O Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta (GAC) foi fundado em maio de 1974 por José Mário Branco, Fausto, Afonso Dias e Tino Flores, a que mais tarde se juntaram outros músicos, cantores e não só. A lista tem nomes surpreendentes.
Não deixa de ser curioso que a muito oportuna referência do Blogue "PROSIMETRON" ao legado musical, importantíssimo, de JOSÉ MÁRIO Branco tenha sido publicada na véspera do 25 de Novembro.
Meio século depois da humilhante derrota do golpe (frustrado) do sector contra-revolucionário, lacaio do social-imperialismo (revisionista) russo, vencido, de imediato, por diversos sectores reformistas, ao serviço de outras potências capitalistas (da "Europa connosco" aos "United States"), igualmente hostis aos interesses do Povo Trabalhador e da genuína "democracia socialista", a espantosa actualidade das experiências musicais e interventivas daquela época (JOSÉ AFONSO, ADRIANO Correia de Oliveira, FAUSTO Bordalo Dias, SÉRGIO Godinho, VITORINO Salomé, TINO Flores e outros) mede-se, cada vez mais, na (sempre) proveitosa e agradável audição de diversa preciosidades discográficas, que ultrapassam o âmbito restrito do inovador trabalho do "Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta".
Entre os discos de invulgar qualidade estético-musical, que honram a nossa modestíssima (mas, contudo, criteriosa!) "fonoteca", não posso deixar de citar, por exemplo, "O Horizonte é Vermelho", "Ronda de Alegria" e as solidárias "Canções Escolhidas" de JOSÉ MÁRIO:
"(...) Eu vim de longe, de muito longe/ O que eu andei p'raqui chegar (...) // (...) Quando a nossa festa se estragou/ E o mês de Novembro se vingou/ Eu olhei p'ra ti/ E então eu entendi/ Foi um sonho lindo que acabou/ Houve aqui alguém que se enganou" // (...) Quando finalmente eu quis saber/ Se inda vale a pena tanto q'rer/ Eu olhei p'ra ti/ E então eu entendi/ É um lindo sonho p'ra viver/ Quando toda a gente assim quiser (...)."
E, vale a pena acrescentar, quando não nos deixarmos esmagar pelas múltiplas formas de falsificação histórica e/ou manipulação mediática!...
O(a)s Leitore(a)s deste Blogue perdoarão que volte, por brevíssimos instantes, a estas espontâneas notas, ainda na sequência deste "dia cinzento" (uma peculiar expressão que, como sabemos, nos recorda Mário Dionísio e uma das suas Obras admiráveis), de que falei, aqui, apressadamente, no final da tarde [de 25 de Novembro].
Com efeito, um dos sintomas mais óbvios do "cinzentismo" desta triste jornada, pode encontrar-se na habitual, sintomática e escandalosa selecção musical da Rádio pública (em particular, da Antena 1) que, por preconceito ou tacanhez, mascarados com um verniz de "democracia liberal", foge da promoção - pedagógica - dos cantautores de Intervenção do diabo da cruz!
Tenho, cada vez mais, um profundo respeito pela memória e pelo talento de JOSÉ AFONSO, sobre a qual tive a satisfação de escrever (inclusive, nas páginas da Imprensa Regional de Setúbal e nas próprias colunas do "Jornal do Fundão"), a propósito da comovente Romagem que, durante longos anos, em 23 de Fevereiro, a Academia Musical de Alhos Vedros (Moita), sob a égide do meu saudoso Camarada e fraternal Amigo LEONEL COELHO, organizou, em torno da simples campa onde o "ZECA" repousa, no Cemitério de N. Senhora da Piedade, na Cidade Sadina.
Ainda a respeito das contradições com as quais se debate o "serviço público" de Radiodifusão, na redutora sucessão dos seus programas, lembro-me, muitas vezes, do que escreveu MÁRIO CORREIA, no seu utilíssimo volume, intitulado "MÚSICA POPULAR PORTUGUESA: Um ponto de partida" (ed. Centelha, 1984, pp. 146-147):
"Um marco chamado 25 de Novembro [de 1975]: Se antes do 25 de Novembro (...) o panorama geral dos meios de comunicação social (sobretudo, Rádio e Televisão) era confrangedor em relação à canção de intervenção, salvo raras e honrosas excepções (que devem ser entendidas não como obras / esforços acabados, mas sim como tentativas honestas), após essa data as coisas 'complicaram-se' de forma revoltante. (...) Os cantores de intervenção deparam na rádio e, principalmente, na televisão com formas de censura semelhantes às usadas no tempo do fascismo, só que mais sofisticadas e discretas. (...)"
