Prosimetron

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sábado, 4 de dezembro de 2010

La Dame à la licorne


La Dame à la licorne: L'Ouïe

La Dame à la licorne: Le Goût
Duas de seis tapeçarias, século XV
Paris, Museu de Cluny


«Agora também as tapeçarias da Dame à la Licorne não estão já no velho castelo de Boussac. Chegou o tempo em que tudo abandonava as casas, elas não podem conservar mais nada. O perigo tornou-se mais seguro que a própria segurança. Já ninguém da estirpe dos Della Viste marcha a nosso lado e não traz no sangue a sua raça. Todos passaram. Ninguém pronuncia o teu nome, Pierre d'Aubusson, grande grão-mestre da casa antiquíssima, por cuja vontade foram talvez tecidas estas imagens que tudo louvam mas nada abandonam. (Ah, porque é que os poetas escreveram jamais de outra maneira sobre as mulheres, ,mais literalmente, segundo supunham? É bem certo que não devíamos saber nada senão isto.) Agora chega-se diante delas por acaso e entre visitantes de acaso, e quase se tem medo de não ter sido convidado. Mas há outros ainda que passam, posto não sejam muitos. os jovens mal param, a não ser que de qualquer modo faça parte da sua especialidade o olhar uma vez para estas coisas, por amor deste ou daquele determinado pormenor.
«É verdade que se encontram por vezes raparigas diante delas. Porque há uma porção de raparigas nos museus que algures abandonaram as casas que nada mais conservam. Encontram-se diante destas tapeçarias e esquecem-se um pouco. Sentiram sempre que isto devia existir, uma tal vida suave de gestos lentos e nunca totalmente esclarecidos, e lembram-se obscuramente de que algum tempo pensaram mesmo que seria esta a sua vida. [...]»
Rainer Maria Rilke
In: Os cadernos de Malte Laurids Brigge / trad. Paulo Quintela. Porto: O Oiro do Dia, 1983, p. 125-126

Rainer Maria Rilke nasceu a 4 de Dezembro de 1875.
Depois de ter lido
, no ARPOSE, um texto retirado deste mesmo livro.

Pyotr Ilyich Tchaikovsky - Concerto per Violino e Orchestra in RE Maggiore



Hoje fui ver o filme O concerto; adorei

Vídeos históricos - 8

Glenn Miller e Tex Beneke em "in the Mood"

O frio e um pensamento

Não, não tem nada de filosófico. Está "um frio de rachar". Ontem fui buscar uma parca (parka) que pelos vistos não vestia desde 2008 (Dezembro, 2) - o que quer dizer que nessa data também estava um frio glaciar... - E sei a data porque tinha guardado, no bolso, dois recortes feitos no jornal O Público. Um deles são dois jogos de «Su Doku» e o outro é o que ilustra este post.

Transcrevo só para que se possa reencontrar, quando se fizer uma "busca".
Errar é humano: mais humano ainda é atribuir o erro aos outros.
Anton Tchekhov (1860-1904).

Boa tarde!

E penso que não é preciso explicar porque é que escolhi esta Freezing, de Songs From Liquid Days (1986), música de Philip Glass, letra de Suzanne Vega, voz de Linda Ronstadt e interpretação do Kronos  String Quartet....

Cuidado com a M.R. ...

Perante as anunciadas intenções da nossa M.R. de proceder a um continuado abate de perus nestas páginas, só me resta aconselhar aos pobres galináceos que procedam como o desta ilustração...

Tolstoi e a morte

Evelyn DeMorgan, O Anjo da Morte, 1881, óleo sobre tela.


O homem não tem poder sobre nada enquanto tem medo da morte. E quem não tem medo da morte possui tudo.

- Lev Tolstoi, in Guerra e Paz.

Com o passar das décadas vividas vamos ( uns mais do que outros, é certo ) perdendo o medo da morte, da mesma maneira que nas primeiras décadas da nossa existência não temos consciência dessa finitude. E parece-me que a boa morte, tema filosófico que vem já dos Gregos, terá sempre de ser uma morte preparada. Porém, a perda progressiva do medo da morte não significa que vivamos temerariamente, correndo todos os riscos, desprezando as cautelas. Nem sequer o verdadeiro hedonismo passa por aí, antes por uma gestão cuidada dos prazeres da vida. No entanto, se é possível superarmos gradualmente o medo da nossa morte, do nosso fim, nem sempre é fácil superarmos outro medo: o da morte dos que nos são mais queridos.

