainda havia correspondência sobre a mesa e muitos valiosos objectos pela casa. Numa parede, estava este retrato que imediatamente despertou as atenções.
Foi vendido em leilão no passado dia 28 de Setembro por 2.108.000 euros...

Bom dia!

Que começa musicalmente com os The Carpenters e esta fabulosa Close To You de 1970. Tantos anos depois, ainda a voz maravilhosa de Karen Carpenter me arrepia. Mas o dia é do irmão: Richard Carpenter, que muitos fãs ainda responsabilizam pelo destino trágico da irmã, faz hoje 64 anos.

Citações - 126 : Crescimento q.b. ...

Duplicámos o número de maçons nos últimos dez anos. É natural que estejamos a crescer; mas não queremos muitos mais.

- António Reis, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano/Maçonaria Portuguesa, em entrevista ao i.

Ainda o Nobel da Paz...

- Prato fabricado pela Fábrica de Loiça de Sacavem ( colhido no blogue homónimo)

A decisão da atribuição do Prémio Nobel da Paz a Liu Xiabo(...) é (...) mais um golpe na credibilidade de um galardão que deveria contribuir para a afirmação dos valores da paz, da solidariedade e da amizade entre os povos.

Excerto do comunicado do Partido Comunista Português depois de ser conhecido o destinatário do Nobel da Paz.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Boa noite!


Frisch-Schokolade, da Läderach - uma delícia!
http://www.laederach.ch

Na Fnac Colombo

É apresentada hoje, na Fnac do Colombo, pelas 18h30, esta nova tradução de um dos melhores livros do grande Philip K.Dick. A apresentação do livro será feita por Nuno Rogeiro,
que também assina um ensaio sobre o autor e a obra, e por Luís Corte Real.
Não sei se " é o melhor romance de história alternativa jamais escrito" como diz a nota editorial, mas tenho a certeza que é um dos melhores.
Aliás, foi depois de o ler ( na velhinha colecção Argonauta ) que despertou o meu interesse pela história alternativa, tanto na forma ficcional como na ensaística.
O tema geral é um que foi depois muito glosado nas décadas seguintes ( o livro é de 1962 ) : E se a Alemanha Nazi tivesse ganho a guerra?
Recomendo vivamente.

IN MEMORIAM PAULO GUILHERME

But he, first with a start and then with a wink, said " There's another star gone out, I think."
- Lord Byron
Um português que eu admirava, homem dos 7 ofícios, morreu no passado sábado.Tinha 78 anos e chamava-se Paulo Guilherme d' Eça Leal. Um homem que foi muitos: escritor, poeta, ilustrador (deu beleza a muitos livros que temos nas nossas estantes), pintor e decorador. Além de ser um excelente conversador. E dedicou também algum tempo da sua vida ao maior enigma artístico português como se pode ver no livro que está no topo. RIP

Solomon Burke

Morreu no passsado domingo, aos 70 anos, no aeroporto de Amsterdão e de causas naturais. Deixa uma longa carreira na soul music e 21 filhos e 90 netos...

Novidades - 150


Ouvi ontem o autor ser entrevistado pelo Carlos Vaz Marques na TSF, e confesso que fiquei maldisposto. É muito pior do que se possa pensar o nível de esbanjamento, de má gestão, de "derrapagens".
O Tribunal de Contas devia fazer uma conferência de imprensa trimestral para anunciar as decisões mais importantes. Garanto-vos que rolavam muitas cabeças... Ou então quem acabava era o Tribunal de Contas...

Números - 27

- Estátua de Maria Stuart no Jardim do Luxemburgo, Paris.

44 (22+22)

Vários livros, artigos e catálogos lidos sobre esta Maria, Rainha da Escócia pelo nascimento e de França pelo casamento, e no entanto só com um artigo lido recentemente me apercebi deste facto: dos 44 anos que viveu, passou 22 em liberdade e 22 na prisão. Precisamente metade da vida no melhor que o seu tempo podia oferecer, uma vida de rainha, e a outra metade encarcerada nalguns dos castelos da sua prima Isabel I de Inglaterra.

