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segunda-feira, 5 de outubro de 2020

Leituras no Metro - 1066

 

Paris: Denoël, 1997

Há muitos anos que queria ler uma biografia de Léo Lagrange. Escolhi esta de Pierre Mauroy, antigo primeiro-ministro e maire de Lille, que conheceu Léo Lagrange em miúdo e criou a Federação Léo Lagrange em 1951.
Lagrange alistou-se aos 17 anos para combater na Grande Guerra (1918) e morreu na frente de batalha em 1940. 
Advogado, defendeu, quando ninguém o queria fazer, muitos antigos combatentes estropiados para que o Estado lhes atribuísse as pensões devidas.
Em 1936 foi nomeado subsecretário de Estado com a pasta dos Desportos e Ocupação dos Tempos Livres no governo da Frente Popular, liderado por Léon Blum. Foi a primeira vez que uma tal pasta foi criada. Foi este governo que criou o regime de férias pagas (14 dias). Para que os trabalhadores pudessem usufruir com dignidade desse tempo livre, Léo Lagrange incrementou o desenvolvimento de atividades desportivas, turísticas e culturais. Criou um bilhete de comboio em que os trabalhadores e suas famílias pagavam apenas 40% da tarifa normal e impulsionou o desenvolvimento de parques de campismo e de pousadas de juventude. 
Os primeiros bibliobus foram fruto da política de Léo Lagrange, assim como teatro e cinema na província, a preços módicos.
O governo da Frente Popular foi o primeiro governo a ter uma política para a Cultura e o primeiro a legislar a semana das 40 horas de trabalho.
Grande amigo de Clara e André Malraux, Léo Lagrange concebeu o «museu imaginário» que viria a ser transformado em livro por Malraux. Madeleine Lagrange afirmou que se Malraux não tivesse ido combater na Guerra de Espanha eles teriam posto o museu de pé.
Do seu amigo, disse Malraux: «Il est mort dans le courage, dans la recherche de la vérité et dans la dignité. C'était un homme que nous aimions», conteúdo semelhante ao da carta que De Gaulle enviou a Madeleine Lagrange.  De Gaulle e Lagrange tinham posições próximas em relação à guerra.

Partida de um comboio com trabalhadores e famílias para férias na praia no Verão de 1936. A maioria ia ver o mar pela primeira vez.
No Natal do mesmo ano muitos trabalhadores e jovens foram às montanhas pela primeira vez e fizeram ski.


Talvez venha a ler as memórias de Madeleine Lagrange, juíza e advogada, mulher de Léo Lagrange, que o apoiou muito na sua atividade política. Se o fizer, darei notícias. 📚

2 comentários:

Miss Tolstoi disse...

Conheço Léo Lagrange porque a Federaçáo com o seu nome (e que eu não sabia ter sido fundada por Pierre Mauroy) tem um papel relevante na formação nas áreas da animação e da reinserção social. Acho que vou encomendar este livro.
Boa semana!

MR disse...

Gostei bastante de ler esta biografia porque eu sabia pouco sobre este homem. Só o conhecia pela FnLL e por algumas referências que vêm nas biografias que tenho lido sobre Léon Blum.
Boa semana!