Só agora, tenho oportunidade de regressar, por brevíssimos instantes, a este espaço precioso! Motivo: o respeito pela verdade histórica, que impõe o elementar dever de uma necessária clarificação, ainda a propósito de JOSÉ MÁRIO Branco e do GAC (Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta), entidades que, bem sabemos, adquiriram reconhecido renome, em particular no "turbilhão" do "PREC" e, mais especificamente, aquando do Festival RTP da Canção, em 1975.
Foi, de facto, a canção "Madrugada", na voz de Duarte MENDES, que "ganhou" referido Festival. Conforme os próprios elementos publicados no importante "Arquivo Musical de José Mário Branco", disponível "online", o talentoso intérprete e compositor do tema intitulado "Alerta!", de memorável (e controversa) vitalidade estética e ideológica, "optou por participar colectivamente com o GAC". Contudo, "a canção ficou em 5.º lugar [ou seja, no meio da tabela], com um total de 42 pontos"...
Como nota curiosa, recorde-se que o Grupo participante utilizou o "trunfo" de se manifestar, lendo aos microfones da RTP um comunicado em que artistas declaravam "apresentar uma canção que se demarcasse nitidamente, pelo seu conteúdo e pela sua forma, das lamechices, dos paternalismos poético-realistas e dos lugares-comuns musicais a que nos habituaram muitos responsáveis da canção ligeira".
Obrigada pela correção. Sabia que «Madrugada», uma das mais belas canções que passou pelo Festival, tinha, mas não me lembrava em que ano. E pensei que o GAC tinha ficado em 1.º lugar. A luta foi renhida? Bom dia!
7 comentários:
Tanta esperança num mundo melhor para acabarmos nisto que estamos a viver agora.
É o remake de um filme mau.
Boa noite!
Bom dia! 🌞
Não deixa de ser curioso que a muito oportuna referência do Blogue "PROSIMETRON" ao legado musical, importantíssimo, de JOSÉ MÁRIO Branco tenha sido publicada na véspera do 25 de Novembro.
Meio século depois da humilhante derrota do golpe (frustrado) do sector contra-revolucionário, lacaio do social-imperialismo (revisionista) russo, vencido, de imediato, por diversos sectores reformistas, ao serviço de outras potências capitalistas (da "Europa connosco" aos "United States"), igualmente hostis aos interesses do Povo Trabalhador e da genuína "democracia socialista", a espantosa actualidade das experiências musicais e interventivas daquela época (JOSÉ AFONSO, ADRIANO Correia de Oliveira, FAUSTO Bordalo Dias, SÉRGIO Godinho, VITORINO Salomé, TINO Flores e outros) mede-se, cada vez mais, na (sempre) proveitosa e agradável audição de diversa preciosidades discográficas, que ultrapassam o âmbito restrito do inovador trabalho do "Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta".
Entre os discos de invulgar qualidade estético-musical, que honram a nossa modestíssima (mas, contudo, criteriosa!) "fonoteca", não posso deixar de citar, por exemplo, "O Horizonte é Vermelho", "Ronda de Alegria" e as solidárias "Canções Escolhidas" de JOSÉ MÁRIO:
"(...) Eu vim de longe, de muito longe/ O que eu andei p'raqui chegar (...) // (...) Quando a nossa festa se estragou/ E o mês de Novembro se vingou/ Eu olhei p'ra ti/ E então eu entendi/ Foi um sonho lindo que acabou/ Houve aqui alguém que se enganou" // (...) Quando finalmente eu quis saber/ Se inda vale a pena tanto q'rer/ Eu olhei p'ra ti/ E então eu entendi/ É um lindo sonho p'ra viver/ Quando toda a gente assim quiser (...)."
E, vale a pena acrescentar, quando não nos deixarmos esmagar pelas múltiplas formas de falsificação histórica e/ou manipulação mediática!...
JOSÉ AFONSO, "ZÉ MÁRIO" e FAUSTO, sempre!!!...
