Prosimetron

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quinta-feira, 13 de novembro de 2014

"...incompletude"

                                        Juan de Arellano, Coroa de Flores,  
Pássaros e  Borboletas, Museu do Louvre


Retrato do artista quando coisa 

A maior riqueza
do homem
é sua incompletude.
Nesse ponto
sou abastado.
Palavras que me aceitam
como sou
— eu não aceito.
Não aguento ser apenas
um sujeito que abre
portas, que puxa
válvulas, que olha o
relógio, que compra pão
às 6 da tarde, que vai
lá fora, que aponta lápis,
que vê a uva etc. etc.
Perdoai. Mas eu
preciso ser Outros.
Eu penso
renovar o homem
usando borboletas.

[Trecho]
Manoel de Barros “Manoel de Barros — Poesia Completa Bandeira”, editora Leya

3 comentários:

Isabel disse...

Gosto da primeira frase do poema " A maior riqueza do homem é a incompletude"

Bom fim-de-semana :)
Por aqui...muita chuvinha!

MR disse...

Gosto deste poema.

ana disse...

Isabel,
Também é o verso que gosto mais. :))
Hoje está sol e chuva por aqui.
Bom fim-de-semana!

MR,
Também gosto. Coloquei-o porque li que o poeta morreu, daí a coroa de flores.