Ambientes Femininos IV

O frio hoje é tão intenso que parece uma tarde de inverno. Frederick Robinson tornou a tarde acolhedora com a luz que vem da lareira. O pintor é inglês e foi também ilustrador e decorador.

x

Frederick Cayley Robinson (1862-1927,"A Winter's Evening", 1918



ALGUMAS IMAGENS DO INVERNO

Chega mais cedo;
conheço-lhe os passos:
já muita vez aqueceu as mãos
ao lume das minhas.
Vai demorar-se;
sacudir a lama, remendar
os sapatos, tirar o sal
que se juntou em redor dos lábios.
Entre o silêncio e o falar
não há senão
espaço para anoitecer.
Tão pesadas, as folhas do ar.

Eugénio de Andrade, In Ofício de Paciência

Jardins - 8


Constant Dutilleux (1807-1865) - Pins et bouleaux [Fontainebleau], 1855
Paris, Museu do Louvre

Dizem que é jardim
porque repousa

E diz-se também que se ilumina
em pausas
repentinas

Mas que dizer da trama
em movimento?

Que dizer do vento?
Que se prepara o incêndio
aqui na folha

António Ramos Rosa
De O incerto exacto (1982)
In: A mão de água e a mão de fogo. Coimbra: Fora do Texto, 1987, p. 191

Livros de cozinha - 37


Este mês escolhi, para apresentar aqui no blogue, algumas receitas para confeccionar o peru natalício. Vou começar com uma de Alfredo Saramago, retirada do seu livro

2.ª ed. Lisboa: Assírio & Alvim, 2007

PERU RECHEADO À MODA DO AVÔ DA GRANJA

«É uma receita de família que faz parte da tradição da casa.
«É servida no dia de Natal, ao jantar, e considerada como um corolário feliz e opulento a um ano de reconfortáveis refeições. O meu Avô, sem disso se aperceber, tinha-lhe dado ao longo dos anos uma simbologia quase ritual, como se se tratasse de um agradecimento por mais um ano de fartura, suficiente para sustento e apetites. Vivíamos no campo, e na propriedade produzia-se quase tudo o que comíamos. Este jantar, e especialmente esta receita, revestia um carácter de celebração e de reconhecimento por essa situação de auto-suficiência.

