Prosimetron

Prosimetron

domingo, 28 de novembro de 2010

Desvendar um mistério?

Todos gostamos de mistérios e de os tentar resolver na medida do possível. Este mistério que vou contar partiu desta belíssima imagem que um dia Filipe Nicolau colocou. Já a usei com a devida referência ao Prosimetron.

Detalhe do rosto de dor de S. João Evangelista do quadro Deposição de Cristo de Rogier Van der Weyden


Ao procurar desvendar este detalhe encontrei na National Gallery este fragmento belíssimo com Madalena lendo. Os pintores pintam as personagens à luz do seu tempo, julgo que só assim se pode ver Madalena (?) lendo.

Rogier van der Weyden, The Magdalen Reading (b. 1438)

The National Gallery, London
x
«This is a fragment cut from a larger painting, evidently an altarpiece of the Virgin and Child with Saints. It shows Mary Magdalene, with Saint Joseph behind, and the bare feet and red robe of Saint John the Evangelist on the left. The jar in the foreground contains the ointment which Mary Magdalene used to anoint Jesus' feet as she wept over them, repenting of her sins. She subsequently devoted her life to holy works, and is represented reading a holy book. Her clothes are sumptuous: her fur-lined dress is turned back to reveal a bejewelled underdress. The wooden cupboard suggests that the scene was set in a rich domestic interior. The background includes a detailed landscape view.
Two other fragments of the lost altarpiece still exist, the heads of Saint Joseph and Saint Catherine (Gulbenkian Foundation, Lisbon). It has been deduced from these surviving pieces that the original work must have been about 1m high by 1.5m wide.»

Rogier van der Weyden (1399/1400-1464), Flandres, c. 1435-37

Têmpera e óleo (?) sobre madeira, 21,2/21,7 x 18,5 cm; 20,7/21 x 18,5 cm


«Ambos os fragmentos fizeram parte de um retábulo separado por razões desconhecidas, ao qual também pertenceu a pintura Madalena lendo (The National Gallery, Londres). Julga-se que o conjunto, originalmente uma Sacra Conversazione, terá constituído uma das principais obras da primeira fase de produção autónoma de Rogier van der Weyden.
Foi considerada a hipótese de a figura feminina representar Santa Catarina de Alexandria, já que a riqueza do vestuário é coerente com a sua identificação tradicional. Exibe, entretanto, a agradável tendência colorista do mestre. No outro fragmento pode admirar-se a figura de São José, dotada de uma expressividade pouco comum nas representações da época. Num plano intermédio, a arquitectura gótica, contida em frios valores cromáticos, contribui para a construção da perspectiva. A paisagem, em fundo, plena de luminosidade, descrita nas duas tábuas com precisão, desenvolve o espaço em profundidade e sugere, de acordo com conceito plástico inovador praticado pelos mestres primitivos flamengos, a sensação de uma atmosfera real.»

Se observarmos Madalena lendo está pintada com o mesmo traje de Madalena da Deposição de Cristo. Estará o problema resolvido?
Não sou expert na matéria mas interesso-me por estes problemas. Será que cada pintor vê/via as personagens à luz do seu tempo?

Roger Van der Weyden, Descent of the Cross, c 1435

Oil Wooden panel, 220cm x 262 cm, National Museum of Prado, Madrid

Imagens e textos retirados da National Gallery, Londres e da Fundação Calouste Gulbenkian, Lisboa.

10 comentários:

Kabalista disse...

otneugnu amarred e otsarbala ed osav o arbeuq.

LUIS BARATA disse...

Belo post!

Anónimo disse...

No Muro das Lamentações?

Edgar Clara disse...

Que confusão entre as Santas Mulheres e Maria Madalena. Seria melhor estudar um pouco mais os textos sagrados. A personagem de verde do último quadro é uma das chamadas Santas Mulheres. No primeiro quadro, serão S. José e S. João os outros personagens? S. José com um rosário na mão? Um pedaço de vestuário vermelho será mesmo S. João? Só o frasco de perfume é um frasco de perfume.

Jad disse...

Gosto dos quadros. Por vezes criam-se fantasias a partir de falsas pistas. Será o verde a cor de "Maria Madalena"? O derrame de lágrimas está feito. Falta o derrame do unguento.

Jad disse...

Não queria com o meu silêncio que julgassem que era o anónimo das 12:28.

Jad disse...

Só para memória futura. Frase retirada do post:"Se observarmos Madalena lendo está pintada com o mesmo traje de Madalena da Deposição de Cristo. Estará o problema resolvido?"

ana disse...

Agradeço a todos os comentários.
O problema não está resolvido.
Jad teve a gentileza de colocar a minha questão.
Há um princípio que me levou a interrogar: é que em cada época o pintor retrata de acordo com o mundo que o rodeia. A decoração e os ambientes do quadro retratam aquilo que os pintores pretendem mostrar ou aquilo que lhes foi encomendado.
Levantei questões não dei o caso como resolvido, até porque não o sei resolver.
Vou continuar a procurar. É através da dúvida que se chega a uma conclusão. Alguém diria que S. José poderia ser retratado como o que surge no painel do Museu da Gulbenkian?
Apenas quis chegar a esta conclusão cada pintor retrata conforme os valores da sua época. Esta premissa não me parece errada, o resto continuarei à procura.
Não é a partir de comparações semelhanças e dissemelhanças que se pode chegar a uma conclusão?

Obrigada a todos.

Jad disse...

Faço a mesma pergunta: Alguém diria que S. José poderia ser retratado como o que surge no painel do Museu da Gulbenkian?
E acrescento: e a Ana acredita mesmo que é S. José?

Eu não acredito! Mas existe tanta coisa em que eu não acredito... É como a história das bruxas...

ana disse...

JAD,
Não creio que seja mas é o que os conhecedores do fragmento dizem...
Até novas sobre o assunto deixo o que encontrei.
A dúvida mantém-se será S. José?
Embora, não tenha sido ele o fio condutor da minha procura foi outro enigma que encontrei.
De enigma salta-se para outro enigma... Talvez um dia tenha tempo para me dedicar a esta procura.