Prosimetron

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segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Francis Bacon, o pintor do sofrimento

Autodidacta, Francis Bacon foi acima de tudo um pintor “experimentalista” no sentido em que, formalmente, nunca pertenceu a nenhum movimento artístico. No entanto, os seus primeiros trabalhos denotam a influência de Picasso. Foi depois de assistir a uma exposição do pintor andaluz, que Bacon decidiu começar a pintar, situando-se desde logo no campo figurativo representando de forma obsessiva o corpo humano. Os quadros de Bacon têm ainda a marca de Munch, ao nível do traço; de Vang Gogh, foi buscar as cores, e a angústia e solidão que exaustivamente retratou na tela não deixam lugar a dúvidas: são de Goya. Basta observar a forma humana desfigurada e aterradora que nunca abandonou nos seus quadros, confinando os seus modelos quase sempre a espaços escuros e fechados. Em 1933 a sua “Crucificação” ilustrava o livro de Herbert Read Art Now. Pintou muitos trabalhos em série, a partir de fotografias rasgadas e amarrotadas, de animais selvagens, de combates de boxe, de futebolistas. O retrato de Inocêncio X, de Velásquez, viria a tornar-se uma obsessão na sua obra. Na década de 50 pintou uma série de telas inspiradas nas máscaras de William Blake e na pintura de Vang Gogh. As figuras são solitárias, anómalas, vorazes… Bacon produzia um trabalho violento, um modo de confrontar a vida e a morte. Só assim reencontrava a sensação.
Francis Bacon era demasiado temperamental. Dele se disse que pintava a vida na morte e que através do masoquismo, sadismo e de praticamente todos os vícios se sentia mais humano. Foi, definitivamente, um dos pintores do visceral, alucinante, brilhante, chocante e visionário. Rasgou sempre o véu das aparências e tem na obra “Three Studies for Figures at the Base of a Crucifixion” (1944) um dos quadros mais originais do século XX. Em 1949 iniciou uma série inspirada no retrato do Papa Inocêncio X, de Velásquez (o MOMA tem um quadro) de que até hoje chegaram mais de 40 quadros.
Nascido em Dublin, em 1909, morreu em Madrid, a 28 de Abril de 1992.

3 comentários:

Anónimo disse...

Francis Bacon foi enigmático, solitário, infeliz e tortuoso. Esteve ligado à arte vanguardista após a Grande Guerra.
Fascina quem o pretende descodificar.
Julgo que é actualíssimo o tema da sua obra: para além do bem e do mal, onde se delimita a fronteira entre a violência e a dor?

Isto é o que me faz sentir este pintor. Teria muito mais para dizer mas vou ficar por aqui não quero ser maçadora.
Obrigada por me fazer pensar!
A.R.

Anónimo disse...

Aqui vai um poema de William Blake,de quem Bacon gostava:

THE SICK ROSE

ROSE, thou art sick!
The invisible worm,
That flies in the night,
In the howling storm,

Has found out thy bed
Of crimson joy;
And his dark secret love
Does thy life destroy.

by: William Blake
http://www.online-literature.com/blake/623/
A.R.

Anónimo disse...

Parabéns, desejo que passe um dia feliz e desculpe se o provoquei.
A.R.