Receita
«Um mês e meio antes do natal, os perus escolhidos para essa data eram retirados à companhia dos irmãos, que andavam todo o ano livremente pelo campo, e metidos numa capoeira juntamente com um pato-ganso e uma galinha. A única alimentação a que ficavam sujeitos era a bolota e a água.
«Quinze dias antes do natal, o peru escolhido para essa receita, o ganso e a galinha, começavam a ser alimentados à mão, e querendo ou não, deitavam-lhe pelas goelas abaixo 15 bolotas ao peru, 10 ao ganso e 5 à galinha. Diariamente.
«As três aves eram mortas na véspera de Natal e ficavam toda a noite mergulhadas num alguidar de barro, com água e vários limões cortados aos quartos.
«De manhã, retiravam-se da água e iniciava-se a preparação da receita, começando por desossar o peru, o ganso e a galinha. Era feita uma incisão nas costas de cada ave e depois, com as mãos e com muito cuidado ia-se separando a carne dos ossos do peito e das pernas, deixando-se os ossos das asas. depois de desossados, temperavam-se com sal e pimenta, punha-se um ramo de alecrim em cima de cada ave e embrulhavam-se em panos de linho.
«A seguir ao almoço a execução da receita continuava, pisando-se num almofariz vários dentes de alho com sal. Terminado o piso adicionavam-se consoante a quantidade, algumas colheres de sopa de azeite. A seguir barravam-se as três aves, por dentro e por fora. Colocavam-se em cima de uma tábua, cobriam-se e repousavam o tempo de se arranjar e limpar um perdiz e um tordo. Com uma incisão nas costas, desossavam-se também estas duas aves, retirando os ossos do peito e pernas e deixando os das asas.
«Barravam-se com a pasta de alho e azeite e colocava-se em cima um ramo pequeno de alecrim. Ao tordo, cortavam-se as assa e metia-se dentro do bucho da perdiz, atando com um fio, se necessário, para que a perdiz retomasse a sua forma primitiva. Com a perdiz já recheada com o tordo, cortavam-se-lhe as asas e recheava-se a galinha, atando e cosendo com um fio, se as incisões da operação de desossamento tivessem excessivamente alargado. Cortando as asas à galinha, recheava-se com ela o ganso, procedendo da mesma forma em relação à incisão das costas, que deveria ser bem cosida. Depois do ganso cheio, cortavam-se-lhe as asas e enchia-se finalmente o peru, procedendo de igual forma para lhe coser a pele e retomar o aspecto como se não tivesse sido desossado.
«O peru era posto num grande tabuleiro e barrava-se toda a pele com três colheres de sopa de banha de porco. No fundo do tabuleiro deitava-se meio litro de água e meio litro de vinho branco. O forno era pouco acima do mínimo e o peru assim recheado demorava cerca de três horas e meia a assar. Durante o tempo de forno era regado várias vezes com o molho do fundo do tabuleiro. Um quarto de hora antes de terminar o tempo, o peru era retirado do forno, posto a arrefecer e salpicava-se com gotas de água fria. Punha-se o forno no máximo e metia-se novamente dentro, para que a pele se destacasse da carne e ficasse alourada e quebradiça.
«Para se verificar se a assadura estava no fim, espetava-se uma grande agulha e se ela não trouxesse gotas de líquido das carnes e se no orifício feito pela agulha também não aparecessem, a ve estava pronta a ser servida.
«A execução da receita é simples, sem temperos em excesso e grandes elaborações, pondo em evidência o sabor da carne de diferentes aves, realçada só por um aroma de alecrim, que casa bem com as carnes engordadas a bolota.
«A preparação é mais complicada para quem não está habituado a desossar uma ave, mas com paciência e algum engenho a tarefa cumpre-se, porque é a partir dela que a receita é notável. Cortar largas e grossas fatias de carne tenra, cheirosa, de várias colorações e sabores, do peito às costas, sem encontrar osso, faz-nos cair numa volúpia indizível, num prazer que vai muito além da alegria prometida ao palato. Para não excluir ninguém dessa sensação, o peru era posto inteiro no meio da mesa e cada um dos presentes levantava-se e ia cortar a fatia para o seu próprio prato. Era no corte que se iniciava o êxtase e na boca, a reunião providencial das diversas e delicadas carnes, consumava o prazer supremo de comer.
«Quando um prato é raro e traz com ele uma aura de encantamento, ninguém tem o direito de se tornar celebrante solitário, servindo os outros, roubando gestos que completam a cerimónia na qual cada conviva deverá ser oficiante.
«Tal como os ingleses, que servem o vinho do Porto com a reverência de uma bebida sagrada, rodando a garrafa no sentido dos ponteiros do relógio, para a frente de cada pessoa presente, para ser ela a retirar a tampa da garrafa de cristal, servir-se, tapar de novo e passar ao acompanhante do lado, também o meu Avô entendia que a sacralização da refeição começava no corte e no gesto de cada um servir-se a si próprio.
«Só as crianças eram servidas pelo meu Avô e quando chegava a altura de alguma ser convidada a servir-se sozinha, tal como em qualquer cerimónia iniciática. esse facto constituía um rito de passagem, considerando que se tinha chegado à adolescência. Tinha doze anos, quando me foi dado esse reconhecimento.» (p. 151-154)

Deve ser uma delícia. Desde que a li que espero um dia aventurar-me. Mas ainda não vai ser este ano!
Se alguém experimentar, não se esqueça de nos convidar. Parece-me pouco três horas e meia para assar um peru tão (divinamente) recheado. Mas, este ano, vou tirar o peru para fora, salpicá-lo com água fria, etc., como sugere a receita.


