Prosimetron

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terça-feira, 30 de outubro de 2018

Começa o cheirinho e o sabor da castanha assada



Uma agradável nuvem de fumo precede o aparecimento dos vendedores de castanhas, que no outono surgem nas esquinas das ruas com os seus carrinhos e fornos próprios onde assam as castanhas.
Já na pré-História este fruto era usado como complemento calórico na alimentação humana, como substituto do pão, da batata ou como farinha. Os gregos e os romanos enchiam ânforas de castanhas com mel silvestre. Na Idade Média, passaram a integrar o receituário conventual, sendo a farinha de castanha largamente usada pela Europa. Com o Renascimento, ganhou nova vida, sobretudo na confeitaria.
Surgiram em França e Itália as "marrons glacés", castanhas cristalizadas em açúcar. Foi depois das Cruzadas, quando o açúcar foi trazido para a Europa, que esta especialidade apareceu, por volta do século XVI, na zona de Piemonte, onde havia muitos castanheiros. Além de assada ou cozida, a castanha também pode ser servida em puré ou em sobremesas, como no "crème de marrons", uma compota de castanha e açúcar com um travo de baunilha.

E, afinal, porque temos o hábito de comer castanhas em novembro? E por que chamamos a este período do ano, em que celebramos o magusto, "Verão de S. Martinho"?
Martinho era um soldado nascido na Hungria em 316, que aos 15 anos foi para Pavia, em Itália, e mais tarde, em França, abraçou a via do sacerdócio. Reza a lenda que num certo dia de novembro muito chuvoso e frio, Martinho seguia a cavalo a caminho de Amiens, ao serviço do imperador deste país, quando rebentou uma tremenda tempestade - e um pobre se abeirou da estrada a pedir-lhe esmola. Não tendo nada para lhe dar, Martinho cortou com a espada a sua capa ao meio, para que este pudesse proteger-se do frio. Nesse momento, conta-se que a chuva parou e o sol começou a brilhar. Por isso é que se fala no "Verão de S. Martinho", para assinalar uma altura em novembro em que o frio costuma dar tréguas e o bom tempo reaparece.
O dia de S. Martinho (que entretanto se entregou à vida sacerdotal, tendo sido bispo de Tours) ficou marcado a 11 de novembro, data em que o santo foi sepultado, quando costumamos celebrar o Magusto. Diz o provérbio: "No S. Martinho come castanhas e prova o novo vinho". Este vinho novo refere-se ao vinho guardado após as vindimas, mas também se tem por hábito beber água-pé ou jeropiga.

3 comentários:

MR disse...

Este ano ainda não comi castanhas, mas como chegou o frio vou comprar castanhas para fazer um dia destes. E comer acompanhadas de uma jeropiga. :)
Boa tarde!

LUIS BARATA disse...

Também ando com vontade delas!

Rui Luís Lima disse...

Foi precisamente no último fim-de-semana que foi inaugurada a nossa época das castanhas, graças aos bons ofícios do funcionário do supermercado que as foi buscar ao armazém, só falta estrear as que são vendidas na rua:)
Gostei imenso de ler o texto.
Bom dia!