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sexta-feira, 10 de fevereiro de 2017

Leituras no Metro - 269

Lisboa: Sextante, 2007

Não era para comprar este livro, mas entrei numa livraria, vi este livro e não resisti. Ruth Laskier morreu com 14 anos, em Auschwitz, com a mãe, o irmão e a avó. O único sobrevivente da família foi o pai.
O diário que Rutka escreveu, durante alguns meses em 1943, só foi revelado em 2006. Foi entregue a uma irmã de Rutka, já nascida depois da Guerra, que vive em Israel e que introduz este pequeno volume: «Os polacos apelidaram Rutka de "a Anne Frank polaca", a cidade de Bedzin glorifica a sua memória e eu observo o cenário do assassinato da minha família, da minha irmã, e sinto a dor da missão que aceitei de modo a satisfazer o seu desejo e fazê-lo com honra e amor» (Zahava Laskier Scherz). A vontade de Rutka era de que o seu diário fosse lido, segundo confidenciou a uma amiga que o retirou do esconderijo depois da guerra, o guardou e entregou à irmã, quando esta foi localizada, 60 anos mais tarde.

«Mal posso acreditar que estamos já em 1943, é o quarto ano deste inferno […]. Se pudesse dizer: acabou, só se morre uma vez… Mas não posso, porque apesar de todos os horrores, queremos viver, esperar por amanhã.» escreve Rutka Laskier no início do seu diário, em 19 de janeiro de 1943.


E quando comecei este post, lembrei-me de um passo de A invenção do dia claro, de Almada: «Entrei numa livraria. Pus-me a contar os livros que há para ler e os anos que terei de vida. Não chegam! Não duro nem para metade da livraria! Deve haver certamente outras maneiras de uma pessoa se salvar, senão… estou perdido.»

4 comentários:

M,Franco disse...

Na verdade Almada tem razão, nunca ninguém
consegue ler durante uma vida, todos os livros
que gostaria. Para mim, pessoalmente o que me
desgosta é nem sequer ser capaz de me lembrar
dos muitos que tenho lido desde sempre. Poucos
consigo recordar e é isso que lamento.
Bom fim de semana.

bea disse...

Prefiro dizer "deve haver outra maneira de salvar uma pessoa" ainda que não seja a mesma coisa.

MR disse...

Maria Franco, também me acontece. Então com policiais. Começo a lê-los e às vezes sõ a meio do livro: «eu já li isto». :)

Bom domingo para as duas.

ana disse...

A citação do Almada faz-me sempre sorrir.
Vou procurar este livro, interessa-me.

Boa noite!:))