Peter Wenceslaus - A turkey in a landscape

Longa vida, grande obra


Nadir Afonso completa hoje 90 anos. É um dos nomes mais expressivos da pintura contemporânea portuguesa. O Casino do Estoril dedica-lhe uma mostra retrospectiva da sua obra.
"Arquitecto e pintor português, Nadir Afonso Rodrigues nasceu a 4 de Dezembro de 1920 em Chaves. Com 17 anos de idade matriculou-se em Arquitectura, na Escola Superior de Belas-Artes do Porto, onde acabou por se diplomar. Ainda como aluno daquela Escola, começou a expor os seus trabalhos e, até 1946, fez parte do conjunto de artistas que expunham no "Grupo dos Independentes". Adepto do paisagismo matérico, quase expressionista, onde o Norte de Portugal é o tema dominante, o pequeno óleo de 1945, Vasilhas, anunciava já o abstraccionismo geométrico a que aderiu por influência de Fernando Lanhas. Com Composição Irisada (1946) procurou obter uma síntese entre o surrealismo e o abstraccionismo...
Vista do Porto

Em 1946 viajou para França onde, na École des Beaux-Arts de Paris, estudou pintura e obteve do governo francês, por intermédio de Cândido Portinari, uma bolsa de estudo. Foi, posteriormente, colaborador do arquitecto Le Corbusier, nomeadamente no projecto da cidade de Marselha (Cité Radieuse), e utilizou durante algum tempo o atelier de Fernand Léger. Em 1952 partiu para o Brasil, onde colaborou com o arquitecto Óscar Niemeyer e em 1954 regressou a Paris, retomando, no Atelier d'Art Abstrait, o contacto com artistas orientados na procura da arte cinética como, por exempo, Vasarely, Herbin e Mortensen...

Praça dos Aliados


Por volta de 1965, Nadir Afonso abandona definitivamente a Arquitectura e, tomando consciência da sua falta de adaptação ao meio artístico português, isola-se, dedicando-se integralmente à criação."

Fonte:Infopédia

Lisboa : Praça do Comércio



Esta semana comprei este bilhete-postal dos anos 50. Ainda não havia a ligação ao Cais do Sodré (Av. Ribeira das Naus).

Para MR .

Calendário do Advento em raspadinha

Hoje recebi um como presente. Raspei os dias 1 a 4 e já tenho: duas prendas, um "pai-natal" e uma árvore... vou no bom caminho... até ao dia 24! Os mais crescidos podem jogar no título... só para maiores de 18 anos.
Post dedicado a HMJ.

sexta-feira, 3 de dezembro de 2010

Boa noite!

Trifacetada... ainda

E aqui fica uma nova imagem trifacetada... no ombro de uma armadura envergada por Alfonso V Rei de Aragão.
Desenho de Pisanello (1395-1455).
Paris, Museu do Louvre, Departamento de Artes Gráficas, inv. 2307.

Livros caídos do céu!

No seguimento do post de MR , livros pendurados no tecto do bar da Biblioteca da Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa


No baú os livros estão à espera de quem os leia durante uma pausa para o café

Prudência na Investigação

Hoje passei pelo Museu Calouste Gulbenkian, em Lisboa. Fui ver a colecção de medalhas a que raramente se presta atenção entre tantas e tantas obras magnífica. E uma, ou melhor um pormenor de uma, prendeu a minha atenção. Trata-se de uma medalha executada por Antonio di Puccio Pisano, chamado Pisanello (1395-1455), conforme é testemunhado na legenda « OPVS PISANI PICTORIS ».

O meu primeiro pensamento foi... a cabeça de Jesus, menino, trifacetada...

Mas o que faria então aquelas joelheiras de armadura presas em ramos de oliveira...

O anverso tinha a solução. Tratava-se de uma medalha (a primeira de uma série de seis) que o artista consagrou a Leonello d'Este, Marquês de Ferrara (1407-1450).

