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quinta-feira, 19 de outubro de 2023

Leituras no Metro - 1164

Ando pela ferrovia, pelo que hoje trago dois livros da Fundação Francisco Manuel dos Santos:

2017

Ser guarda de passagem de nível é uma profissão tão antiga como o início da construção do caminho de ferro, uma profissão invisível», uma «atividade discreta e silenciosa». 
Na  construção do caminho de ferro trabalharam entre 50000 a 60000 pessoas, principalmente mulheres e crianças porque ganhavam muito menos que os homens.
Os acidentes têm diminuído devido aos investimentos feitos no automatismo do encerramento das cancelas. Contudo a Refer reconhece que é a importante haver uma pessoa nas passagens de nível automatizadas. Como se vê, é melhor que não se fale destes profissionais porque quando isso acontece não é por boas razões.

«Há ferroviários, passageiros, vizinhos da via férrea que falam da estação da sua vida. Aquela onde trabalharam, viveram e foram felizes, ou onde brincavam e viam passar os comboios. » (p. 23)
Alice Caetano: «Sinto tristeza ao ver que isto está a acabar. mas, parecendo que não, hoje há outra segurança ferroviária, os comboios têm amis segurança. É tudo mais moderno. Mas tenho algumas saudades. Tenho muito orgulho, sempre tive, em dizer que sou guarda de passagem de nível.» (p. 27)

Uma curiosidade: na noite de 4 para 5 de Outubro de 1910, a família real, na sua fuga para Mafra, tiveram de esperar que a guarda da passagem de nível lhes abrisse as cancelas na zona da Malveira.

2020

As pessoas são atraídas para viver junto a estações de comboio (tal como na cidade, também é uma mais valia ter uma estação de metro à porta), pelo que o caminho de ferro tem importância no parecimento de núcleos urbanos nas suas proximidades, permitindo às pessoas uma maior mobilidade.

«Ter um sistema ferroviário funcional, atualizado e adaptado às necessidades do país é estar presente num importante mercado que a nível global envolve múltiplos serviços, fornecimento de equipamentos e gestão e construção de infraestruturas.
«Tudo isto são razões para discutir a ferrovia em Portugal. Todavia, não basta elencar as vantagens e benefícios potenciais: é fundamental perceber em que contextos e circunstâncias o caminho de ferro pode efetivamente ser uma solução vantajosa. [...]
«Embora a ferrovia possa e deva ser mais utilizada no movimento de mercadorias, nunca poderá substituir por completo o transporte por camião.»  (p. 15-16)

Aprendi bastante com este livro de Francisco Furtado. Vamos a ver se é desta que a ferrovia é atualizada e expandida em Portugal para as necessidades das pessoas e da economia.
«Os transportes são utilizados para satisfazer a procura de outros bens ou serviços, é uma atividade que deriva de outras necessidades e vontades, não um fim em si mesmo. (p. 56)

5 comentários:

APS disse...

Também tenho, já li e gostei.
Bom dia!

Pini disse...

El "mundo " del ferrocarril da para muchas opiniones y estudios. Sin duda, cumplió una labor primordial en tiempos pasados. Hoy día ha caído bastante en desuso,sobre todo, en el medio rural cerrándose muchas vías,por falta de rentabilidad transformándolas en "vías verdes" para ciclistas y senderistas, lo cual es de agradecer, pues se les da una buena utilidad. Los trenes de alta velocidad están bien para comunicar grandes ciudades.A ver si algún día se construye la línea Madrid - Lisboa, pasando por Extremadura.
Bom dia, por aquí con mucho viento
Mnauel

MR disse...

Pini,
Sim, é urgente que se construa uma linha Lisboa-Madrid para tirar aviões do ar.
Pelos vistos em Espanha deram utilidade às linhas de caminho de ferro desativadas; por aqui deixaram-nas ao abandono.
Espanha é dado no livro como um bom exemplo em que as grandes cidades estão ligadas por comboios de alta velocidade.

Bom dia para os dois.

Maria disse...

Apesar de tudo, alguma coisa se tem feito a nível das autarquias.
Vi há tempos uma reportagem de uma rota de 17 km, que atravessa pontes e túneis, entre Barca d'Alva e uma localidade espanhola. É um percurso lindissimo pela linha férrea.
Tb hei-de comprar esse livrinho.
Quinta feliz!

MR disse...

Sim, e reativaram a linha do Douro e descobriram que é rentável. Claro, o percurso é feito à beira do Douro...
Repuseram a Linha do Vouga, mas esta parece que só funciona de junho a outubro. Também tem paisagens maravilhosas sobre o Vouga. Fi-la algumas vezes, mas era desesperante o tempo que demorava a percorrer uns quantos quilómetros.
Bom dia! (A chuva não pára de cair.)