Prosimetron

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sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Leituras no Metro - 198

Paço de Arcos: Expresso, 2014

De uma entrevista que Luis de Galinsoga fez ao general Franco, em 1951:
«- Meu general, [...] tendo em conta os importantes acontecimentos que tiveram lugar recentemente, como a colocação do Lunik na Lua [...]
«- Não se pode negar que os dois acontecimentos têm o mesmo fim propagandístico, que pode enganar e influenciar os espíritos menos avisados.  A chegada à Lua do foguete russo encerra evidentemente um elevado valor científico, embora no seu mérito seja necessário distinguir o que é realmente russo daquilo que não é [...]. As primícias nas técnicas dos foguetes na sua versão moderna são, indiscutivelmente, obra dos cientistas alemães*. Todo progresso posterior tem por base a experiência dos V alemães. [...] As descobertas e conquistas científicas são filhas do engenho e da inteligência do homem, cujo mérito está no Criador que os concede. Para isso  contribui, nos tempos modernos,  o trabalho de equipa e a organização da ciência, e neste aspeto o comunismo tem vindo precisamente a afogar, há mais de trinta anos, o florescimento das suas mentes com a perseguição sistemática aos intelectuais, recusando-lhes terminantemente a liberdade da inteligência. [...]
«- V. Ex.ª acredita que a Rússia tem tanto interesse na paz como o Ocidente?
«- Evidente, mas para o Ocidente, a paz assenta na liberdade dos seus povos e, para a Rússia, na opressão de doze nações

*«Franco refere-se ao programa e mísseis balísticos da Alemanha nazi. Hitler serviu-se desats bombas voadores V-1 e V-2 para atacar Londres e outras cidades.» (Nota da ed.)

Se não tivesse sido uma época trágica para a Espanha (e para Portugal), estas declarações de Franco até dariam vontade de rir. Na verdade, a Espanha (e Portugal) não faziam parte daquilo que se entendia por Ocidente, Nem sequer da Europa.

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