Comprei o Catálogo elaborado por Maria Rosa Figueiredo : Medalhas e Plaquetes : Colecção Calouste Gulbenkian, Lisboa, Fundação Calouste Gulbenkian, 2004. Dele transcrevo (p. 30-31):

"No reverso da medalha, o rosto trifacetado de uma criança tem sido objecto de várias interpretações, a maioria das quais a associa à ideia de prudência. Com efeito, o indivíduo cauteloso que olha em todas as direcções antes de actuar simboliza o carácter de Leonello d'Este, cuja divisa, Festina lente, poderá ser traduzida pelo popular ditado: "Devagar, que tenho pressa". Para Hill a cabeça tripartida significa a prudência, como defensora da paz e da prosperidade. O facto de a cabeça estar colocada entre duas peças de armadura (joelheiras), suspensas em ramos de oliveira, parece indicar para este autor que a prudência poderia estar associada à autoprotecção. Para Middeldorf e Goetz seria a prudência como defensora da paz e da prosperidade. Magagnato associa sobretudo esta imagem à paz, enquanto Jones vê nela a eterna vigilância e a autodefesa, preço a pagar para a conquista da paz. Em 1988, Claudia Cieri apresentou uma tese diferente. Para ela a imagem deve ser interpretada à luz dos escritos contemporâneos, especialmente de Guarino de Verona (1374-1460), de quem Leonello d'Este foi discípulo, e relacionada com os outros elementos do reverso: as joelheiras e os ramos de oliveira. O conjunto definiria Leonello como príncipe filosófico, alguém que, embora familiarizado com a arte da guerra e o uso da força, se inspirava na filosofia e na erudição para difundir a paz entre os seus súbditos".

Mas a prudência manda ainda que a mesma medalha (a primeira de uma série, esta datável de c.1443) seja analisada em conjunto com as restantes cinco, ou melhor, com o que está representado no reverso das outras cinco.






Vídeos históricos - 7

Fred Astaire e Eleanor Powel dançam "Beguin the beguine"

Cinema / televisão



«Au cinéma, on lève la tête et les acteurs sont plus grands que nous. À la télévision, on baisse la tête et les acteurs sont plus petits que nous.»
Jean-Luc Godard

Esta frase de Jean-Luc Godard, que hoje faz 80 anos segundo vi no ARPOSE, foi citada por Maurice Béjart (Michel Robert - Maurice Béjart, une vie: derniers entretiens. 2.ª ed. Bruxelles: Luc Pire, 2009, p. 151) para ilustrar a sua relação com a televisão. Acho que é mais ou menos a minha.


Tenho este postal aqui atrás de mim: Jean-Paul Belmondo e Jean Seberg em À bout de souffle (O Acossado), filme de Godard, de 1960. O meu filme favorito foi, durante anos, Pierrot le fou.

Bom dia!

A começar musicalmente com a Abertura de uma das muitas ( são mais de 90...) óperas de Vivaldi, La verità in cimento. É possível que vários prosimetronistas até já tenham ouvido árias desta ópera, pois que um certo Philippe Jaroussky as tem na sua discografia...

Um quadro por dia - 114

Natalia Goncharova (1881-1962), Espagnole in white, anos 20, óleo sobre tela, col.part.

E este é o quadro do dia porque hoje estará acomodado em novos alojamentos: foi uma das telas vendidas no leilão de Arte Russa que a MacDougall's fez em Londres ontem e anteontem.
Tal como Diaghilev, que a levou consigo para Espanha em 1916 para desenhar figurinos e cenários, Goncharova ficou fascinada com os trajes das mulheres espanholas, designadamente as dançarinas de flamenco. Os ballets espanhóis idealizados por Diaghilev não se chegaram a concretizar, mas Natalia converteu em pintura muito do que tinha visto e desenhado. Esta é uma dessas telas.
Mais info aqui : http://www.macdougallauction.com ( Era o lote 342 ).

Outono


Franklin Carmichael (1890-1945) - Outono, 1921

«L'automne est un deuxième printemps où chaque feuille est une fleur.»
Albert Camus

Para APS.

PENSAMENTO(S) - 146

On a tort de croire que les imbéciles sont inoffensifs.

- Georges Bernanos (1888-1948)

Concordo em absoluto com Bernanos: é errado pensarmos que os imbecis são inofensivos. Muitas vezes não são, e até podem ser perigosos. Foi lição que aprendi há muito.

