Prosimetron

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sexta-feira, 17 de julho de 2015

Para viajar no sofá - 3

Trad. de Carlos Vaz Marques.
Lisboa: Tinta da China, 2015

Enric González foi correspondente de El Pais, em Londres. Da sua vida nessa cidade escreveu Histórias de Londres.

«Numa das primeiras noites, ao voltar a casa, ouvi uma criança a chorar. Chovia, tudo estava escuro e não se avistava vivalma nos mews. Guiado pelo choro, consegui dar com um carrinho e, no seu interior, com uma criatura de meses que gritava de forma alarmante. Apalpei o cobertor: estava seco. Olhei em volta e comprovei o óbvio: a pocos metros da minha porta, junto à fachada da casa em frente, havia um bebé abandonado à chuva. Não me atrevi a tocar-lhe. Corri para casa e expliquei a situação a Lola. Voltámos ao sítio onde estava o bebé, demos umas voltas pelas imediações e optáms por tocar à porta mais próxima. Abriu-a uma mulher de meia-idade.
- Good evening, ma'm. Acabámos de encontrar um bebé na rua e perguntamo-nos se...
- Que se passa com o menino? [...] O menino é meu. Chorar ao ar livre faz bem.» (p. 28)

«Os anos de Victoria e Albert foram os mais gloriosos de Londres, que nunca viveu nada comparável à Exposição Universal de 1851. A tecnologia mais avançada e os melhores artigos da indústria britânica conviviam, no portentoso Palácio de Cristal, em Hyde Park, com o mais exótico do império (um trono inteiramente talhado em marfim ou o enorme diamante Koh-i-Noor, encerrado numa jaula como um pássaro de luz), as invenções mais peregrina (uma cama que acordava o seu ocupante catapultando-o para uma banheira de água fria) e luxos pouco comuns num recinto público, como uma fonte de onde jorrava água-de-colónia.» (p. 37)

O bar frequentado por Enric González ao sábado para ler o jornal e beber uma ale.

7 comentários:

ana disse...

Estas viagens faço-as muitas vezes e são deliciosas. Fica depois a vontade de ir aos locais.
Beijinho. :))

Miss Tolstoi disse...

Já li este e "Histórias de Roma". Espero a tradução de "Histórias de Nova Iorque", senão comprá-lo-ei em castelhano.
Deste livro retenho uma história passada num hospital, no tempo da Thatcher, em que a mulher do autor se queixava da comida. Quando ele protestou junto de uma enfermeira, ela respondeu-lhe qualquer coisa como: "Má?! A comida é péssima!" E falou-lhe do pouco dinheiro que havia no hospital, logo a direção do mesmo cortava preferencialmente na comida, em vez de nos medicamentos.

Isabel disse...

Tenho alguns livros desta colecção, mas não tenho este, que deve ser interessante!

Boas leituras...no sofá:)
Bom fim-de-semana:)

APS disse...

Mesmo assim o livro deve ser mais brando do que o do Magueijo..:-)
Boa tarde!

ana disse...

Não tenho este livro mas tenho "Era uma vez em Goa" para ler e li o "Murmúrio do Mundo".
O de Roma deve ser muito interessante tal como este.
Acho esta rubrica interessante e viajar no sofá lembrou-me brincadeiras em casa da avó onde com sofás e cadeiras construíamos um navio para viajar.
Em suma como referi acho delicioso viajar no sofá. :))
Boa tarde. :))

MR disse...

Já acabei este que tem partes divertidíssimas.
O do Magueijo está na minha intenção de leituras, assim como Histórias de Roma. :)

Bom sábado para todos.

Carlos Vaz Marques disse...

'Histórias de Nova Iorque', do mesmo autor, será publicado no início de Setembro.