Prosimetron

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sábado, 29 de novembro de 2008

Os meus poemas - 4

O PALÁCIO DA VENTURA

Sonho que sou um cavaleiro andante,
Por desertos, por sóis, por noite escura,
Paladino do amor, busco anelante
O palácio encantado da ventura.

Mas já desmaio, exausto e vacilante,
Quebrada a espada já, rota a armadura...
E eis que súbito o avisto, fulgurante,
Na sua pompa e aérea formosura.

Com grandes golpes bata à porta e brado:
Eu sou o Vagabundo, o Deserdado...
Abri-vos portas d'ouro, ante meus ais !

Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais !

Antero de Quental
(1842 -1890)

4 comentários:

Anónimo disse...

Ontem senti falta do «seu» poema. Este «cavaleiro andante» é o mais lindo dos sonetos de Antero, pelo conteúdo e pela melodia.
Mas tem uma gralha no 10.º verso: «dou» por «sou». É o problema de tocarmos na tecla ao lado.
M.

João Mattos e Silva disse...

Obrigado, M. pela "revisão".Eu sou um péssimo revisor e deixo sempre escapar gralhas...

Jad disse...

Também gosto muito deste soneto do Antero. Obrigado.

Anónimo disse...

Gosto muito deste soneto principalmente o ultimo terceto.
(...)
Abrem-se as portas d'ouro, com fragor...
Mas dentro encontro só, cheio de dor,
Silêncio e escuridão - e nada mais !
A.R.