Concerto na Gulbenkian


Lúcia Lemos (soprano)
Brian MacKay (piano)
Obras de: Maurice Ravel, Francisco de Lacerda, Villa Lobos, Enrique Granados, Manuel de Falla
5 Dez., 12h00
Átrio da Biblioteca de Arte
Entrada livre

A vinheta

A vinheta que ilustra este blogue é um pormenor de um painel recolhido, segundo tradição oral, em obras de restauro do Mosteiro de Santa Cruz, em Coimbra.
Estiveram "perdidos" numas caixas, num armazém do Museu, entre 1921 e ... (talvez os anos oitenta do século XX).
J. M. dos Santos Simões escreveu, acerca deles:
"Teixeira de Carvalho - Cerâmica Coimbrã, p. 154 - publica a fotogravura de uma guarnição de azulejos, de tipo pisano, com ornamentação de urnas, quimeras e caveiras, provenientes, segundo tradição oral, do Mosteiro de Santa Cruz de Coimbra. Não lográmos encontrar estes azulejos, os quais Teixeira de Carvalho atribuía à fábrica de Lisboa do século XVI. Tanto quanto é possível reconhecer na fotografia poderia tratar-se de obra Lisboeta, de influência flamenga, de cerca de 1570". (Azulejos em Portugal nos séculos XV e XVI, 1.ª ed., Lisboa, F. C. Gulbenkian, 1969; 2.ª ed. 1990).
Não tenho o catálogo da Exposição cerâmica de Coimbra : peças das Reservas do Museu Nacional de Machado de Castro, que o Museu realizou em 1981. Talvez acrescente alguma coisa sobre o conjunto, caso tenham estado expostos.
Painel de Azulejos de c. 1570
Coimbra, Museu Nacional de Machado de Castro, MNMC 5762

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Boa noite!


Alicia de Larrocha (1923-2009) toca «Evocación» de Iberia, de Albéniz (1860-1909).

Vídeos históricos - 6

Maysa Matarazzo canta "Eu sei que vou te amar"

A sopa do dia


Cop. Jo Moulton.

Cá em casa, hoje também é dia de canja.

O chá das cinco - 13

Sem chá...

Da autoria de Vladimir Ryamtsev.

In memoriam - Callas

Maria Callas nasceu a 3 de Dezembro de 1923 em Nova Iorque. A sua ascendência é grega e dispensa qualqer apresentação pois, foi uma das melhores sopranos.

Casta Diva ária da ópera Norma de Vicenzo Bellini

Cheguei a pensar que hoje...


... iríamos levantar uma taça. Afinal...

Neve


Giuseppe De Nittis (1848-1884) - Efeito da neve, 1880
Barletta, Pinacoteca De Nittis

Snowflakes

Over the woodlands brown and bare,
Over the harvest-fields forsaken,
Silent and soft and slow
Descends the snow.

Henry Wadsworth Longfellow

Hoje, um quotidiano de muitos portugueses.

Quotidianos - 45


Georges Laugée (1853-1937) - «Il travaillait à pendre ses dictionnaires».
Il. para o romance de Marie Robert Halt, pseud. de Marie Eulalie Eléonore Malézieux (1849-1920), Le jeune Théodore.

Pode ser o futuro, pelo menos para alguns de nós.

A nossa vinheta de hoje

Paris, 2 de Dezembro de 1804

O pormenor da nossa vinheta de hoje não precisa de comentários.
Todos conhecem a história.

O Papa limitou-se a proclamar "Vivat Imperator in aeternum!".

Jacques-Louis David (1748-1825)
Napoleão coroando Josefina (1805-1807)
Paris, Museu do Louvre

quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Boa noite!


Depois da ária do Xerxes, cantada pela Anne Sofie von Otter, lembrei-me do álbum For the stars que ela fez com Elvis Costello. Aqui fica No wonder.

Conhecem?...




Temos de ir ver as vistas, do Elevador de Santa Justa. Jantando, evidentemente.

A Nuvem do Não-Saber

Este post veio na sequência do post interessante de Jad. Não tem nenhum ponto de contacto a não ser, na minha maneira de ver, a metodologia utilizada pelo anónimo e a origem de muitos trabalhos de investigação para se apurar a identidade. A pouca segurança de um nome eternizou este tratado como obra de um anónimo. Sugiro a leitura do prefácio que é muito interessante.


