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Charles-Edouard Jeanneret-Gris, mais conhecido pelo pseudónimo de Le Corbusier, nasceu em La Chaux-de-Fonds, a 6, de Outubro, de 1887 e morreu em Roquebrune-Cap-Martin a 27, de Agosto, de 1965, foi arquictecto, urbanista e pintor francês de origem suíça ligado ao Funcionalismo Modernista.
Em 1911, Le Corbusier decidiu viajar até Constantinopla com o seu amigo Auguste Klipstein. Com muito pouco dinheiro, os dois percorreram, de Maio a Outubro, a Boémia, a Sérvia, a Roménia, a Bulgária e a Turquia. Durante essa viagem ele tomou notas num caderno registando as suas impressões e realizou uma série de desenhos que o ensinaram a olhar e a ver.
O DANÚBIO
“ …Belgrado jazia numa curva, porta mágica do Oriente. Vinham a seguir os ecos trágicos do desfiladeiro de Kasan, sangrando de combates seculares. As “Portas de Ferro” eram as legiões romanas em quadra onde se ergueram as “águias” de Trajano. Eu podia vê-la, essa Via sagrada, desmaiar no ouro dos trigais romenos, onde o céu se aniquila na luz e onde o ruído se calou para sempre. E, mais abaixo, a doacção inteira dessas águas ao Oriente. (…) É uma solidão inacreditável. Durante horas nada se vê à direita e à esquerda, a não ser um horizonte de árvores pequenas na distância e azuis sob a luz. O rio as alcança e as afoga. Fiordes parecem abrir-se, pondo o céu nessa pequena faixa de terra. (…) Como diferenciar esse céu do rio que o absorve? (…) Parece que estou em algum rio do Amazonas, tão longínquas são as margens e inexplorável suas matas. (…)
O DANÚBIO
“ …Belgrado jazia numa curva, porta mágica do Oriente. Vinham a seguir os ecos trágicos do desfiladeiro de Kasan, sangrando de combates seculares. As “Portas de Ferro” eram as legiões romanas em quadra onde se ergueram as “águias” de Trajano. Eu podia vê-la, essa Via sagrada, desmaiar no ouro dos trigais romenos, onde o céu se aniquila na luz e onde o ruído se calou para sempre. E, mais abaixo, a doacção inteira dessas águas ao Oriente. (…) É uma solidão inacreditável. Durante horas nada se vê à direita e à esquerda, a não ser um horizonte de árvores pequenas na distância e azuis sob a luz. O rio as alcança e as afoga. Fiordes parecem abrir-se, pondo o céu nessa pequena faixa de terra. (…) Como diferenciar esse céu do rio que o absorve? (…) Parece que estou em algum rio do Amazonas, tão longínquas são as margens e inexplorável suas matas. (…)
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Le Corbusier, A Viagem do Oriente, São Paulo: Cosac Naify, 2007, (Apoio do Ministério da Cultura Francês - Centro Nacional do Livro, traduzido por Paulo Neves), p. 37- 54.
2 comentários:
Infelizmente não conheço estes locais de que fala Le Corbusier.
Segundo li algures, Le Corbusier, como é natural, nas suas viagens, foi aproveitando, para a sua arquitectura, o que considerava essencial e intemporal, tendo dado especial destaque à Acrópole de Atenas. É disto que trata esse livro?
É um relato que nos enleva e que culmina com a chegada à Acrópole.
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