Prosimetron

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terça-feira, 1 de dezembro de 2009

Contra o esquecimento!

Hoje é primeiro de Dezembro. Um dia em que muitos e muitos recordam feitos e glórias do passado. Um desses feitos e uma dessas glórias - para mim - dá pelo nome de Enciclopédia. E em Portugal é sinónimo da Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, com uma primeira série em 40 volumes (1936-1960) e com mais duas séries de actualizações (na verdade são cinco, mas as duas primeiras saíram nos últimos três volumes da primeira série, com o sub-título Apêndice, e a primeira actualização, começou a saír como n.º XLI, de que saíram 448 p.) . Esta primeira série publicada pela Editorial Enciclopédia, ltdª., teve como um dos seus directores (a partir do volume II) Afonso Eduardo Martins Zúquete um homem hoje esquecido... de tal maneira que nem a sua morte, ocorrida a 20 de Julho de 1981, vem registada em qualquer das chamadas "primeira" e "segunda" actualizações.
Julgamos que a direcção de Afonso Eduardo Martins Zúquete tenha estado mais vocacionada para "as entradas" respeitantes à Nobreza e Famílias dirigentes de Portugal, dado que a seguir à Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira, dirigiu outras duas publicações (por muitos encaradas como um resumo, para esses assuntos, da própria Enciclopédia), a saber, Nobreza de Portugal e do Brasil (3 volumes, 1960-1961) e Armorial Lusitano (1961), só a eles dedicado.
E embora estas obras sejam a base (e por vezes a fonte primária) de quase tudo o que ainda hoje existe de válido no campo da Genealogia e da Heráldica de Portugal o seu organizador e dirigente foi esquecido.
Passou este ano (2009), a 7 de Janeiro, o primeiro centenário do seu nascimento.

Mandas me, o Rei, que conte declarando,
De minha gente a grão geanalosia:
Não me manda contar estranha historia:
Mas manda me louuar dos meus a gloria
.
Luís de Camões, Os Lusíadas, III:3
(222 do poema)
Texto da primeira edição, sem qualquer actualização.
É mesmo contar e não cantar

5 comentários:

ana disse...

"É mesmo contar e não cantar".

- Começo por agradecer este post porque tenho esta Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. Recorro a ela para tirar dúvidas, tornando-se no dia-a-dia útil para breves esclarecimentos. Hoje, ela acaba por estar mais sossegada na estante por causa do "facilitismos" da wikipedia, etc., com todos os malefícios que possam advir da net, mas nem tudo é mau. Já foi aqui apontado por si os cuidados a ter com a net, não me vou alongar!

- Peguei nesta sua frase porque dela se pode dizer muita coisa.
Julgo que as pessoas gostam de "contar coisas", "cantar" é para os cantores. E destes últimos até se podem aproveitar os seus momentos de beleza quando cantam as memórias de um poeta, duma personagem histórica, a beleza pode levar à descoberta/procura.
Fazer "ciência", refiro-me às Ciências Sociais e Humanas é um campo sagrado e fechado em campos próprios e discussões próprias. Por ventura também é "contar" mas com outro peso e medida. Agradeço aos historiadores, filósofos, sociólogos, legistas, jornalistas (com as devidas precauções)... que nos "contam" saberes.

- Não sei, talvez tenha sido impressão minha, mas li esse "cantar" como algo depreciativo. Posso estar enganada mas,permita-me esta dúvida.

- Partilhar saberes, ideias é renascer, não no sentido da sua Fénix da fábula, que acaba sozinha. Partilhar saberes é crescer, ajudar a partihar saberes é ajudar a crescer, é partilhar luz, é fazer andar para a frente um país, para não acontecer o que li sobre a Suíça e a falta de esclarecimento do povo.

Peço desculpa por este longo comentário, fiz um esforço para não me alongar, mas acabou por acontecer.
Bom dia da Restauração da IndepenDéncia. :)

ana disse...

Correcção: colocar uma v´rgula em partilhar saberes, ideias,

LUIS BARATA disse...

Parabéns por esta tão justa homenagem.

Jad disse...

Respondendo ao porquê do: «É mesmo contar e não cantar».
Como todos sabem existem duas versões de Os Lusíadas com uma mesma data: 1572.
Numa diz contar; na outra diz cantar. Porém a que diz cantar, sabe-se hoje (e eu defendo e ensino isso) não é impressa em 1572 (como diz na folha de rosto) mas sim só depois de 1584, sendo por isso a terceira edição impressa em Portugal. É uma "falsa" primeira edição. Mas existe ainda hoje quem continue a escrever que existem duas edições impressas em 1572 (uma com o pelicano para a direita e outra com o pelicano para a esquerda) e uns defendem um texto e outros outro texto, até porque, se a segunda versão fosse feita em vida o autor (e fosse uma emenda do autor) era essa a versão a seguir, dado que era posterior...
Mas em vida de Luís de Camões só houve mesmo uma edição e essa diz "contar".

LUIS BARATA disse...

Esta explicação merecia ser em forma de post!