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sexta-feira, 14 de novembro de 2025

Leituras no Metro - 2974

Lisboa: Tinta da China, 2023.

É deste modo que Rubem Braga termina a primeira crónica, provavelmente de 1935, recolhida nesta antologia: 
«Amanhã eu posso voltar bonzinho, manso, jeitoso; posso falar bem de todo o mundo, até do governo, até da polícia. Saibam desde já que eu farei isto porque sou cretino por profissão; mas que com todas as forças da alma eu desejo que vocês todos morram de erisipela ou de peste bubônica.
«Até amanhã. Passem mal.» (p. 13)
Lembrei-me de João Paulo Cotrim que se despedia sempre com um «Portem-se mal!». Mas esta interjeição é bem mais simpática e afetuosa que a de Rubem Braga. 😉

E a despedida da segunda crónica, escrita no «Rio de Janeiro, 1935»: 
«O que é necessário é que chegou o outono. Chegou ás 13:48 horas, na Rua Marquês de Abrantes, e continua em vigor. Em vista do que, ponhamo-nos melancólicos.» (p. 16)

E para terminar, por hoje, o final de outra, de março de 1944:
«E dizer que outro dia eu li um artigo de um cavalheiro, no jornal, dizendo que o nosso povo precisa se fortalecer fazendo ginástica! Ah, ginástica, ginástica! Ginástica para viver, ridícula e patética ginástica que tanta gente faz todo dia simplesmente para isso: para continuar. Ah, ginástica! Isso cansa, meu caro senhor, isso cansa.» (p. 24)

Por hoje, ficamos por aqui, mas Rubem Braga (1913-1990) vai voltar.

4 comentários:

Maria disse...

Nunca li Rubem Braga, mas gostei do que li aqui.
Porte-se mal😉

MR disse...

Só escreveu crónicas, género em que é exímio.
Bom dia!

Maria disse...

E eu cada vez gosto mais de livros de crónicas, ao contrário da maioria, que os acha literatura menor.
Boas leituras! 📚

MR disse...

Muita gente não gosta de crónicas. Provavelmente não tiveram sorte com os 'cronistas' que leram.
Bom dia!