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quarta-feira, 2 de maio de 2012

António Medeiros e Almeida (1895-1986)

Construiu uma das mais importantes colecções de arte do país (sendo superado apenas por calouste Gulbenkian) e até comprou um relógio que pertencia à Imperatriz Sissi e que valia mais que um prédio.

António Medeiros e Almeida nasceu em Lisboa em 1895. Quis seguir as pisadas do pai, mas o curso de Medicina ficou pelo caminho. Estudou gestão na Alemanha e de regresso a Lisboa montou um stand de automóveis da marca Morris para venda de carros á consignação. Como não tinha dinheiro para os adquirir deu-se a si próprio como garantia. Lord Nuffield, dono da Morris, ficou estupefacto com a ousadia, mas aceitou. O stand da Morris na Rua da Escola Politécnica foi um sucesso e o lorde inglês não se arrependeu de apoiar o intrépido jovem.
A partir da década de 40, Medeiros e Almeida alargou os seus negócios a outras áreas como a navegação, o fabrico de tabaco, o açúcar e o álcool. Foi sócio da Casa Bensaúde, fundou a companhia aérea Aero Portuguesa - mais tarde vendida à Tap -, o Hotel Ritz de Lisboa, foi ainda accionista da SATA e administrador da Companhia Nacional de Fiação, de Torres Novas.
Para a faceta de coleccionador despertou mais tarde. Tinha comprado à Nunciatura Apostólica um palacete de estilo francês, perto da Avenida da Liberdade em Lisboa, e precisava de o decorar antes de se instalar definitivamente com a sua mulher, Margarida Pinto Basto. Começou por adquirir mobiliário em antiquários, mas o seu gosto requintado, orçamento ilimitado e paixão pela arte deram brado entre os leiloeiros de Paris, Londres e Lisboa. Fez uma colecção tão impressionante e diversificada que incluía mobiliário francês e inglês de autor, quadros de grandes mestres (Van Goyen e Rembrand, entre outros), porcelana antiga, terracotas chinesas, pratas inglesas e uma vasta quantidade de jóias e relógios, entre muitas outras peças.
Era um homem austero, algo frio e distante, mas também muito emotivo. Fazia vida social ao mais alto nível e, apesar de muito ocupado, gostava de se dedicar aos aspectos mais elementares da organização de um serão agradável, como a distribuição dos lugares à mesa de jantar.
Sem descendência, António Medeiros e Almeida começou a germinar a ideia da criação de uma fundação ainda na década de 60. A sua concretização só foi possível em 1973, um ano antes de a revolução se abater sobre a família de forma inesperada. A nacionalização de várias das suas empresas impediram que o empresário pudesse continuar a fazer aquisições no mercado da arte, a partir de 74. A colecção estava concluída.
Dotada de todos os bens imobiliários e colecções de arte do empresário, a Fundação Medeiros e Almeida estava, no entanto, bem lançada e, em 2001, quinze anos após a morte do empresário (em 1986, com 90 anos), a Casa-Museu Medeiros e Almeida abriu finalmente as portas ao público.
(artigo do DN)


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