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terça-feira, 4 de agosto de 2015

Leituras no Metro - 219

Lisboa: Matéria Prima, 2015

Augusto Santos Silva foi 'despedido' por email e o programa acabou no final de julho. Mas antes disso, a edição do livro já estava na calha. Vi o programa poucas vezes, e acho que Augusto Santos Silva, apesar do seu tom, por vezes, caceteiro, pensa bem. 
Não estava no meu horizonte ler este livro, mas alguém que me é próximo quis lê-lo. Ainda bem porque valeu a pena. 
A revisão do livro (se é que a teve) é péssima.

«Ninguém está aqui a denegrir os portugueses; de resto, durante o Estado Novo a doutrina oficial era precisamente a contrária. Talvez que a tendência que refere surja hoje em dia como reação a essa doutrina.
Por acaso, penso exatamente o oposto: que a tendência para apontar as realizações dos portugueses vem em linha mais ou menos direta da imagem salazarista de um povo que precisava de chefes transcendentes, porque sem eles era pobre criança sem propósito nem rumo.

Essa mania é geral, habita a sociedade, ou é de alguns articulistas em particular?
Caracteriza mais tipicamente uma parte da opinião publicada, que aliás faz desse chicotear constante dos portugueses a sua razão de ser e as bases da sua notoriedade. A atitude vem, aliás, de mais longe, porque se inscreve numa tendência há muito influente na inteligência nacional, de que a Geração de 1870 foi uma realização maior. É a tendência para fazer sustentar o poder cultural na crítica impiedosa e no apoucamento sarcástico das instituições sociais e políticas. Mas nem toda a gente tem, hoje, a graça de um Eça de Queirós ou de um ramalho Ortigão. E à medida que se perde a verve, aumenta o cabotinismo...» (p. 19)

2 comentários:

ana disse...

Às vezes há surpresas assim.
Tinha lido que foi despedido por email, acho uma falta de humanidade e de dignidade.
Boa tarde. :))

MR disse...

Falta de chá. :)
Boa tarde!