Em português - 39

Colecção de cromos: Maureen O'Hara


Em 1965, a revista “Artistas de Cinema” escrevia o seguinte sobre Maureen O’Hara:

"Maureen Fitzsimmons, de seu nome baptismal, nasceu em Dublin, na Irlanda, a 17 de Agosto de 1920.
Apenas com 17 anos, presta em Londres provas perante Erich Pommer. Como resultado, recebe duas propostas…
Em 1938, interpreta o seu primeiro papel – “A taberna da Jamaica”, ao lado do falecido Charles Laughton. Um anos depois, parte para Hollywood, onde, de novo ao lado do grande actor inglês, filma “Nossa Senhora de Paris”. A partir de então, a sua actividade é incessante, dando uma média de dois e três filmes por ano. Quem se não recorda de “O vale era verde”, “Sinbad, o marinheiro”, “Bagdad”, “Tripoli”, “Lisboa”, “Rio Grande”, “O homem tranquilo” e, mais recentemente, de “9 irmãos”?
Sentimentalmente, a sua vida não conhece um êxito idêntico ao cinema. Os seus casamentos, com Geoffroy Bronn e William Price redundaram em divórcios (o primeiro durou 1 ano e o segundo 10). "

Auto-retrato(s) - 61

Hoje trago dois auto-retratos de Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875), de que coloquei há dois dias o quadro Melancolia.


Auto-retrato, 1825
Paris, Museu do Louvre


Auto-retrato, ca 1840
Florença, Galleria degli Uffizi

I have a dream...

Em memória de Martin Luther King, Jr., que a 14 de Outubro, de 1964, recebia o prémio Nobel da Paz!

"I have a dream",
M. L. King , jr.

Todos temos sonhos mas há sonhos que estão acima de todos os sonhos, estão para lá do ego... ajustam-se à humanidade!

Diana Ross We Shall Overcome

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

1985 : A-ha

Música de meados dos anos 80: são os noruegueses A-ha quem domina as tabelas de vendas a 13/10 com esta Take On Me, que então ouvimos à saciedade se bem se lembram. O vídeo é giro.

De Mérito

Por mais que possa custar a muita gente, e por variadas razões, a verdade é que ele foi o mais importante comunicador/divulgador da História de Portugal nas últimas décadas.
É, pois, justa a homenagem que lhe é feita esta tarde na Academia Portuguesa da História, onde será também feito Académico de Mérito.

Bairro Alto: mais animação!

O mínimo denominador comum...

Uma das marcas míticas, Bugatti, e um dos modelos mais apreciados, o Royale.


A verdade é que um carro não é só um carro. O seu valor simbólico vai muito para além do seu valor funcional: transportar-nos de A para B.
Todos sabemos que é um dos grandes elementos de status da nossa época, pelo menos assim é visto por milhões de seres humanos .Podemos não saber o nome do vizinho do 7ºandar, mas sabemos que " é o gajo do BMW ".
Além desta relação directa com o estatuto social, o automóvel é um mínimo denominador comum (tal como o futebol) nas conversas do universo masculino, pelo menos em certos escalões etários. Nada quebra melhor o gelo entre homens que se conheçam mal e tenham de fazer conversa do que debater os consumos, as velocidades e as performances dos seus respectivos veículos. Como as conversas sobre os filhos e as dietas no universo feminino...
E já nem entro pelas teses que, em casos de grande atenção e preocupação concedida ao carro,
veêm este como prolongamento fálico do respectivo dono...

Amor/Ódio

Margaret Thatcher faz hoje 85 anos. A actual Baronesa Thatcher está, especialmente por razões de saúde, uma sombra da Dama de Ferro dos anos 80. É uma figura histórica que faz parte do meu imaginário, como fará de todos os que cresceram nos anos 80 e se interessam pelas coisas anglo, ou nem que seja apenas pela política em si mesma.
Não vou discutir os méritos e deméritos dos 11 anos da Era Thatcher (1979-1990), direi apenas que é indiscutível uma coisa: uma enorme alteração de mentalidades na relação dos britânicos com o seu Estado. Mas, como é sabido, nem tudo correu bem: muitas das celebradas privatizações tiveram consequências desastrosas a longo prazo.
Interessa-me mais a presença desta mulher singular no imaginário colectivo britânico e europeu: continuam a coexistir fortes sentimentos de admiração e animosidade, existindo sites e blogues ferozmente anti-Thatcher, a par de muita nostalgia pelos seus anos de governo.
Lembro-a, via YouTube, numa conferência do seu partido Conservador, glosando os Monty Python a propósito dos Liberais-Democratas. Estava ela, e todos nós, longe de imaginar que um dia eles fariam parte do governo de Sua Majestade...

Aquisições recentes - 16


Comprado ontem, este 6ºvol. da Col.Pintores Portugueses que o jornal Público edita. E a autora é a Margarida Elias, a alma do Memórias e Imagens que está aqui ao lado nas nossas Afinidades Electivas. Ficaremos a saber ainda mais sobre o grande Columbano.