«Capítulo XXXV

Quem ainda é aprendiz na arte da contemplação
deve recorrer a três meios: a leitura,
a meditação e a oração

Todavia, quem ainda é aprendiz na arte da contemplação deve recorrer aos seguintes meios: a leitura, a meditação e a oração. Destes três meios encontrarás a respectiva descrição na obra de outro autor, que fala deles bem melhor do que eu; por isso, é desnecessário que eu me detenha a expor aqui as qualidades de cada um deles. Contudo, posso dizer o seguinte: estes três meios estão de tal forma ligados entre si, que os principiantes e os discípulos mais adiantados (não me refiro, é claro, aos que já adquiriram a perfeição alcançável nesta vida!) só poderão meditar como convém, se primeiro lerem ou escutarem.»


Anónimo do Século XIV, A Nuvem do Não-Saber, Lisboa: Assírio & Alvim, (prefácio de José Mattoso, tradução e notas Lino Correia Marques de Miranda Moreira, O.S.B.) p. 104


«A nuvem do não-saber», Cloud of unknowing, é um pequeno tratado escrito no século XIV, por volta de 1380, em inglês, por um autor desconhecido. Insere-se num conjunto de obras de tema espiritual, também do século XIV.»
José Mattoso.

Neste momento, na Gulbenkian...


Há anos, ouvi-o tocar Mozart e adorei.

Vídeos históricos - 5

Sarah Brigthman e Antonio Banderas em "The Phantom of the opera"

Columbano Bordalo Pinheiro (1900-1929)


O Grupo do Leão.
Também poderia ter escolhido este quadro para a série Auto-retrato(s): Columbano é o terceiro, em pé, a contar da esquerda.


Inaugura amanhã, no Museu do Chiado, em Lisboa, a segunda parte da grande exposição dedicada a Columbano, que pode ser visitada até 27 de Março de 2011.

«(…) homenzinho trigueiro, pequeno, silencioso, com a sua miopia doce e o seu ar contrafeito (…) cheio de susceptibilidades, modesto por orgulho, intransigente por princípio».
Fialho de Almeida – Os Gatos, 1891, IV, p. 48
Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), pioneiro do realismo português, introduz um discurso de modernidade, especialmente através do retrato, desde a década de 80, e representa as mais destacadas personalidades da sociedade portuguesa, em imagens identificadoras das mudanças sociais, ao longo de três gerações da viragem do século. O projecto desta exposição aborda estas intenções do artista e apresenta o retrato como tema clarificador dos diferenciados programas estéticos do autor. No início, sucedem-se os retratos de familiares e amigos mas, a partir dos anos 90, emerge uma elite, politicamente afirmada e culturalmente sólida, um inventário figurativo de elementos significativos dos meios políticos, literários, jornalísticos e artísticos portugueses, inclusive dos meios teatrais. A sua vasta produção de uma centena de retratos, entre 1885 e 1928, correspondente a uma crescente projecção do autor, que se afirma a partir de uma mediatizada exposição, em 1894, é reveladora deste gosto que abrange a sua própria imagem, em algumas pontuações icónicas.
Por outro lado, importa registar o interesse pela natureza-morta, desde 1872, e especialmente na década de 90 até ao final da sua vida, que desenvolve paralelamente ao esforço de captação psicológica exigido pelo retrato. Na tranquilidade do lar, cenas intimistas remetem para realidades interiores, expressas por um estatismo misterioso de discretas e delicadas figuras, em pinturas sensíveis.
Director do Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, da Sociedade Nacional de Belas Artes, professor na Escola de Belas Artes, Columbano esboça, em inícios de 1900, e após grandes sucessos nacionais, uma intenção de internacionalização, através da participação em numerosas exposições no estrangeiro, mas também pela integração de obras suas nas colecções do Musée du Luxembourg, actualmente no Musée d’Orsay, e Galeria degli Uffizi-Palazo Pitti. Estas pinturas, inéditas em Portugal, são apresentadas nesta exposição, tal como um núcleo de peças da sua autoria, pertencente à colecção do Museu das Belas Artes do Rio de Janeiro. Esta exibição contará também com um Auto-retrato do seu amigo John Singer Sargent, colecção da Galeria degli Uffizi-Palazo Pitti, uma pintura de esquema compositivo e cromático semelhante a muitos dos retratos de Columbano.
Maria de Aires Silveira
Comissária da Exposição

Restauradores



Cerca de 1909

Cerca de 1910.




Bom feriado!