Ninguém, medianamente informado(a) em assuntos relacionados com as delícias gastronómicas do Outono / Inverno, ignora o renovado entusiasmo que, pelo S. Martinho, os tradicionais magustos, com ou sem jeropiga, despertam, entre as crianças, os jovens e os adultos.
Particularmente saborosas são algumas das variedades de castanhas, cultivadas (e colhidas) em soutos de origens tão diversas como, entre outras regiões (com especial relevo, ao Norte do Tejo), os concelhos de Valpaços (Trás-os-Montes) e do Fundão (Beira Interior).
Conhecida por "Judia", esta castanha de reconhecida qualidade é, de facto, uma das variedades mais apreciadas pelos consumidores Portugueses, que se interessam pela valorização das principais características (inclusive, do ponto de vista comercial) da "produção nacional".
Estudando a temática, um conceituado Engenheiro Silvicultor, Columbano TAVEIRA FERNANDES (um dos meus "Autores de referência", até por outras razões de peso, que não cabem aqui) referiu-se à variedade "JUDIA" no seu precioso trabalho "A CASTANHA: Sua Importância Económica e Valor Alimentar" [Separata das Publicações da Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas (Vol. XXI, Tomo II), 1954, p. 41]:
"Um fruto semelhante no tamanho e aspecto ao 'marron' francês, mas diferindo um pouco nos restantes elementos de caracterização. É o único de todos quantos possuímos que fornece a qualidade 'Extra', pois é possível perfazer um quilograma com menos de 40 castanhas. Tem a forma arredondada e o seu valor como produto de exportação deve-se sobretudo ao seu tamanho e aspecto; este bastante apreciado pela cor avermelhado vivo do seu pericarpo.
Conserva-se regularmente e o seu endocarpo destaca-se facilmente da amêndoa. Porém, o seu tegumento penetra nela profundamente. Este carácter e o facto de apresentar frequentemente mais do que uma amêndoa contribuem bastante para limitar a sua aplicação na indústria da confeitaria. É relativamente doce e saboroso.
A forma cultural que produz este tipo de castanha é bastante regular nas suas produções e muito produtiva, tendo cada ouriço três a seis frutos (normalmente, três bem constituídos). Maturação durante o mês de Outubro."
Não se trata, porém, de uma visão "nacionalista" em defesa da firme salvaguarda (inclusive, de ordem sanitária) do castanheiro em Portugal! Trata-se, sim, de reconhecer a importância dos nossos recursos agro-florestais e alimentares, sem, contudo, subestimar dimensão, justificadíssima, de outros territórios Europeus igualmente produtores, como a Córsega, uma Ilha tão peculiar, que exporta a farinha e o próprio licor de castanha...
4 comentários:
Bem bonito, numa localidade que não conheço.
Bom magusto!🌰
Considerada a capital da castanha transmontana.
Tenho umas castanhas para logo. Vão ser cozidas. 🌰🌰🌰
Bom dia!
Ninguém, medianamente informado(a) em assuntos relacionados com as delícias gastronómicas do Outono / Inverno, ignora o renovado entusiasmo que, pelo S. Martinho, os tradicionais magustos, com ou sem jeropiga, despertam, entre as crianças, os jovens e os adultos.
Particularmente saborosas são algumas das variedades de castanhas, cultivadas (e colhidas) em soutos de origens tão diversas como, entre outras regiões (com especial relevo, ao Norte do Tejo), os concelhos de Valpaços (Trás-os-Montes) e do Fundão (Beira Interior).
Conhecida por "Judia", esta castanha de reconhecida qualidade é, de facto, uma das variedades mais apreciadas pelos consumidores Portugueses, que se interessam pela valorização das principais características (inclusive, do ponto de vista comercial) da "produção nacional".
Estudando a temática, um conceituado Engenheiro Silvicultor, Columbano TAVEIRA FERNANDES (um dos meus "Autores de referência", até por outras razões de peso, que não cabem aqui) referiu-se à variedade "JUDIA" no seu precioso trabalho "A CASTANHA: Sua Importância Económica e Valor Alimentar" [Separata das Publicações da Direcção-Geral dos Serviços Florestais e Aquícolas (Vol. XXI, Tomo II), 1954, p. 41]:
"Um fruto semelhante no tamanho e aspecto ao 'marron' francês, mas diferindo um pouco nos restantes elementos de caracterização. É o único de todos quantos possuímos que fornece a qualidade 'Extra', pois é possível perfazer um quilograma com menos de 40 castanhas. Tem a forma arredondada e o seu valor como produto de exportação deve-se sobretudo ao seu tamanho e aspecto; este bastante apreciado pela cor avermelhado vivo do seu pericarpo.
Conserva-se regularmente e o seu endocarpo destaca-se facilmente da amêndoa. Porém, o seu tegumento penetra nela profundamente. Este carácter e o facto de apresentar frequentemente mais do que uma amêndoa contribuem bastante para limitar a sua aplicação na indústria da confeitaria. É relativamente doce e saboroso.
A forma cultural que produz este tipo de castanha é bastante regular nas suas produções e muito produtiva, tendo cada ouriço três a seis frutos (normalmente, três bem constituídos). Maturação durante o mês de Outubro."
Não se trata, porém, de uma visão "nacionalista" em defesa da firme salvaguarda (inclusive, de ordem sanitária) do castanheiro em Portugal! Trata-se, sim, de reconhecer a importância dos nossos recursos agro-florestais e alimentares, sem, contudo, subestimar dimensão, justificadíssima, de outros territórios Europeus igualmente produtores, como a Córsega, uma Ilha tão peculiar, que exporta a farinha e o próprio licor de castanha...
Um Bom "S. Martinho" para todo(a)s!
Obrigada pela achega. Bom dia!
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