Um carro é apenas um carro...

(Só uma graça...)



http://autobrasil.files.wordpress.com/2008/05/ferrari_azul.jpg
[...]

Whether be it a personalised 8 seater stretch limousine
Or a Ferrari with an exploding roaring engine
A car is a car
A vehicle of motion
A medium of transportation
Even when it shows signs of erosion
As long as it can move from junction to junction
I personally sanction
A car is just a car

Sylvia Chidi
www.sylviachidi.com

A autocrítica nos seus limites?





Admirador de há muito desta gente amarela com 4 dedos em cada mão, soube agora deste genérico que, a acreditar na imprensa, gerou muita polémica no seio da própria estrutura responsável pela série.




Não duvidando do cerne da crítica feita, bastar-se-ão (nos-emos todos) com a sua denúncia?

Ver também http://aeiou.expresso.pt/generico-dos-isimpsonsi-gera-polemica=f608680

Amor


Pierre Victor Galland (1822-1892) - Amour
Óleo sobre tela, entre 1875 e 1892
Paris, Musée des Arts Décoratifs


«Há gente que jamais se teria apaixonado se nunca tivesse ouvido falar de amor.»
La Rouchefoucauld

Romãs

Romãs numa tarde de Outono.
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Para saborear uma romã é preciso ter perícia e paciência.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Herculano


«Eu não me envergonho de corrigir os meus erros e mudar de opinião, porque não me envergonho de raciocinar e aprender.»
Alexandre Herculano

Melancolia


Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875) - La Mélancolie, 1860
Copenhague, Ny Carlsberg Glyptotek


Oh doce luz! oh lua!
Que luz suave a tua,
E como se insinua
Em alma que flutua
De engano em desengano!
Oh criação sublime!
A tua luz reprime
As tentações do crime,
E à dor que nos oprime
Abres-lhe um oceano!

É esse céu um lago,
E tu, reflexo vago
Dum sol, como o que eu trago
No seio, onde o afago,
No seio, onde o aperto?
Oh luz orfã do dia!
Que mística harmonia
Há nessa luz tão fria,
E a sombra que me guia
Neste areal deserto!

Embora as nuvens trajem
De dia outra roupagem,
O sol, de que és imagem,
Não tem essa linguagem
Que encanta, que namora!
Fita-te a gente, estuda,
(Sem medo que se iluda)
Essa linguagem muda...
O teu olhar ajuda...
E a gente sente e chora!

Ah! sempre que descrevas
A órbita que levas,
Confia-me o que escrevas
De quanto vês nas trevas,
Que a luz do sol encobre!
As vítimas, que escutas,
De traças mais astutas
Que as dessas feras brutas...
E as lástimas, as lutas
Da orfã e do pobre!

João de Deus
In: Campo de Flores

Um quadro por dia - 97

Edvard Munch, Melancolia, 1894-96, óleo sobre tela, 81x100cm, Col. Rasmus Meyer, Museu de Belas-Artes de Bergen, Noruega.

Esforço-me para que a sazonal me não invada.

Poemas - 16

O famoso Soneto 29, objecto de díspares interpretações ao sabor dos séculos decorridos. Propositadamente ambíguo, como desejou o Bardo.


PENSAMENTO(S) - 142

Não deixavamos de nos alegrar no meyo das calamidades do tempo.

Cícero, citado por Rafael Bluteau no monumental Vocabulario Portuguez e Latino.


Muito actual.

P.S. - Com um agradecimento ao erudito amigo que mo enviou.

1981 : Christopher Cross

A 12 de Outubro do ano supra, era esta Best That You Can Do, também conhecida como Arthur's Theme, de Christopher Cross, que tinha o domínio dos tops de vendas. Faz parte da banda-sonora do filme Arthur, uma comédia romântica muito bem sucedida protagonizada pelo já falecido Dudley Moore, Liza Minelli e Sir John Gielgud.

Colecção de cromos: Sal Mineo


Em 1965, a revista "Artistas de Cinema" escrevia o seguinte sobre Sal Mineo:

"O pequeno companheiro de James Dean em "Fúria de viver", Salvatore Mineo, de seu verdadeiro nome, começou a sentir muito cedo uma irreprimível vocação para a vida artística. Nascido a 10 de Janeiro de 1939 em Nova Iorque, aos 10 anos já frequentava a "New York Paramount" - uma escola de arte dramática. Da teoria passou à prática, tomando parte em "A guerra privada do Major Benson" ao lado de Charlton Heston. Depois, "Fúria de viver" ajudou-o a dar mais um salto para o cume do êxito, que atingiu definitivamente com "Dino", "A juventude em perigo", "Casamento por engano" e "Ritmos modernos - a história de Gene Krupa".
"Exodus", de Otto Preminger, elevou-o de ídolo da juventude ao lugar de grande actor de cinema, independentemente das suas qualidades de simpatia e presença. Sal segue assim o rumo lógico dos artistas guiados para o cinema por qualidades físicas, ou por uma grande vontade, e que, pouco a pouco, vão ganhando conhecimentos e técnica."

