Lisboa: Tinta da China, 2025.
«A revolução é [...] algo mais que o derrube pela força de um governo e a alteração abrupta do quadro institucional: é aquilo que, queiramos ou não, e onde quer que estejamos, vem ter connosco, instaura o novo e o desconhecido, obriga-nos a pensar, a sentir, a falar. E fazendo-o, a questioná-la.
«Nós conhecemos o curso dos acontecimentos posteriores ao 25 de Abril e sabemos caracterizá-lo como uma situação revolucionária em que várias fontes e legitimidades de poder conflituam entre si - e um processo revolucionário - em que o tempo acelera e o desfecho é incerto. [...]
«Numa perpetiva mais política, pode dizer-se que o processo revolucionário termina a 25 de novembro de 1975, com o triunfo da aliança constituída pelos militares moderados (ligados ao chamado Grupo dos Nove) e pelos partidos democráticos (liderados por Mário Soares e o Partido Socialista), com a arbitragem e o envolvimento parcial do então Presidente da República e chefe militar máximo, Francisco da Costa Gomes [...]. » (p. 15-16)