Prosimetron

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quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Columbano Bordalo Pinheiro (1900-1929)


O Grupo do Leão.
Também poderia ter escolhido este quadro para a série Auto-retrato(s): Columbano é o terceiro, em pé, a contar da esquerda.


Inaugura amanhã, no Museu do Chiado, em Lisboa, a segunda parte da grande exposição dedicada a Columbano, que pode ser visitada até 27 de Março de 2011.

«(…) homenzinho trigueiro, pequeno, silencioso, com a sua miopia doce e o seu ar contrafeito (…) cheio de susceptibilidades, modesto por orgulho, intransigente por princípio».
Fialho de Almeida – Os Gatos, 1891, IV, p. 48
Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929), pioneiro do realismo português, introduz um discurso de modernidade, especialmente através do retrato, desde a década de 80, e representa as mais destacadas personalidades da sociedade portuguesa, em imagens identificadoras das mudanças sociais, ao longo de três gerações da viragem do século. O projecto desta exposição aborda estas intenções do artista e apresenta o retrato como tema clarificador dos diferenciados programas estéticos do autor. No início, sucedem-se os retratos de familiares e amigos mas, a partir dos anos 90, emerge uma elite, politicamente afirmada e culturalmente sólida, um inventário figurativo de elementos significativos dos meios políticos, literários, jornalísticos e artísticos portugueses, inclusive dos meios teatrais. A sua vasta produção de uma centena de retratos, entre 1885 e 1928, correspondente a uma crescente projecção do autor, que se afirma a partir de uma mediatizada exposição, em 1894, é reveladora deste gosto que abrange a sua própria imagem, em algumas pontuações icónicas.
Por outro lado, importa registar o interesse pela natureza-morta, desde 1872, e especialmente na década de 90 até ao final da sua vida, que desenvolve paralelamente ao esforço de captação psicológica exigido pelo retrato. Na tranquilidade do lar, cenas intimistas remetem para realidades interiores, expressas por um estatismo misterioso de discretas e delicadas figuras, em pinturas sensíveis.
Director do Museu Nacional de Arte Contemporânea-Museu do Chiado, da Sociedade Nacional de Belas Artes, professor na Escola de Belas Artes, Columbano esboça, em inícios de 1900, e após grandes sucessos nacionais, uma intenção de internacionalização, através da participação em numerosas exposições no estrangeiro, mas também pela integração de obras suas nas colecções do Musée du Luxembourg, actualmente no Musée d’Orsay, e Galeria degli Uffizi-Palazo Pitti. Estas pinturas, inéditas em Portugal, são apresentadas nesta exposição, tal como um núcleo de peças da sua autoria, pertencente à colecção do Museu das Belas Artes do Rio de Janeiro. Esta exibição contará também com um Auto-retrato do seu amigo John Singer Sargent, colecção da Galeria degli Uffizi-Palazo Pitti, uma pintura de esquema compositivo e cromático semelhante a muitos dos retratos de Columbano.
Maria de Aires Silveira
Comissária da Exposição

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