À Sombra da Memória

"Poucas palavras têm lugar neste livro", Gonçalo M.Tavares. À Sombra da Memória regista, em prosa, algumas vivências de Eugénio de Andrade. A escolha da tela prendeu-se com uma palavra do texto: "garças".
x
Pierre-Auguste Renoir, Portrait of Frederic Bazille Painting The Heron with Wings Unfurled
x (Details)
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Musée D'Orsay, Paris

O Ofício da Paciência
Parece que se chama Baía das Pérolas, mas não tenho a certeza. Certo, certo, era tê-la todas as manhãs diante de mim, ao pequeno –almoço. À esquerda, os barcos a caminho de Hong Kong, à direita, a longuíssima ponte desenhada a traço fino, ligando a cidade à ilha de Taipa. Não sei dizer porquê, mas a ponte era da família das garças. Tinha a mesma elegância, a mesma cor de cinza clara, era isso. Antes da ponte havia edifícios altos enfaticamente chamados arranha-céus; para lá da ponte, a mesma coisa. A cidade – estou a falar de Macau – vista de longe tem um perfil enganador. Macau é uma cidade com as tripas de fora, mas isso não se vê do jectfoil que te traz de Hong-Kong; nem quando te aproximas da fronteira, vindo da China. Mas é breve o engano, o carácter da cidade não tarda a revelar-se, os seus cheiros, a pulsação do seu olhar, o suor do seu corpo vêm ao teu encontro ao dobrar da primeira esquina. Porque na verdade estamos no Oriente – estes homens , estas mulheres têm na rua a sua casa: aqui trabalham e comem, aqui discutem e riem, aqui fazem dos seus dias o longo ofício de paciência. São muito pobres, mas não se sentem humilhados na sua pobreza. Talvez saibam que há ricos muito mais pobres que eles. Porque o que lhes sai das mãos trabalhado, em abundância de espírito – cerâmica, palha, bambu, pedra, música – tudo revela um saber delicado, subtil, superior.


Eugénio de Andrade, À sombra da Memória, Vila Nova de Famalicão: Quasi, 2008, p.127 , (posfácio de Gonçalo M.Tavares)

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

"Para APS" - continuação.



O título reporta-se aos Els Segadors que aqui coloquei há uns dias. Mas também podia ter posto "O meu 5 de Outubro", com fim de tarde e jantar saudavelmente passados no Palau de la Musica Catalana, animados pelo Orfeó Català.

Entre outras, ouviu-se este Cant de la Senyera, que um ilustre catalanista presente afiançou ser-lhe mais querido do que o Els Segadors. Lembrou a proibição de o cantar e as cargas policiais sobre o balcão, de onde era mais fácil desafiá-la. Outro amigo meu presente, este co-súbdito (dir-se-á assim?) dos Príncipes Sarkozy e Monsenhor de Urgel, de que não sei o nome, lembrava a alegria dos catalães que visitavam Andorra, podendo aí cantar na sua língua.



Em resumo, a música de Els Segadors prende mais. Já a letra deste Cant tem vantagem, não padecendo do aparente historicismo da outra, aliás polvilhada de falsidades.


NB: escolhi este video do you tube por apresentar a letra; mas "renego" a senyera estrelada, aquele acrescento perturbando a beleza medieval do palado transformado em faixado, mantendo toda a sua força.

Morreu " La Stupenda"

Morreu no passado dia 9 de Setembro, com 83 anos, Dame Joan Sutherland, nascida na Austrália, uma das mais belas vozes que a ópera conheceu no séculos XX (o seu último concerto teve lugar em 31 de Dezembro de 1990 no Covent Garden, actuando com Luciano Pavarotti e Marilyn Horn). Descoberta pelo maestro Tullio Serafin, fez uma brilhante carreira nos papéis femininos das óperas dos séculos XVIII e XIX, a que se dedicou em particular. Dizer que é uma grande perda para o bel-canto pode ser um lugar comum, mas é a mais pura das verdades.


Na hora da despedida...

