Prosimetron

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domingo, 25 de agosto de 2013

A nossa vinheta

Uma homenagem a um grande poeta da América Latina, que nasceu no fim do século XIX.

O Apaixonado

Luas, marfins, instrumentos e rosas,
Traços de Dúrer, lampiões austeros,
Nove algarismos e o cambiante zero,
Devo fingir que existem essas coisas.
Fingir que no passado aconteceram
Persépolis e Roma e que uma areia
Subtil mediu a sorte dessa ameia
Que os séculos de ferro desfizeram.
Devo fingir as armas e a pira
Da epopeia e os pesados mares
Que corroem da terra os vãos pilares.
Devo fingir que há outros. É mentira.
Só tu existes. Minha desventura,
Minha ventura, inesgotável, pura.

Jorge Luis Borges, in "História da Noite"
Tradução de Fernando Pinto do Amaral

(do Citador)

3 comentários:

Aguiavoadora disse...

Eu descobri este poeta há dois anos atrás, quando uma colega mandou-me uma de suas poesias, no dia do amigo.

Margarida Elias disse...

Que maravilha.

LUIS BARATA disse...

Um dos meus prosadores preferidos, e tb gosto bastante da sua produção poética. E corria-lhe nas veias sangue português, pelo apelido Borges que infelizmente não conseguiu localizar a origem quando visitou Portugal.