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segunda-feira, 23 de maio de 2016

A Duquesa de Mântua, uma leitura



Para a maioria dos que, não tendo formação na área de História, se interessam pelo período da"União Ibérica" (1580-1640) e, sobretudo da conjura que culminaria no heroico 1º de Dezembro de 1640 e na Restauração na pessoa do 8º Duque de Bragança, D. João, nesse dia aclamado como D. João IV, rei de Portugal, a figura da Vice-Rainha em nome de Filipe III (IV de Espanha) Duquesa de Mântua, é quase uma nota de rodapé. Uma figura que é pouco menos do que ridicularizada na invasão do Paço da Ribeira pelos fidalgos conjurados e a quem o relato daquele episódio fundamental da nossa História pouca atenção ou poucas linhas reserva.
No entanto a verdade histórica é bem outra e a figura de Margarida de Sabóia, neta de Filipe I de Portugal e bisneta da Imperatriz Isabel, mulher de Carlos V e filha de D. Manuel I, é de enorme interesse pelo seu papel no desenrolar dos interesses espanhóis em Itália e depois em Portugal, pela sua primorosa educação, pelo seu carácter e determinação política nos cenários em que actuou.
Joana Bouza Serrano que que já nos havia dado “As Avis”, traça agora, com grande rigor científico e recorrendo a fontes italianas, dos países - baixos, espanholas e portuguesas e a uma extensa bibliografia, o retrato dessa princesa - enquadrado na visão das políticas imperiais europeias da dinastia iniciada pelo seu bisavô - que tendo sido Duquesa de Mântua e filha de um duque de Saboia, foi sobretudo uma Habsburgo, orgulhosa da sua ancestralidade espanhola, que a política do Conde-Duque de Olivares empurrou para Portugal por ser de sangue real e entender que o parentesco com o rei Filipe III e ascendência portuguesa ajudaria acalmar o mal-estar pela pouca importância que Madrid dispensava ao reino, ao qual era necessário extorquir pesado contributo para um Tesouro depauperado.Um retrato que não é o de uma princesa timorata que se apaga perante os revoltosos, mas que tenta resistir porque tem uma missão que não aceita a traição.


Belíssima biografia que vem enriquecer a historiografia da União Ibérica e da Restauração.

4 comentários:

bea disse...

Tenho de ver se a minha amiga amante de história, já tem este. Colecciona biografias de gente da realeza ou a ela ligada.

MR disse...

Já estive a olhar para ela, mas como não conheço a autora... Assim, talvez me aventure. :)
Resto de bom dia.

Joana disse...

Caro João Mattos e Silva,
Venho agradecer a sua crítica à Duquesa de Mântua, que tomei a liberdade de partilhar na minha página www.facebook.com/aduquesademantua
Melhores cumprimentos,
Joana Bouza Serrano

João Mattos e Silva disse...

Não tem nada que agradecer, Joana Bouza Serrano. É apenas a minha leitura do seu excelente livro. E agradeço,agora eu, a transcrição para a sua página do Facebook do meu texto. Fico à espera de novos trabalhos.