Barco
Margens inertes abrem os seus braços
Um grande barco no silêncio parte.
Altas gaivotas nos ângulos a pique,
Recém-nascidas à luz, perfeita a morte.
Um grande barco parte abandonando
As colunas de um cais ausente e branco.
E o seu rosto busca-se emergindo
Do corpo sem cabeça da cidade.
Um grande barco desligado parte
Esculpindo de frente o vento norte.
Perfeito azul do mar, perfeita a morte
Formas claras e nítidas de espanto
Sophia de Mello Breyner Andresen
In: Coral, 1950
Um dia feliz!
4 comentários:
Muito obrigada! Gostei muito. Bom dia!
Parabéns, Margarida:).
Que tenha um bom dia de aniversário e a poesia a acompanhe.
Bea - Muito obrigada!
Parabéns, Margarida!
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