Prosimetron

Prosimetron

quinta-feira, 12 de julho de 2012

Que horas eram?

Fotografia do roteiro Veneza Tesouro e Arte


Que horas eram? Pessoa não sabia. 
Seria noite? O dia já se tinha levantado? A enfermeira veio e deu-lhe uma injecção. Pessoa já não sentia dor do lado direito. Estava agora numa paz estranha, como se um nevoeiro tivesse descido sobre ele.
Os outros, pensou, agora viriam os outros. É claro que queria despedir-se de todos antes de partir. Mas havia um encontro que o angustiava, era o encontro com o Mestre Caeiro. Porque Caeiro vinha do Ribatejo e tinha uma saúde tão frágil, Como viria ele a Lisboa, talvez de caleche? É verdade que Caeiro já tinha morrido, mas estava ainda vivo, viveria eternamente naquela casinha branca de cal do Ribatejo de onde olhava com um olhar implacável a passagem das estações, a chuva invernal e a canícula do verão.

Antonio Tabucchi, Os Últimos Três Dias de Fernando Pessoa, Lisboa: Quetzal, 1995, p.29.

Obrigada Cláudia! 

5 comentários:

Cláudia Ribeiro disse...

O livro é muito curioso. A maneira como Tabucchi ficcionou e narra os três últimos dias de vida de Fernando Pessoa, em que este é visitado pelos seus heterónimos.
O próximo é para mim...
Boas leituras! Beijinhos.:))

ana disse...

Cláudia,
Muito obrigada por mo ter arranjado. Fez-me feliz. Ou seja começou a terapia sem ter que recorrer ao Bairro. :)
Beijinhos! :))

Miss Tolstoi disse...

Gostei deste livro de Tabucchi.

João Menéres disse...

Por falta de tempo, ainda não o li...mas fiquei deveras interessado.

Um beijo agradecido, ANA.

ana disse...

Miss Tolstoi,
Gostei bastante.
Boa noite!

João,
Vai gostar.
Beijinho. :)