Prosimetron

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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Anémonas



«Um ano o nosso jardim teve pela primeira vez anémonas. Lembro-me do jardineiro da Huerta del Cordero, que era quem tratava dele, a falar com a minha mãe e a dizer-lhe que nos trazia ali umas flores novas, as primeiras que se viam em Granada e que se chamavam anémonas. O nome fascinou-me e todos esperámos pela sua floração emocionados e impacientes, indo ver as plantas todos os dias, até que uma manhã o jardim se encheu de tons azuis, malva, arroxeados com essa delicadeza de seda que as anémonas têm. Federico nomeia-as várias vezes. Não sei porque se lhes deu uma conotação de morte. Eu sinto-as de outras maneira. Quando li, anos mais tarde, em Así que pasen cinco años:

Ay, cómo canta la noche, cómo canta!
Qué espessura de anémonas levanta!


Ai, como canta a noite, como canta!
Que espessura de anémonas levanta!

pensei nelas. Foram aquelas as primeiras anémonas da minha vida, agora para mim inseparáveis daqueles versos.»
Isabel García Lorca
In: As minhas recordações. Porto: Ambar, 2005, p. 30

2 comentários:

Miss Tolstoi disse...

Gosto de anémonas e não sabia que era conotadas com a morte. Acho-as até muito alegres, graciosas.

Anónimo disse...

Também gosto de anémonas pela variedade das cores e pela alegria que transmitem. Nunca as ligaria à morte.
A.R.