Prosimetron

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segunda-feira, 9 de junho de 2014

Sobre pés

Tende o pé pequenino,
Do tamanho de um vintém:
Podia calçar de prata 
Quem tão pequenino pé tem.

***

As flores, por onde passa,
Se os pés lhe acerta de pôr,
Ficam de inveja sem cor
E de vergonha com graça.
Qualquer pegada que faça
Faz florescer a verdura,
Vai formosa e não segura.

Rodrigues Lobo

***


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A BORRALHEIRA

Meigos pés pequeninos, delicados
Como um duplo lilás, - se os beija-flores
Vos descobrissem entre as outras flores,
Que seria de vós, pés adorados!

Como dois gémeos silfos animados,
Vi-vos ontem pairar entre os fulgores
Do baile, ariscos, brancos, tentadores...
Mas ai de mim! - como os mais pés calçados

«Calçados como os mais! que desacato!
Disse eu. - Vou já talhar-lhes um sapato
Leve, ideal, fantástico, secreto...»

Ei-lo. Resta saber, anjo faceiro,
Se acertou na medida o sapateiro:
Mimosos pés, calcai este soneto.

Luís Guimarães


Retirados de Alberto Pimentel - Manhãs de Cascaes. Lisboa: Ferin, 1893, p. 58, 63

2 comentários:

APS disse...

O Pimentel está a dar "pano para mangas"..:-)
Bom dia!

MR disse...

Pois está. :)
Bom dia!