O(a)s Leitore(a)s deste Blogue perdoarão que volte, por brevíssimos instantes, a estas espontâneas notas, ainda na sequência deste "dia cinzento" (uma peculiar expressão que, como sabemos, nos recorda Mário Dionísio e uma das suas Obras admiráveis), de que falei, aqui, apressadamente, no final da tarde [de 25 de Novembro].
Com efeito, um dos sintomas mais óbvios do "cinzentismo" desta triste jornada, pode encontrar-se na habitual, sintomática e escandalosa selecção musical da Rádio pública (em particular, da Antena 1) que, por preconceito ou tacanhez, mascarados com um verniz de "democracia liberal", foge da promoção - pedagógica - dos cantautores de Intervenção do diabo da cruz!
Tenho, cada vez mais, um profundo respeito pela memória e pelo talento de JOSÉ AFONSO, sobre a qual tive a satisfação de escrever (inclusive, nas páginas da Imprensa Regional de Setúbal e nas próprias colunas do "Jornal do Fundão"), a propósito da comovente Romagem que, durante longos anos, em 23 de Fevereiro, a Academia Musical de Alhos Vedros (Moita), sob a égide do meu saudoso Camarada e fraternal Amigo LEONEL COELHO, organizou, em torno da simples campa onde o "ZECA" repousa, no Cemitério de N. Senhora da Piedade, na Cidade Sadina.
Ainda a respeito das contradições com as quais se debate o "serviço público" de Radiodifusão, na redutora sucessão dos seus programas, lembro-me, muitas vezes, do que escreveu MÁRIO CORREIA, no seu utilíssimo volume, intitulado "MÚSICA POPULAR PORTUGUESA: Um ponto de partida" (ed. Centelha, 1984, pp. 146-147):
"Um marco chamado 25 de Novembro [de 1975]: Se antes do 25 de Novembro (...) o panorama geral dos meios de comunicação social (sobretudo, Rádio e Televisão) era confrangedor em relação à canção de intervenção, salvo raras e honrosas excepções (que devem ser entendidas não como obras / esforços acabados, mas sim como tentativas honestas), após essa data as coisas 'complicaram-se' de forma revoltante. (...) Os cantores de intervenção deparam na rádio e, principalmente, na televisão com formas de censura semelhantes às usadas no tempo do fascismo, só que mais sofisticadas e discretas. (...)"
Boa Noite!
Escolhi estas músicas do GAC porque gosto delas, embora não me reveja nas letras. O GAC ate ganhou um Festival da Canção... 🤣😉
Bom dia!
Só agora, tenho oportunidade de regressar, por brevíssimos instantes, a este espaço precioso! Motivo: o respeito pela verdade histórica, que impõe o elementar dever de uma necessária clarificação, ainda a propósito de JOSÉ MÁRIO Branco e do GAC (Grupo de Acção Cultural - Vozes na Luta), entidades que, bem sabemos, adquiriram reconhecido renome, em particular no "turbilhão" do "PREC" e, mais especificamente, aquando do Festival RTP da Canção, em 1975.
Foi, de facto, a canção "Madrugada", na voz de Duarte MENDES, que "ganhou" referido Festival. Conforme os próprios elementos publicados no importante "Arquivo Musical de José Mário Branco", disponível "online", o talentoso intérprete e compositor do tema intitulado "Alerta!", de memorável (e controversa) vitalidade estética e ideológica, "optou por participar colectivamente com o GAC". Contudo, "a canção ficou em 5.º lugar [ou seja, no meio da tabela], com um total de 42 pontos"...
Como nota curiosa, recorde-se que o Grupo participante utilizou o "trunfo" de se manifestar, lendo aos microfones da RTP um comunicado em que artistas declaravam "apresentar uma canção que se demarcasse nitidamente, pelo seu conteúdo e pela sua forma, das lamechices, dos paternalismos poético-realistas e dos lugares-comuns musicais a que nos habituaram muitos responsáveis da canção ligeira".
Muito GRATO pela (paciente) atenção e Boa Noite!
Obrigada pela correção. Sabia que «Madrugada», uma das mais belas canções que passou pelo Festival, tinha, mas não me lembrava em que ano. E pensei que o GAC tinha ficado em 1.º lugar. A luta foi renhida?
Bom dia!
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