Lírio, Tulipa e Arruda

maiacarvalho.blogs.sapo.pt/arquivo/Lirio.jpg


olhares.aeiou.pt
«[…] na Primavera, as fêmeas são alternadamente mais compridas ou mais curtas do que os machos. No Lírio, na Tulipa, etc., a esposa, muito alongada, faz o que pode para recolher e fixar o pólen. Mas o sistema mais original e mais fantasista é o da Arruda (Ruta graveolens), erva medicinal, bastante mal cheirosa, […]. Os estames, tranquilos e dóceis na corola amarela, esperam, dispostos em círculo, à roda do grosso pistilo. Na hora conjugal, obedecendo à ordem da mulher, que, aparentemente, faz uma espécie de apelo nominal, um dos machos aproxima-se e toca no estigma; depois, vem o terceiro, o quinto, o sétimo, o nono macho, até ao último que pertença à série ímpar. Em seguida, na série par, é a vez do segundo, do quarto, do sexto, etc. É deveras o amor à disciplina. Aquela flor, que sabe contar, parecia-me tão extraordinária, que eu, primeiro, não acreditei nos botânicos, e desejei verificar mais de uma vez o apego dela aos números antes de ousar confirmá-lo. Verifiquei que ela rarissimamente se engana.»
Maurice Maeterlinck
In: A inteligência das flôres. Lisboa: Clássica Ed., 1918, p. 37

maiacarvalho.blogs.sapo.pt/arquivo/Lirio.jpg


olhares.aeiou.pt
«[…] na Primavera, as fêmeas são alternadamente mais compridas ou mais curtas do que os machos. No Lírio, na Tulipa, etc., a esposa, muito alongada, faz o que pode para recolher e fixar o pólen. Mas o sistema mais original e mais fantasista é o da Arruda (Ruta graveolens), erva medicinal, bastante mal cheirosa, […]. Os estames, tranquilos e dóceis na corola amarela, esperam, dispostos em círculo, à roda do grosso pistilo. Na hora conjugal, obedecendo à ordem da mulher, que, aparentemente, faz uma espécie de apelo nominal, um dos machos aproxima-se e toca no estigma; depois, vem o terceiro, o quinto, o sétimo, o nono macho, até ao último que pertença à série ímpar. Em seguida, na série par, é a vez do segundo, do quarto, do sexto, etc. É deveras o amor à disciplina. Aquela flor, que sabe contar, parecia-me tão extraordinária, que eu, primeiro, não acreditei nos botânicos, e desejei verificar mais de uma vez o apego dela aos números antes de ousar confirmá-lo. Verifiquei que ela rarissimamente se engana.»
Maurice Maeterlinck
In: A inteligência das flôres. Lisboa: Clássica Ed., 1918, p. 37
4 comentários:
Ai a promiscuidade da arruda!
O amor das flores...
A.R.
Oh-la-la!
Estou a ver que devia ter lido este livro, em vez da chatice do manual de Botânica da Seomara da Costa Primo...
Há mais...
Enviar um comentário