Prosimetron

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terça-feira, 1 de maio de 2012

Capitães da Areia

Jorge Amado, um dos maiores escritores do Brasil -que injustamente não recebeu o Prémio Nobel de Literatura, que era mais do que merecido para um escritor de língua portugesa- é um retratista da Bahia, cidade e do Estado baiano. Conhecemos por ele o mundo dos "coronéis" e dos seus capangas, dos aventureitos da caatinga, dos cangaceiros, das meretrizes, dos comerciantes , dos pescadores, dos trapaceiros, dos bacaharéis e dos mangas de alpaca. Em todos os seus romances a crítica ao Brasil das primeiras décadas so século XX, à sociedade política, social e económica está destacada, tanta vezes travestida de insólito e de risível.
Este romance é, mais uma vez, uma feroz crítica social, desta vez repreentando os bandos de" meninos da rua", realidade que infelizmente chegou igual aos nossos dias, sem que governos de direita, de esquerda e uma ditadura militar, conseguissem ao menos minorá-la.
Cecília Amado, neta do escritor, fez um excelente filme baseado no romance, que nos mostra a realidade da Bahia dos anos 30, com ligeiras alterações, que não tiram nada de essencial. É, sobretudo, um filme de reflexão sobre a terrível realidade social daqueles anos e daqueles que os brasileiros - mas não só -ainda vivem.
Publicado em 1937, logo nesse ano foi alvo de um "auto de fé", em que foram queimados centenas de exemplares em Salvador e no Rio de Janeiro retirados das livrarias,  por serem considerados como incentivo ao comunismo e nocivos à sociedade. Talvez por isso,ao traçar o destino de cada um das personagens, o "professor" tenha dito que o destino de Pedro Bala, o chefe do grupo, seria lutar, como o pai comunista, pela liberdade.Uma mensagem que nos toca, sobretudo se nos abstivermos de pensar que essa liberdade é substancialmente diferente da que defendemos.
Um filme que, mesmo legendado (certamente para facilitar a compreensão do sotaque e da gíria nordestinos) merece ser visto.

2 comentários:

MR disse...

Capitães da areia foi um dos primeiros livros de Jorge Amado - de que este ano se comemora o centenário do nascimento - que li e este filme vai ser um dos próximos a ser visto.

Miss Tolstoi disse...

Também quero ver.