Prosimetron

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domingo, 6 de outubro de 2013

6 de Outubro de 1789



Às 11 horas da manhã, Luís XVI, Rei de França e de Navarra, dirige-se aos ocupantes de Versalhes :

  Mes amis, mes amis, j 'irai a Paris avec ma femme, avec mes enfants. C'est à l'amour de nos bons et fidèles sujets que je confie ce que j'ai de plus précieux.

Assim terminava a jornada revolucionária de 5 e 6 de Outubro de 1789, com a Família Real obrigada a deixar Versalhes e a mudar-se para Paris, depois de quase 24 horas de negociações, de episódios caricatos, das habituais indecisões reais ( teria bastado que o Rei mandasse avançar o Regimento da Flandres e a Guarda Suiça, que guardavam Versalhes, e a história teria sido outra ) e do papel ambíguo ( como foi quase sempre ) de La Fayette que comandava a Guarda Nacional . Após um século, a Corte francesa deixava Versalhes para sempre. O poder régio regressava a Paris, e aí ficaria até à abolição da monarquia em Setembro de 1792.
Voltou pois a ser usado como residência real o Palácio das Tulherias, contíguo e unido ao Louvre, e do qual apenas hoje sobra o jardim que tem o mesmo nome e era o jardim do palácio, desenhado por Le Nôtre. O Palácio das Tulherias não era usado há um século, estava praticamente vazio e foi mobilado com o conteúdo das 100 carruagens que seguiram a Família Real de Versalhes para Paris.
Hoje não existe Palácio das Tulherias, não por culpa dos revolucionários de 1789, mas por culpa de outros bem piores : os da Comuna de Paris, de 1871, que incendiaram o Palácio, queimando todos os seus interiores, tal como incendiaram o Louvre ( que teve mais sorte : ardeu a biblioteca, mas salvou-se quase por milagre o museu ) e outros edifícios históricos de Paris. Ficaram as ruínas, que 11 anos depois com grande polémica foram completamente demolidas e vendidas as pedras. Uma parte destas serviu para construir o Château de La Punta em Ajaccio, na Córsega, e outras estão dispersas pela cidade de Paris em museus e praças públicas em memória do que foi o velho palácio que alguns até querem reconstruir, e assim ampliar o espaço expositivo do Louvre que continua sem poder mostrar muitas das suas preciosas reservas.
                                       
( Château de La Punta, Ajaccio, Córsega )

1 comentário:

MR disse...

Na minha pilha de livros está uma biografia de Vivant Denon (que concebeu o Louvre como museu), Le Cavalier du Louvre, escrita por Philippe Sollers, que a seu tempo aqui será referida.