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quarta-feira, 9 de fevereiro de 2022

Leituras no Metro - 1096

Lisboa: Fundação Francisco Manuel dos Santos, 2020

Muito interessante este livrinho com retratos da velhice em Portugal. 
De acordo com um estudo de Ana Paula Gil, de 2014, «12,3% da população com mais de 60 anos foi vítima, pelo menos, [de]  uma conduta de violência nos últimos 12 meses. A violência física e a violência psicológica foram as mais reportadas, afetando respetivamente 87,8% e 69% das pessoas. Quase metade das vítimas (47,5%) admitiu também ser alvo de situações de violência financeira (está impedida de gerir a reforma, por exemplo9 e uma parte mais reduzida mencionou violência sexual 87,5%) e negligência (6,5%).» (p. 11)
Segundo previsões das Nações Unidas (de 2019), em 2050, 40% da população portuguesa terá mais de 60 anos.

4 comentários:

Margarida Elias disse...

E um tema importante para refletir. Bom dia!

hmj disse...

Para MR:
É com uma revolta imensa que vejo TODO O CUIDADO para com os animaizinho e um completo vazio de atenção, cuidado, responsabilidade social e moral para com as pessoas de idade, a viver em condições precárias, em casas degradadas, completamente abadonadas à sua sorte.
Sem falar de "idiotas" a trabalhar na assistência à terceira idade, sem VACINA ! OS familiares não podem visitar as pessoas a viver em lares e o pessoal lá dentro circula sem vacina de protecção ? Há determinados "preconceitos" de democracia que não posso aceitar, porque a democrcia tem direito e deveres, morais e éticos !
A tolerância sem sentido leva apenas a novas formas de violação da DEMOCRACIA como a propagação sem restrições dos movimentos negacionistas e "idiotas" tem vindo a mostrar por todo o lado.

bea disse...

Numa sociedade que apregoa a juventude e quer por força continuar a ser jovem, a velhice cai mal. Mas é certa. Tão certa como a morte, se acaso vivemos mais. E a medicina tem ajudado a aumentar a longevidade. Acresce essa progressão no número de velhos, quase metade do país vai estar nessa faixa etária. E o maior erro é tirarem-lhes a independência, não os deixarem mexer nas economias que são suas e sabe Deus quanto lhes custaram a juntar. Ficam de mãos atadas, ao sabor da vontade alheia, ainda que seja a dos filhos. Não mais podem oferecer o que desejam a quem bem entendem; perdem todo o poder de compra e de satisfação dos seus gostos e interesses, amachucam-lhes o amor próprio. Antes, em geral, já perderam a casa, o espaço de pertença e que tanta falta lhes faz. A percentagem de abusos é quase assustadora (parece-me que a percentagem de vítimas de abuso sexual não está conforme). Mas os velhos são pessoas, gente que deu o seu contributo e muito sofreu - sobretudo os de menor rendimento, que se sujeitaram a rescaldos da guerra, viveram em ditadura e sem condições de toda a ordem. E a paga é este despi-los do que conquistaram, esta falta de respeito por quem deu à sociedade o seu contributo. Mas têm corpo e necessidades, alma que ainda deseja, pensamento que não os abandona e lhes faz mais triste a vida. Quantas vezes são tratados abaixo da condição, avaliados como bonecos inúteis, trastes que já não servem.
Mal vai a sociedade que não trata dignamente nem acarinha quem a serviu.

MR disse...

HMJ,
Realmente não sei o que as pessoas têm dentro da cabeça para continuarem a não se vacinar. Há uns tempos contaram-me (fonte fidedigna) de um tipo que não conheço, que é músico numa orquestra e que não se vacinou porque não quer que lhe ponham um chip dentro do corpo. Este homem devia ter cabeça para pensar... Põe em risco todos os outros membros da orquestra que estão vacinados.
Também vi na tv que havia casos destes em funcionários de lares, membros de forças armadas e segurança, médicos e enfermeiros... Embora residuais, podem deitar tudo a perder.
O único contacto que muitos destes velhos, com pouca capacidade de mobilidade e que vivem numa extrema solidão, têm é com o médico que os visita e os funcionários da Junta ou da Misericórdia que lhes levam comida e lhes dão apoio.
O livro parece-me centrado (e bem) nestes casos de pessoas que vivem sozinhas, em lares e com reformas baixas. Porque, como é referido no início do livro, grande parte dos dois milhões maiores de 65 anos vivem tranquilamente a sua vida.

Bom dia para todas.