Agora que o Prof. Rosas deixa o Parlamento por "estar a perder o contacto com a realidade" de acordo com palavras suas, será que vai pedir subsídio de reintegração? É que se trata de uma pessoa que tem uma cátedra à espera, não tendo portanto sido prejudicado na sua carreira académica de forma alguma. Vou esperar para ver se os deputados do Bloco são diferentes nestas coisas a que uns chamam mordomias...

O meu serão de ontem - 13

Foi passado a ver este Mine Vaganti/ Uma Família Moderna, uma comédia italiana com momentos bem sérios sobre a vida, a morte, o amor e, como resulta do título, as dinâmicas familiares. Uma banda-sonora com temas míticos, as praias de azul-cobalto da Itália do Sul e as paisagens de Lecce também ajudam. Bem como a pastelaria napolitana...

Roberta Flack

Com a sua genial interpretação de 1972 de The First Time Ever I Saw Your Face. Não porque me sinta particularmente romântico, mas porque me apareceu num dos livros que estou a ler.

Números - 26

129.000.000

Era este o jackpot em jogo no Euromilhões: 129 milhões de euros. E, coisa que já não me acontecia há muito tempo, mesmo a meio da tarde de sexta-feira tive de esperar numa longa fila para registar os meus boletins. Pessoas das mais variadas idades e aparente estatuto social, com algumas claramente a apostarem mais do que o habitual. Tal como eu.
E a enorme quantia foi parar a um único cidadão britânico.
Resta, a quem jogou, a eventual consolação dos dois terceiros prémios que são portugueses: cada um no valor de 100.000 euros. Uma almofada contra a crise...

Biografias, autobiografias e afins - 83

Vai estar à venda nos próximos dias por todo o mundo este Fragmentos de Marilyn Monroe. Uma recolha feita no seu espólio de diários, poemas, cartas, pequenos textos e apontamentos. A vida dela de 1943 até 1962. Ao contrário do que tantos pensam, ela lia ( Joyce e Beckett eram os preferidos, mas havia outros ) e escrevia ainda mais: sobre a solidão, as suas inseguranças e frustrações e as desilusões amorosas sofridas.

Socorro, socorro. Socorro. Sinto a vida aproximar-se quando tudo o que quero é morrer (1961)

domingo, 10 de outubro de 2010

Aquisições recentes - 15

Fazendo mais um entorse cronológico nesta rubrica, aqui mostro o tal volume que comprei na sexta-feira. Trata-se do nº175 da Colóquio Letras, a notável revista da FCG. E, como de certa forma seria de esperar, trata-se de um número dedicado às letras republicanas. Ensaios de Miguel Real, Carina Infante do Carmo, Carlos Leone, Manuela Parreira da Silva e outros. É parte integrante deste número uma separata intitulada O Tempo Republicano da Literatura Portuguesa, um estudo da autoria de José Carlos Seabra Pereira.
Além desta parte temática, a revista conta como habitualmente com crónicas ( destaco a do Guilherme de Oliveira Martins ), recensões, ficções e ainda o obituário de José Saramago por Eduardo Lourenço.

Hindi Zahra

Esta sensação marroquina de origem berbere, mas a viver em Paris desde a adolescência, vai estar entre nós daqui a dias: é a 17, no Centro Olga Cadaval, em Sintra.


Giuseppe Verdi - In Memoriam!

Verdi nasceu a 10 de Outubro de 1813. É um compositor que me agrada imenso pelo papel que representou na unificação da Itália, daí a minha homenagem.

Lugares de memória - 4


Foto de Nuno Barros Roque da Silveira, 1972
Arq. Fot. CML PT/AMLSB/AF/NBS/S00947


Foto de Arnaldo Madureira, ca 1960
Arq. Fot. CML
PT/AMLSB/AF/ARM/I00583

Neste palacete - Casal de S. José - do Campo Grande foram filmadas algumas cenas do filme Maria Papoila.

Em português - 38

E quem diz Mirita Casimiro diz Maria Papoila, inesquecível personagem interpretada no filme homónimo de Leitão de Barros.

Frutas - 30

Hoje vêm duas naturezas-mortas com frutas, da autoria de Agostinho José da Mota, pintor brasileiro que o Luís colocou no blogue há dois dias. São as mesmas frutas, em duas telas pintadas com oito anos de diferença.


Mamão e melancia
Óleo sobre tela, 1860
Rio de Janeiro, Museu Nacional de Belas Artes



Natureza-morta, 1868
Óleo sobre tela, 1868
Rio de Janeiro, Museu Imperial